Filme - Elas querem votar

Filme - Elas querem votar

Filmes: AS SUFRAGISTAS; ANJOS REBELDES (IRON JAWED ANGELS) e MULHERES DIVINAS

– Elas querem votar!

A luta das mulheres pelo direito ao voto nem sempre foi unificada, pois as reivindicações tinham características diferenciadas em termos de classe socioeconômica e raça. Porém, vale destacar as mobilizações em torno desta bandeira que muitas propostas classificatórias definem como primeira onda do movimento feminista.

Embora não tenham sido as primeiras a conquistarem esse direito (o primeiro país democrático a reconhecer o direito ao sufrágio feminino foi a Nova Zelândia, no ano de 1893), as inglesas viram esse direito ser conquistado em 1918, sob a perspectiva da classe trabalhadora no filme “As Sufragistas”. Ao mesmo tempo que o filme retrata essa luta também nos coloca diante da realidade do trabalho feminino e o tratamento aviltante a que eram submetidas as mulheres no início do século passado ainda sob o impacto da Revolução Industrial. Depois de empreenderem uma luta baseada em petições e depoimentos junto ao Parlamento britânico e terem seus pedidos ignorados, as sufragistas sofreram violenta repressão e prisões (sob torturas) arbitrárias. Convictas de que as ações pacíficas deveriam dar lugar a atos mais concretos e violentos, se organizam para enfrentar o Estado excludente. Em meio a luta política temos uma imagem da submissão social a que eram condenadas sob o patriarcalismo legalizado e intolerante (não tinham direito a guarda de filhos, por exemplo), quando não, vítimas do preconceito e da discriminação por parte até mesmo de outras mulheres. O filme traz personagens e fatos, reais (como a corrida de cavalos no final) e fictícios, uma bela reconstituição de época e uma mensagem capaz de conscientizar o público feminino sobre a importância da participação política na sociedade.

Na sequência do movimento sufragista na Inglaterra (ao qual faz referência), vem a luta nos Estados Unidos, abordada no filme/minissérie “Anjos Rebeldes”, partindo de 1912 para se consolidar em 1920 através da 19ª emenda. O movimento em torno da Associação das Mulheres Sufragistas (dividida em facções) tinha um claro viés político-partidário, classista e racial (mulheres negras só poderiam participar no fundo das passeatas), porém, nem por isso deixou de sofrer repressões brutais, especialmente na prisão de suas lideranças não alinhadas com o governo democrata da época (Woodrow Wilson). Paralelo a Primeira Guerra, o movimento foi acusado de ser antipatriótico e teve suas passeatas invadidas por homens que agrediam as manifestantes com clara aquiescência da polícia. A ala mais radical estimulou boicotes às candidaturas democratas no processo eleitoral além das manifestações em frente à Casa Branca atraindo ainda mais a ira dos congressistas (“mulheres decentes não querem votar”). Em 1916, a divisão do movimento levou a criação do Partido Nacional das Mulheres. Até um jornal foi criado. A reeleição de Wilson abriu espaço para a repressão mais violenta na prisão (privações e greves de fome). Foi essa violação dos direitos humanos levada para além dos muros da prisão que influenciou a opinião pública fazendo o governo liberar as sufragistas tidas como prisioneiras políticas e encaminhar a 19ª emenda.

O que, de certa forma surpreende, foi a conquista do direito ao voto feminino somente em 1971 na Suíça, se prolongando até 1990, conforme nos mostra o filme “Divinas Mulheres”, o qual traz a realidade da luta com um certo alívio cômico de vez em quando. Os refrãos machistas permeiam o roteiro: o pai tem total responsabilidade sobre os filhos, é o chefe da família; mulher precisa da permissão do marido para trabalhar fora, pois poderá conhecer outros homens; a mulher deve ser responsável pelos afazeres domésticos e cuidar dos filhos (no caso da nossa protagonista até do sogro). As máximas religiosas (defendidas até mesmo pelas mulheres conservadoras) também: as mulheres devem permanecer caladas na sociedade, é o que diz a Bíblia; igualdade entre os sexos é um pecado contra a natureza. O atrevimento de um pequeno grupo feminino ao se rebelarem contra esses preceitos numa pequena comunidade poderia significar violência doméstica, perseguição aos filhos na escola e chacotas aos maridos no trabalho. Com o crescimento do movimento, até greve de mulheres ocorreu, levando à repressão por parte dos homens. O movimento maior nas grandes cidades influenciou as pequenas comunidades e em 1971 o direito foi alcançado parcialmente. Em 1981 o princípio da igualdade entre homens e mulheres entrou na Constituição. Simultaneamente à luta pelo voto ocorreu uma verdadeira revolução sexual nos hábitos, nos costumes e na cama. Orgasmo passou a ser a ordem do dia e, bem, era melhor conhecer a tigresa escondida no “interior” de uma mulher.

Sinopses:

- AS SUFRAGISTAS - No início do século XX, após décadas de manifestações pacíficas, as mulheres ainda não possuem o direito de voto no Reino Unido. Um grupo militante decide coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio, para chamar a atenção dos políticos locais à causa. Maud Watts (Carey Mulligan), sem formação política, descobre o movimento e passa a cooperar com as novas feministas. Ela enfrenta grande pressão da polícia e dos familiares para voltar ao lar e se sujeitar à opressão masculina, mas decide que o combate pela igualdade de direitos merece alguns sacrifícios. Direção: Sarah Gavron. 2015.

