Fracasso retumbante da volta às aulas
Fiasco: fracasso retumbante da volta às aulas atesta incompetência do governo Eduardo Leite (PSDB)
Em março, defendendo pela 1ª vez a suspensão das aulas presenciais, escrevemos que o período “seria uma oportunidade para o governo reorganizar e retomar o ano letivo suprindo as atuais carências da rede estadual.”
Passados sete meses, o governo Eduardo Leite (PSDB) consagra sua incompetência.
O primeiro dia de retomada da rede estadual foi um retumbante fracasso.
Durante toda a manhã, a imprensa – diante do silêncio da Seduc – fez o possível para encontrar escolas abertas e estudantes em sala de aula; tarefa frustrada pela incapacidade do governo em cumprir os próprios prazos e promessas.
Como denuncia o CPERS há meses, faltam profissionais, faltam condições físicas e recursos e faltam EPIs. Falta segurança. Na única escola da capital que deu aulas presenciais, a Dom João Becker, eram esperados 150 alunos. Doze compareceram.
Mesmo lá, os EPIs não chegaram; faltam as máscaras para o alunado.
Educadores(as) sobrecarregados, que não quiseram se identificar, reclamaram da obrigatoriedade de lecionar aulas remotas e presenciais ao mesmo tempo, uma disparate pedagógico e um atestado da má gestão de recursos humanos por parte da Seduc.
Antes de visitar a escola, a presidente Helenir Aguiar Schürer e a diretora do CPERS Vera Lessês foram à ETE Ernesto Dornelles, no Centro da capital.
Sem os EPIs prometidos e possibilidade de receber estudantes, funcionárias trabalhavam na higienização.
A diretora Isabel Lopes relatou:
“Estamos desde 5 de outubro aguardando os EPIs. Viemos no feriado fazer plantão. Todos os dias prometem que virá e não vem. Não recebemos ainda material algum. Não tem como receber os alunos assim”.
“Ficamos impressionados com a incompetência do governo. Sabemos que os EPIs não bastam, pois não há testes, funcionários ou condições estruturais para abrir com segurança, mas é um absurdo que o Estado não consiga fornecer o mínimo”, avalia Helenir.
O governo prometeu a partir do dia 5, mas a realidade é que teve mais de seis meses para organizar e não organizou. Por isso recomendamos que os pais não enviem seus filhos para as escolas”, explica Vera Lessês.
Na EEEB Presidente Roosevelt, também da capital, o Conselho Escolar e o Círculo de Pais e Mestres assinaram uma carta aberta – afixada na entrada da escola – detalhando os problemas que impedem a escola de reabrir.
Além de ter adquirido 100 máscaras com recursos próprios, a escola precisa de ao menos três funcionários(as) para cumprir os protocolos de higiene.
“Eu peço para que os pais não mandem os seus filhos, porque nossas escolas não têm condições para o retorno. Não temos equipamentos e nem recursos humanos. É colocar em risco a vida dos estudantes, professores e funcionários e seus familiares”, afirma a professora de geografia da Presidente Roosevelt, Paola da Costa Silveira.
Na escola Infante Dom Henrique, no Menino Deus, falta tudo.
Além de lidar com a ameaça constante de fechamento, a instituição não conseguiu montar o COE pois ninguém quis assumir a responsabilidade que deveria ser de Eduardo Leite (PSDB), não há profissionais suficientes e o Estado só enviou os termômetros. Nada de EPIs.
A diretora Fabrina Camilotti conta: “Já estamos na terceira semana fazendo plantões manhã e tarde e não recebemos praticamente nada. Também temos a questão da inviabilidade em termos de recursos humanos”.
Os diretores do CPERS Cássio Ritter e Rosane Zan estiveram na instituição pela manhã. “Nós queremos trabalhar. A categoria quer trabalhar. Sabemos que é importante. Mas precisamos de segurança, de organização, de testagem, protocolos e equipamentos”, afirma Cássio.
Rosane Zan destaca a importância da gestão democrática para proteger a comunidade escolar. “As escolas que têm conselhos escolares atuantes e montaram seus COEs, constataram a impossibilidade de voltar no atual momento, enquanto o Estado não faz a sua parte”, relata.
Nas escolas Almirante Barroso e Alvarenga Peixoto, nas ilhas de Porto Alegre, a história se repete: faltam máscaras e termômetros. Na segunda escola, o governo entregou álcool em gel e água sanitária às 7h da manhã – fora do horário de trabalho.
Nas demais regiões do estado, não foi diferente. Além dos mais de 130 municípios que, por decreto, frustraram os planos de Eduardo Leite (PSDB), as cidades em que há previsão legal para a abertura ficaram sem aulas por conta da inépcia do Estado. O diretor Daniel Damiani, do CPERS, esteve nas instituições.
Em Caxias, a vice-presidente Solange Carvalho visitou as escolas Apolinário Alves dos Santos e Presidente Vargas. Só chegaram papel toalha, álcool, água sanitária e detergente. EPIs? Nada.
A secretária-geral do CPERS, Cândida Rossetto, esteve em Novo Barreiro e Barra Funda, constatando que as escolas São João Batista e Zandoná aguardam o caminhão de EPIs prometido pelo governo desde o dia 5 de outubro.
O CPERS continua, ao longo do dia, vistoriando escolas em todo o estado. O Sindicato mantém a posição de que o retorno é precipitado e irresponsável, ainda que o governo demonstrasse capacidade de gestão para entregar os materiais prometidos, reformar as escolas e repor os quadros de funcionários(as).