Feira das Trilhas da Seduc

Feira das Trilhas da Seduc

 

Feira das Trilhas: Seduc tenta vender o Novo Ensino Médio com evento “instagramável”


Entre os dias 29 de agosto e 9 de setembro de 2022, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) promoveu a “Feira das Trilhas”, evento cujo objetivo era apresentar à comunidade escolar as opções dentro de cada Itinerário Formativo do novo Ensino Médio.

Além da sobrecarga imposta às direções das escolas, que tiveram que organizar todo o evento nas instituições, a proposta vende uma falácia que sequer foi discutida no chão das escolas antes de sua implantação. 

Os itinerários formativos, que o CPERS vem denunciando desde o surgimento da proposta, são uma verdadeira bagunça e sequer se aproximam de contemplar os reais interesses dos alunos(as) das escolas públicas do estado.

 

O “Frankenstein” de disciplinas já imposto às escolas, parece mais um curso para jovens empreendedores. O resultado de tal imposição será o empobrecimento pedagógico, a precariedade curricular, a desqualificação profissional e o privatismo educacional.

Para o presidente em exercício do CPERS, Alex Saratt, além dos prejuízos pedagógicos, a reforma do Novo Ensino Médio promoverá a manutenção ou extinção de postos de trabalho dos educadores(as). 

“A reforma do Ensino Médio não só traz prejuízos pedagógicos para os estudantes, como tem uma visão reducionista, que  reforça a visão dualista de escola, teremos uma escola de qualidade para os ricos e uma escola precária para os filhos da classe trabalhadora. Mas ela também abre espaço para a substituição da mão de obra humana por plataformas digitais, ao introduzir disciplinas que não são do currículo tradicional e não exigem formação específica. A transformação da carga horária completamente online, sem a necessidade do professor, significará eliminação dos postos de trabalho e desemprego”. 

Outra questão destacada pelo presidente é quanto ao notório saber: “A legislação do novo Ensino Médio permite que pessoas não especializadas e não profissionalizadas na educação possam ocupar vagas que são de profissionais com formação”.

Como se não bastasse todo o absurdo da proposta em si, dentre as orientações da Seduc para a realização da Feira, entre rodas de conversa e até podcast, os gestores(as) das escolas são orientados a oferecerem “espaços instagramáveis” para que os alunos(as) publiquem nas suas redes os conceitos do novo Ensino Médio Gaúcho. 

O evento seria para pensar o futuro dos jovens ou promover as ações do governo? Deixamos aqui  o questionamento! 

 

Novo Ensino Médio para quem? 

O novo Ensino Médio, imposto aos atropelos pelo governo Temer, e adotado pelos liberais aqui do Rio Grande do Sul como a salvação para os problemas das escolas públicas, escancara as intenções privatistas da atual gestão – um governo totalmente descolado do chão da escola e cujas políticas educacionais são gestadas por agentes privados que tentam revestir de legitimidade uma redação repleta de falhas do início ao fim.

Patrocinado por instituições privadas de ensino, fundações educacionais, gigantes do ramo dos livros didáticos, movimentos conservadores e think tanks internacionais, a proposta esconde um movimento articulado para abocanhar parte significativa do orçamento público.

Prova disto, no dia 28 de junho, a Seduc realizou um seminário de formação sobre o tema, onde a maioria dos palestrantes provinham de instituições privadas. Fundação Lemann, Sistema S e Banco Itaú foram apenas algumas delas e todas estão por trás da implantação da reforma.

Qual a real intenção dessas instituições no ensino médio e por que a Seduc permite? A resposta é simples: a educação básica do estado é vista por estes entes não apenas como fonte de lucro, mas também como nicho de mercado.

Enquanto as escolas e os educadores(as) estaduais gaúchos sangram com o descaso, o atual governo e a secretária da Educação, Raquel Teixeira, querem entregar a gestão das escolas – e o dinheiro dos gaúchos(as) – para os grandes empresários.

Não há remendo que possa consertar uma proposta viciada em suas origens! O CPERS, através da Comissão de Educação, defende a revogação do novo Ensino Médio e a construção de uma nova proposta com ampla discussão do tema com a sociedade através da instalação de Conferências Municipais, Estaduais e Federais para a construção de uma proposta educacional nacional.

É urgente envolver toda a comunidade escolar, incluindo pais e alunos(as), na defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, com gestão democrática e comprometida com a formação integral do cidadão. 

>> Confira alguns textos e posts da campanha do CPERS e da CNTE pela revogação do Novo Ensino Médio:

– Novo currículo do Ensino Médio gaúcho é retrocesso civilizatório
– Entidades assinam carta pela revogação da Reforma do Ensino Médio
– “Crie o Impossível” é mais uma cartada do governo para a privatização da educação
– “Eu me sinto abandonado”: sobrecarga é realidade cruel de quem trabalha nas escolas estaduais
– Nova edição da revista Retratos da Escola debate o que esperar do Novo Ensino Médio
– CARTA DE NATAL: Conape da esperança delibera luta pela democracia e defesa da educação pública e popular
– Para pesquisador e professor da UFABC, reforma do Ensino Médio é abismo que aprofunda a desigualdade
– Novo Ensino Médio é a forma mais perversa de reformas, diz pesquisador
– Uma bagunça! Esses são os itinerários formativos do Ensino Médio Gaúcho.
– NEM isso, NEM aquilo (por Alex Saratt)
– Crítica do professor e ex-deputado federal Carlos Abicalil à Base Nacional Comum Curricular e à Reforma do Ensino Médio

 

https://cpers.com.br/trilhas-de-aprofundamento-seduc-tenta-vender-mentiras-sobre-o-novo-ensino-medio-com-evento-instagramavel/ 




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