Fome atinge milhões, agronegócio cresce
Fome atinge 33 milhões de brasileiros enquanto o agronegócio só cresce, diz Florestan Fernandes Jr.
‘Situação é equivalente ao que ocorria em 1990, Bolsonaro retrocedeu 30 anos em quatro’, afirmou o jornalista na TV 247
Jornalista Florestan Fernandes Jr. (Foto: Giorgia Prates/Brasil de Fato | ABr | Felipe L. Gonçalves/Brasil247)
O jornalista Florestan Fernandes Jr., em entrevista à TV 247, fez uma análise sobre o gritante aumento nos índices de fome no Brasil e o desmonte da agricultura familiar, enquanto o agronegócio ‘bate recordes’. Segundo Florestan, o país está regredindo ao patamar da década de 1990: “são 33 milhões de brasileiros passando fome, é equivalente ao que ocorria em 1990, ou seja, é um baita de um retrocesso. O Bolsonaro conseguiu, em quatro anos, retroceder 30. É um número muito preocupante.”
“No norte do Brasil, 71% das famílias vivem em insegurança alimentar e 25,7% em fome extrema. No Brasil, as famílias chefiadas por mulheres são as mais atingidas, 63%”, complementou o jornalista. De acordo Florestan, a presença de tal cenário de insuficiência alimentar em um país considerado uma potência agrícola ‘parece um paradoxo’: “Num país que bate recordes no agronegócio, isso parece um paradoxo, mas não é. O agro tem itens de exportação, soja e milho entre os principais produtos. E a produção de alimentos que compõem a cesta básica é pouco atrativa para o pessoal do ‘agro’. A agricultura familiar é que é responsável pela comida no prato do brasileiro.”
O jornalista também destacou dados que evidenciam o desmonte da agricultura familiar, fato que tem relação direta com o aumento da fome no país: “em 2003, o governo Lula criou o Programa de Aquisição de Alimentos para promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. Então, querendo mudar um projeto que estava indo bem e ajudou a tirar o país do mapa da fome, o Bolsonaro chega e troca o nome do programa para ‘Alimenta Brasil’, e começou ali o desmonte. Embora tenha feito propaganda do projeto na ONU, o programa é uma piada.”