Foram avisados

Foram avisados

NÃO DIGAM QUE NÃO FORAM AVISADOS

Fernando Haddad deu uma entrevista ótima para Mônica Bergamo, na fossa de S.Paulo.

 

Haddad fez uma análise muito lúcida e certeira sobre a atual conjuntura: o parlamentarismo sem ônus do Congresso; a falta de responsabilidade fiscal do poder legislativo, que exige déficit zero, mas vota matérias que oneram o orçamento em bilhões; o jogo sujo da extrema-direita que usa armas incompatíveis com a legalidade e a democracia; a necessidade de o governo combater a desinformação, as fake news, ter uma comunicação digital; o alerta de que a extrema-direita está fortalecida e não sumirá no horizonte, vai durar longos invernos, entre outras questões.

Percebe-se que o governo está muito ciente dos imensos desafios de governabilidade, principalmente com um Congresso parasitário, golpista, que rompeu com a Constituição, assumindo um poder acima do Executivo e do Judiciário, sem ter limites ou mecanismos de responsabilidade por essas transgressões.

É um assalto aos outros dois poderes, que vivem com o pescoço na guilhotina de PECs arbitrárias que legitimam um poder ilegítimo, sem o aval das urnas (ninguém votou para haver parlamentarismo no Brasil e/ou Arthur Lira ou rodrigo Pacheco se assumirem como primeiro-ministros).

O parlamentarismo que Arthur Lira e rodrigo Pacheco instauraram, ursurpando funções do Executivo, como a prerrogativa de determinar a divisão do orçamento da União e a destinação de verbas, é um crime.

O Executivo não tem a contrapartida de poder de desfazer o parlamento, como ocorre em países que têm regime parlamentarista.

E o STF, que seria a instância a, nesse caso, frear essa superpoder legislativo, vive sob a ameaça de impeachment de ministros, de diminuição de seus poderes, num claro golpe parlamentar.

O pior é que essa disfuncionalidade entre os poderes é tratada somente como erro do governo ou falta de habilidade política, quando deveria ser denunciado e cobrado esse abuso de poder do Congresso.

Também a militância de esquerda de verdade e o campo progressista mais amplo não têm a dimensão do que enfrentamos e prefere atacar o governo a fazer frente a quem de fato nos sabota e põe em risco este frágil momento de respiro da democracia.

Ou cai a ficha de que precisamos dar sustentação ao governo e não é hora de sabotagem de cirandeiro, ou o cerco extremista vai reocupar o lugar que perdeu em 2022.

Infelizmente, já há recuos do Judiciário que, após o 8 de janeiro de 2023, apareceu com mais ímpeto de barrar o extremismo bozofascista. Ministros do STF e jornalistas já se esqueceram do que viveram no governo passado e agem como se estivessem a salvo de nova investida da extrema-direita bozofascista.

Para piorar, há uma parte do campo progressista apostando na volta dos ovos da serpente de 2013. O sindicalismo de ocasião que hoje aposta na radicalidade da greve dos servidores públicos e professores universitários está em plena campanha para que estudantes saiam às ruas contra o governo.

Querem reeditar as jornadas de junho de 2013, apregoando que o governo "traiu" a educação e balelas afins.

Em que pese a legitimidade das reivindicações dos grevistas, a aposta nessa radicalidade demonstra que há interesses escusos de quem comanda o movimento e adere a esse discurso de igualar o governo Lula com o do genocida, de atribuir ao atual governo a responsabilidade pelas consequências da inação desses mesmos servidores, que assistiam passivos seus direitos serem destruídos depois do golpe de 2016.

Esses oportunistas querem que a vítima - o PT foi golpeado em 2016, Lula foi perseguido e preso - pague pelos crimes de seus algozes.

Isso é indefensável e cria o ambiente mais do que fértil para que velhos e novos ovos da serpente do bozofascismo eclodam, unindo-se aos monstros da extrema-direita que nos ameaçam por aí.

Não estamos nas duas primeiras décadas do século XXI, em que a conjuntura nacional e internacional ainda não tinha visto o nazifascismo assumir de novo o poder, com a força das big techs para captar o apoio das massas.

Volto a repetir: ou cai a ficha de que precisamos ser mais pragmáticos em relação a nossa força, ou seremos engolidos por esse extremismo."

Por Palas Atena

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