Funcionários de escola recebem abaixo do mínimo
Mais da metade dos funcionários de escola estaduais são temporários e recebem abaixo do Salário Mínimo Regional
Na última quarta-feira (10), o Dieese lançou um estudo comprovando o que o CPERS denuncia há anos, mais da metade (54,4%) dos funcionários(as) de escola do Rio Grande são temporários.
Em julho deste ano, o governo do Estado autorizou a abertura de concurso público somente para professores(as) da rede estadual, mas não sinalizou quando será realizada a seleção para servidores(as) de escola.
Atualmente, dos cerca de 25 mil servidores(as) lotados na Seduc, quase 9 mil são temporários. Destes, em média 12 mil recebem vencimentos abaixo do Salário Mínimo Regional.
>> Clique aqui para conferiri a íntegra do estudo do Diesse
Reajuste do Salário Mínimo Regional Já!
Ainda segundo o estudo do Dieese, a tabela salarial dos servidores(as) de escola está tão defasada que, aqueles funcionários(as) enquadrados nos três primeiros níveis da tabela possuem referência salarial inferior a uma cesta básica. Isso representa uma média de 1.600 servidores(as) de escolas estaduais que não conseguem comprar os alimentos básicos para sobreviver.
Enquanto funcionários(as) de escola estão na miséria, recebendo salário base de cerca de R$ 650,00 e acumulando dívidas impagáveis, o atual governo, através da grande mídia, anuncia que o reajuste do Salário Mínimo Regional será de 7%.
Em sua maioria, servidores(as) das instituições de ensino estaduais não sentiram no bolso o reajuste de 6% da revisão geral, concedido no início do ano, e vários tiveram UM CENTAVO de “aumento” no contracheque. Enquanto isso:
A inflação desde 2014, último reajuste real da categoria, está em 52,23%
Neste período, a cesta básica aumentou 119,7%
Em documento enviado ao governo do Estado, as centrais sindicais reivindicam 15,58% no reajuste do mínimo regional a contar de fevereiro de 2022. Trata-se da inflação de 2019 e 2021 que não foram repassadas no reajuste anterior. 7% é justo?
Em meio a este caos, o governo comemora o superávit – construído sobre os ombros dos professores(as), funcionários(as) de escola e demais servidores(as) públicos – de R$ 4,1 bilhões no primeiro quadrimestre do ano, o dobro do registrado no mesmo período de 2021.
O Rio Grande do Sul está em dívida com a educação pública gaúcha: a farsa do completivo
Um servidor(a) de escola que recebe salário base de R$ 657,97, deveria receber completivo do salário mínimo regional no valor de R$ 761,89, mas, na prática, o atual governo abate verbas pecuniárias, gratificações e outros desse valor.
O exemplo acima explicita bem a questão, a educadora deveria receber R$ 761,89 de completivo, mas recebe R$ 227,65, onde foram parar os R$ 534,24 restantes? O Adicional de Local de Exercício, vantagem que é direito da servidora, está saindo do seu próprio bolso. Não é justo!
Há vários casos em que, se o cálculo partisse do salário base, o funcionário(a) de escola receberia uma complementação em torno de R$ 7 mil a mais por ano.
Considerando a atual tabela salarial dos servidores(as) de escola, dos 30 enquadramentos diferentes onde pode estar um servidor, 22 estão abaixo do Piso Regional (R$ 1.419,86).
Funcionários(as) de escola, que vivem com menos de um salário mínimo e fazem acrobacias para honrarem as contas no final do mês, muitas vezes sem conseguir pagar o básico para uma vida digna, são invisíveis para o governo, mas não para o CPERS.
A partir de setembro, o Coletivo de Funcionários(as) do Sindicato realizará encontros regionais em todos os seus 42 núcleos para debater os próximos passos da luta da categoria. Participe!