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- ANJOS REBELDES - Nos Estados Unidos do século XIX, duas mulheres arriscam suas vidas pelo direito de votar. Juntas desafiam as forças conservadoras de seu país para a aprovação de uma emenda constitucional que mudará seu futuro e o de muitas outras. O filme é baseado na história das sufragistas estadunidenses Alice Paul e Lucy Burns. O nome do filme (Iron Jawed Angels, ou, em tradução livre, "anjos de mandíbula de ferro") é devido ao fato das mulheres detidas serem alimentadas à força com um ferro na mandíbula e uma mangueira, quando faziam greve de fome. Direção: Katja von Garnier. 2004.

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- MULHERES DIVINAS - Suíça, 1971. A jovem dona de casa Nora (Marie Leuenberger) vive com seu marido e seus dois filhos numa pequena aldeia. Até então sua vida era tranquila e não tinha sido afetada com as grandes revoltas sociais e o movimento de 1968, mas, é aí que Nora começa a fazer campanha pelo direito de voto das mulheres. Direção: Petra Biondina Volpe.
2017.

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Conhece a Origem da data comemorativa de 8 de março?

Conheça a história de lutas por trás da origem de 8 de março, Dia Internacional da Mulher

Segundo dados divulgados pelo Núcleo de Estudos de Violência da USP, no primeiro semestre de 2020, foram registrados 1.890 assassinatos de mulheres decorrentes de violência doméstica ou motivados pela condição de gênero, revelando um aumento de 2% nos casos de feminicídio em relação ao ano anterior.

Diante desses números, falar sobre o Dia Internacional da Mulher é também uma forma de promover uma reflexão sobre os direitos e conquistas das mulheres e a necessidade de combate a essa violência que põe fim à vida de tantas mulheres no Brasil e no mundo.

Há controvérsias em torno da origem da data. Muitos afirmam que ela teria surgido por causa de um terrível incêndio ocorrido em uma fábrica têxtil de Nova York, em 25 de março de 1911. Ali, morreram 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, que encampavam uma greve reivindicando redução na jornada de trabalho e licença-maternidade. A tragédia causara uma imensa comoção, ao mesmo tempo em que serviu para fortalecer os sindicatos e aumentar as mobilizações em torno da luta por direitos trabalhistas. E muita gente atribui a origem do Dia Internacional da Mulher à trágica morte dessas trabalhadoras.

Esse triste evento, no entanto, não foi o único responsável pela promulgação dessa data. Desde o final do século XIX, movimentos organizados por operárias lutavam pelos direitos das mulheres. As estafantes jornadas de 15 horas diárias de trabalho, os salários irrisórios e o trabalho infantil, já mobilizavam mulheres em defesa de melhores condições de trabalho.

Em 1908, foi celebrado nos Estados Unidos, o primeiro dia Nacional da Mulher, data marcada pela mobilização de cerca de 1500 mulheres em luta pela igualdade econômica e política no país.

No ano de 1910, foi realizada na Dinamarca a II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas. A partir da sugestão de Clara Zetkin, ficou definida a criação de uma data anual para celebrar a luta pelos direitos da mulher e, assim, conseguir o suporte para encampar movimentos em torno do sufrágio universal em diversos países.

Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário juliano, adotado na Rússia naquela época), cerca de 90 mil operárias saíram às ruas para protestar contra o Czar Nicolau II, as péssimas condições de trabalho, a miséria e a fome, que marcavam a Rússia naquele momento. No protesto, o qual ficou conhecido como “Pão e Paz”, elas defendiam melhores condições de vida e se opunham à participação russa na 1ª Guerra Mundial.

No ano de 1945, a ONU assinou um acordo internacional reconhecendo princípios de igualdade entre homens e mulheres. A partir dos anos 60, o movimento feminista começou a se consolidar e, em 1975, o dia 8 de março foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher, sendo marcado por manifestações no mundo todo em defesa dos direitos da mulher e em reconhecimento ao que já havia sido conquistado ao longo de todos esses anos de luta.

Essas e muitas outras datas mostram que houve um longo percurso de lutas até se chegar à promulgação de uma data oficial para o Dia Internacional das Mulheres, luta que seguiu mesmo depois da instituição da data, já que a discriminação e a desigualdade de gênero ainda permanecem vivas em muitas instâncias e exige a permanente mobilização para que os direitos já conquistados sejam mantidos e se possa realmente alcançar a igualdade tão almejada.

Nessa data, sempre surgem polêmicas em torno do que ela representa, além de discussões sobre o caráter comercial que o dia vem ganhando, com a distribuição de flores, bombons e cartões homenageando as mulheres. Embora gestos sinceros de delicadeza sempre sejam bem-vindos, historicamente, o Dia Internacional da Mulher deve ser encarado como um momento de mobilização para a preservação dos direitos já conquistados e de combate a todas as formas de violência, infelizmente, ainda tão presentes na vida de tantas mulheres e responsável pela morte de tantas outras, muitas vezes, provocada por seus próprios companheiros. Desse modo, a melhor forma de homenagear as mulheres nesse dia e em todos os outros é reconhecendo a importância de suas lutas, ouvindo as suas vozes e relembrando as muitas mulheres que, ao longo da história, realizaram ações fundamentais para que muito do que temos hoje pudesse ser conquistado.

Adriana de Paula




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