FSM da População Idosa
Fórum Social Mundial da População Idosa inicia na segunda-feira
Em comemoração aos 20 anos do FSM, serão abordados seis eixos, cujo tema central será “um outro mundo é possível pós Covid-19”.
Começa nesta segunda-feira a 6ª edição do Fórum Social Mundial da População Idosa (FSMPI). A programação do evento será realizada de forma 100% virtual. Em comemoração aos 20 anos do Fórum Social Mundial, serão abordados seis eixos, cujo tema central será “um outro mundo é possível pós Covid-19”.
O Fórum terá uma programação principal, com palestrantes internacionais e nacionais. Os eixos abordados estão relacionados ao envelhecimento humano, cultura, educação, segurança, proteção e defesa dos direitos humanos pós-Covid-19. A programação paralela será anunciada em breve.
A Palestra Magna desta segunda-feira será proferida pelo médico gerontólogo Alexandre Kalache, criador do projeto Cidades Amiga do Idoso, das 17h às 18h. Atualmente, ele é presidente do Centro Internacional da Longevidade - Brasil (International Longevity Center), vinculado ao Centro de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (CEPE), filial do Instituto Vital Brasil (IVB).
Um dos coordenadores do FSMPI, Lélio Falcão, afirmou que o envelhecimento populacional é uma realidade para a sociedade brasileira e que o mesmo acontece com a população gaúcha, considerada referência na qualidade de vida na longevidade. Diante desta realidade, a coordenadora da Comissão Científica do Idoso, Suzete Carbonell Leal, selecionou temas especialmente ligados à atenção, promoção, prevenção e cuidados, tendo como protagonista a pessoa idosa.
Outra palestra internacional será feita pelo doutorando em Sociedade do Conhecimento, pela Universidade de Salamanca (Espanha), Luís Jacob, diretamente de Portugal, no Eixo 2, Educação e Cultura. O painel de Jacob se chama “Aprendizagem ao longo da vida: Cultura e Arte e Educação Continuada” e acontecerá no dia 27 de janeiro, das 10h30min às 12h.
Dentro do evento também serão abordadas temáticas relacionados à diversidade e à biodiversidade. Segundo a coordenadora, a escolha dos tópicos se baseou no anúncio da Agenda 2020/2030, por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que marca o início da Década do Envelhecimento Saudável.
“Trata-se de um passo importante para dar voz e visibilidade aos idosos em todo o mundo. Seguindo os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ODS, destacamos os seguintes eixos centrais para o FSM Idoso 2021”, informou. De acordo ainda com Suzete, o principal objetivo do FSMPI é refletir e propor possibilidades de transformação e ressignificação do estilo de vida no sentido de construir uma sociedade da População Idosa mais justa, pacífica, inclusiva e intergeracional.
A coordenadora também explicou que este evento será mais um passo na caminhada para a 3ª Assembleia Mundial sobre Envelhecimento, da ONU, que irá ocorrer em 2022, “onde certamente, mais uma vez, o paradigma do envelhecimento deverá sofrer importantes atualizações, e aguardamos com esperança a possibilidade de apresentar a candidatura da cidade de Porto Alegre para sediar este honroso evento”.
FSM inicia com diálogos sobre estratégias e alianças
O Fórum Social Mundial (FSM) 2021 quer se reafirmar como um espaço de articulação, convergência e potências
Por Clarinha Glock / Publicado em 23 de janeiro de 2021
A pandemia de covid-19, que já causou a morte de mais de dois milhões de pessoas em todo mundo, foi contextualizada nas falas de participantes do primeiro painel do Fórum Social Mundial 2021 virtual intitulado “Que tipo de mundo queremos para hoje e amanhã? Não o de Davos”, na abertura do evento, neste sábado, 23.
“Em uma época em que o capitalismo tenta, com a pandemia, construir um novo mecanismo de controle sobre os povos, não podemos permitir que as potências aproveitem os espaços vazios que deixamos para se apropriar dos debates”, ressaltou Melike Yasar, do Movimento de Mulheres Curdas.
Melike lembrou que as mulheres são as primeiras a sofrerem com as opressões. Sugeriu a construção de um novo internacionalismo em que as mulheres se sintam parte das lutas, e lembrou que muitas que se levantaram contra as violências do sistema capitalista e patriarcal foram presas, perseguidas ou mortas.
Da mesma forma, a escritora e ativista Aminata Dramane Traoré, que já foi ministra da Cultura e candidata à presidência do Mali, defende que o FSM é uma oportunidade de buscar a solidariedade entre os povos. A pandemia mostrou as desigualdades, mas antes da crise sanitária os países africanos sofriam com políticas neoliberais, recordou. “É a mãe África que se menospreza quando se assassinam negros”, resumiu, lembrando do assassinato de George Floyd.
Narcoestado e assassinatos de ativistas
“O que faltou? Por que as crises políticas não só se repetem, como também estão se aperfeiçoando?”, questionou Miriam Miranda, ativista hondurenha. “Falo em nome de um país que sofreu sucessivos golpes. Temos um narcoestado, e o maior número de assassinatos de defensores e defensoras de direitos humanos. Os hondurenhos estão abandonando o país em caravanas. Há um plano de esvaziamento do território”, denunciou.
A ativista considera que Honduras se tornou um laboratório político para golpes que causam a destruição do tecido social. Ficou “assustada” ao perceber que não houve repercussão diante do golpe de Estado em Honduras – em seguida vieram os golpes no Paraguai e no Brasil. Com a ascensão do fascismo e do fundamentalismo, a pandemia também convoca a fazer uma análise deste modelo, afirmou.
Da Grécia à Índia, a resistência urgente
“Por que falhamos? Porque não temos um plano comum”, disse o economista grego Yanis Varoufakis. O economista, um dos criadores da Internacional Progressista, explicou que essa iniciativa visa a justamente fomentar a união de ativistas em ações e lutas locais, dando a elas um caráter global.
Para o ambientalista indiano Ashish Kothari, há diferentes tipos de respostas. Uma delas é a resistência na forma de protestos, como o de fazendeiros em Nova Déli contra as políticas injustas, ou de jovens em relação à emergência climática.
A outra é a construção de alternativas nas áreas de alimentação e energia, de movimentos por autonomia. Um desafio, segundo Kothari, é que essa luta esteja baseada na defesa da ética e de valores como solidariedade, diversidade, respeito, coletividade, em diferentes geografias.
Educação emancipadora
O painel teve ainda a participação de integrantes do Conselho Internacional do FSM, como Sheila Ceccon, do Instituto Paulo Freire, que salientou: “Vivemos uma guerra de informações no âmbito da comunicação e da educação. Precisamos fortalecer os processos educativos críticos e emancipadores, comprometidos com a participação social, defesa do meio ambiente e luta pela democracia. Aminata falou em reeducar os povos e o olhar do mundo sobre nós, Kothari sobre resistências, mas não se constrói resistência sem educação”. Sheila concluiu com uma referência ao educador Paulo Freire: “Para que um outro mundo seja possível, uma outra educação é necessária e isso precisa ser discutido e visibilizado por todos e todas, independentemente dos movimentos em que atuamos”.