Fraude no Enade 2019
Ministro não responde a questionamentos sobre fraude no Enade 2019
Milton Ribeiro compareceu à Comissão de Educação da Câmara na quarta-feira (9) para prestar esclarecimentos a pedido do deputado Bacelar
O ministro da educação, Milton Ribeiro, compareceu, na quarta-feira (9) à Comissão de Educação da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2019. Uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo revelou que Milton atuou nos bastidores para favorecer o Centro Universitário Filadélfia (Unifil), em Londrina (PR).
Acusação é de que as provas foram vazadas para o curso de biomedicina da Unifil. Segundo investigação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), há fortes indícios de fraude após a coordenadora da graduação ter tido acesso à prova e às respostas com antecedência. O Centro Universitário é presbiteriano, assim como o ministro, que é pastor.
Além da intervenção, Milton Ribeiro é acusado de protelar o envio do caso à Polícia Federal.
O comparecimento na Comissão foi requerido pelo deputado federal Bacelar (Podemos/BA). “Por que só após o caso ter vindo à tona pela imprensa e quatro meses depois de o processo ter sido encerrado pelo MEC, o Inep enfim mandou o caso para o Ministério Público Federal?”, questionou o parlamentar. “Se tudo foi técnico, por que só agora o caso teve esse andamento, que estava previsto também em outubro?” No entanto, o ministro não respondeu aos questionamentos.
Bacelar questionou sobre declarações em que o ministro teria defendido castigo físicos para crianças e dito que homossexuais são fruto de famílias desajustadas e da ausência do pai. O ministro pediu desculpas, mas afirmou que orientou o Inep a não fazer questões de viés “ideológico”, como questões de gênero e sexualidade, no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Já reconheci publicamente que ultrapassei algumas barreiras. Me desculpo pelo que falei e registro meu respeito a toda e qualquer orientação. Já orientei o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais] para que a prova tenha caráter técnico, sem vieses ideológico ou partidário de quaisquer matizes. Todos nós temos uma ideologia. O que eu questiono é esse ou aquele grupo tentar impor a sua ao outro”, disse o ministro.
Bacelar ainda disse que declarações como a do ministro, que “incitam a intolerância, o desrespeito e a homofobia” não devem ser toleradas e chamou de censura o fato de Milton Ribeiro ter requerido acesso prévio às provas do Enem.