Filmes: A sala dos professores...
Filmes: A SALA DOS PROFESSORES, OS REJEITADOS e MONSTER
– Tensões nas escolas.
Até que ponto é possível mensurar o tipo de relacionamento entre professores e seus alunos, colegas, direções da escola e pais quando uma guerra de versões se abate sobre incidentes envolvendo cada um destes segmentos? Hoje em dia, talvez, seja muito improvável. É o que se pode deduzir a partir do que acontece nesses três filmes. O conflito é inerente, constante e sob diferentes circunstâncias.
Em “A Sala dos Professores”, filme de produção alemã que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro, o conflito advém de um roubo ou roubos. Quer seja em 
sala de aula ou na sala dos professores. A trama gira em torno de investigações (junto a alunos(as), professores(as) e funcionários) e suposições capazes de levarem a conflitos e possíveis injustiças, as quais podem implicar em preconceitos e discriminações, principalmente quando suspeitos podem ser imigrantes ou a mãe, funcionária da escola cujo filho é um prodígio da matemática e se revolta com a situação. Acusar sem provas concretas e conclusivas pode gerar desavenças com graves consequências. Convicções e dúvidas provocam reflexões profundas e incertezas quanto ao certo e ao errado com relação a todos os envolvidos, sejam professores que se sentem incomodados com determinadas colocações, alunos que reproduzem dentro da sala de aula o senso comum da sociedade e a falta de ética, desafiando a professora (que por sua vez também se questiona quanto a própria ética e faz objeções às práticas da direção e colegas), e uma equipe diretiva que na obstinação por resolver os problemas se utiliza de métodos um tanto contestáveis, formam um caldeirão sob alta temperatura cujo resultado pode ser tenso...muito tenso.
“Os Rejeitados” (outro filme que concorreu ao Oscar) traz um professor sem nenhum carisma junto aos alunos (e colegas) e que revida com um sarcasmo que beira a satisfação quando esses mesmos vão mal em suas avaliações. Ame ou odeie, não importa mais. Quando tudo já se transformou em uma rotina incapaz de mobilizar qualquer ação que estimule a relação e o alcance de objetivos mais altruístas em termos de educação, o “piloto automático” é uma consequência natural. Eis que chega o Natal, férias escolares, ufa, um ano a menos. Porém, as circunstâncias obrigam o professor (que vive na própria escola), um aluno (cuja mãe não deseja em casa para não prejudicar sua relação com o padrasto/namorado) e uma funcionária da escola (que perdeu o filho na guerra) a conviveram e passarem o período juntos até a retomada do período letivo. Embora o recomendado fosse permanecer enclausurados na escola (internato), os três resolvem se aventurar na cidade. É aí que descobertas mútuas (frustrações profissionais e dramas familiares) vão se revelando até que a conscientização em torno de suas realidades e os questionamentos diante do papel que exercem naquele meio os levam a enxergar a vida sob outro prisma. Sabe de uma coisa....
Já “Monster” (que filme é eeesse??) revela a preocupação de uma mãe com o bem-estar do filho na escola, e ao perceber que algo não vai bem, culpa o professor. Imagina, o menino não chegou bem em casa...culpa do professor. Então ela vai na escola tirar satisfações. E a direção? Diz que vai tomar providências e que o problema será resolvido, sem, porém, buscar qualquer explicação, deixando o professor sem respaldo. E o professor, condenado por todos os lados e sob pressão de toda uma comunidade (sim, a notícia fake se espalha) pensa até em tirar a própria vida. Pois é, não é comédia, é um drama. E que drama. Visto sob a perspectiva de três personagens (a mãe, o menino e o professor), cada um com sua versão e uma visão diferente sobre os fatos (onde nem todas as peças se encaixam, do ponto de vista individual), o filme nos apresenta uma situação que pode muito bem ser vivido nos tempos atuais. Dois meninos que nutrem uma amizade que se revelará transformadora quanto a descoberta da sexualidade, o bullying dentro da sala de aula, as incompreensões e um acidente climático que resultará num final...
Bem, cada um com sua interpretação sobre o final. Um ótimo filme. Não estava, mas no meu entendimento poderia dar uma aparecida lá pelo Oscar. Três filmes que nos mostram uma realidade longínqua daqueles(as) professores(as) inspiradores(as) de produções romantizadas do tipo Sociedade dos Poetas Mortos.
Sinopses:
- AS SALA DOS PROFESSORES – A Sala dos Professores é um drama alemão. No filme, Carla Nowak (Leonie Benesch) é uma professora de matemática e recém chegada à escola em que trabalha atualmente. Assim que ela chega ao local, percebe que há alguns roubos acontecendo lá. Agora, ela poderia aceitar essa situação, mas é exatamente isso que ela não quer fazer. Ela começa a investigar por conta própria e se depara com a falta de compreensão, principalmente entre seus colegas, pais e alunos. Além disso, a principal suspeita é a mãe de seu aluno Oskar (Leonard Stettnisch). Direção: Ilker Çatak. Ano: 2023.
- OS REJEITADOS – Na data mais esperada do fim do ano, os alunos e professores do prestigiado internato Barton Academy se preparam para passar suas férias com as famílias e amigos. No entanto, um grupo conhecido como Os Rejeitados fica para trás, sem lugar ou pessoas para visitar. Paul Hunham (Paul Giamatti), um professor altamente desgostado pelo corpo docente, sempre fica para trás e contra a sua vontade, é o responsável por cuidar dos estudantes que precisam ficar no colégio no feriado. Durante a tarefa, ele precisa lidar especificamente com Angus (Dominic Sessa), um adolescente rebelde que está lidando de sua própria forma com a morte do pai. Entre gritos, perseguições no corredor, detenções e conversas, os dois acabam descobrindo mais sobre a vida com a ajuda da cozinheira-chefe da escola. Direção: Alexander Payne. Ano: 2024.
- MONSTER – Monster é um filme japonês de drama e suspense dirigido por Kore-eda Hirokazu (Assuntos de Família, Ninguém Pode Saber). A história mostra o drama de Saori (Sakura Ando), uma mãe desconfiada dos comportamentos estranhos que seu filho começou a apresentar recentemente e, ao que tudo indica, sem nenhuma explicação. Porém, logo Saori descobre que a situação é culpa de um professor que dá aulas na escola de seu filho, e ela decide ir até o local para saber o que está acontecendo. Enquanto acompanhamos o desenrolar desse mistério partindo do ponto de vista da mãe, do filho e do professor, a verdade vai, pouco a pouco, começando a surgir. Direção: Hirokazu Kore-eda. Ano: 2024.
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