Formação focada na prática
Boa formação do professor passa pela prática em sala de aula
Estudo do Todos pela Educação mostra que o Ensino à Distância tem crescido e o Brasil vai na contramão do mundo nesse sentido
Karla Dunder, do R7
Professores devem ter formação focada na prática, não só na teoria
PixabayA formação do professor deve ser presencial, não à distância, é o que afirma o estudo Estatísticas de Ensino Superior sobre Formação Inicial de Professor no Brasil, do Todos pela Educação divulgado nesta quinta-feira (15).
O estudo reúne estatísticas e análises sobre a formação dos professores no país, entre os dados de destaque, o número de estudantes em cursos de formação na área pedagógica tem aumentado, puxado, principalmente pela oferta de vagas de cursos de Educação à Distância – 44% de 2010 a 2017. Um aumento de 162% na modalidade EAD.
A rede privada na modalidade EAD corresponde a 53% dos estudantes que ingressam em cursos de ensino superior voltados à docência. Em 2010, este número representava 29%. Se considerar a rede privada e pública, 61% dos ingressantes nas áreas ligadas à docência já estão na modalidade EAD. Para os demais cursos, essa parcela é de 27%.
“Toda a literatura e quando observamos os países com melhor desempenho no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) mostram que a formação do professor deve ser centrada na prática da sala de aula”, avalia Gabriel Corrêa, gerente de políticas educacionais do Todos pela Educação. “Neste sentido, o Brasil segue na contramão do mundo.”
De acordo com o estudo, comparando a qualidade dos cursos, aqueles de EAD possuem os piores indicadores. “Sabemos que um professor bem preparado tem impacto direto na aprendizagem dos alunos”, diz Corrêa. “Se o Brasil quer avançar no ensino básico, precisa investir na formação do professor.”
EAD x Presencial
O estudo do Todos pela Educação aponta que a prática em sala de aula é fundamental para a formação dos professores.
Como a profissão é essencialmente prática, os cursos de formação não devem ser totalmente centrados na teoria, mas na prática. Importante que os professores saiam da graduação dominando a arte de ensinar.
Nos países que se destacam no Pisa, a formação do professor é centrada na prática. O Chile, que se destaca com o melhor desempenho no Programa de Avaliação, proíbe o ensino à distância para as áreas de formação de professores. O Peru, que também tem avançado no Pisa, vetará a abertura de novos cursos à distância a partir de 2020.
No Brasil, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, a “formação inicial dos profissionais do magistério dará preferência ao ensino presencial subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de educação a distância.” (LDB no artigo 62, § 3º). No entanto, como mostra o estudo, na prática os cursos à distância ganham mais espaço a cada dia.
“Isso se dá, principalmente, porque a rede privada tem ampliado a oferta de vagas para os cursos à distância”, diz Corrêa. O estudo também leva em consideração as dimensões continentais do Brasil e a facilidade de acesso de estudantes do interior aos cursos, mas ressalta que para a formação adequada dos professores o ensino presencial é o mais adequado.
“Acreditamos que o MEC (Ministério da Educação) precisa dar mais atenção a regulação desse tipo de ensino e a formação dos professores, sem uma formação adequada, o Brasil não vai melhorar a qualidade da educação básica”, conclui.