Gênero e sexualidade na escola

Gênero e sexualidade na escola

Gênero e sexualidade na escola: desinformação provoca polêmicas sobre o tema 

As instituições de ensino devem ser um espaço de respeito às diferenças e de combate à violência, defende psicóloga clínica, que abordará essa temática no programa Conversa de Professor na quarta-feira, 14

Por Douglas Glier Schütz / Publicado em 12 de setembro de 2022

Gênero e sexualidade estão presentes na vida das crianças e adolescentes

A infância é um momento no qual se aprende muito e pode ser incluído o aprender a acolher
as diferenças.   
Foto: Norma Mortenson/Pexels

 

A sexualidade acompanha o indivíduo ao longo de toda a vida. Mesmo assim, o tema ainda ainda é um tabu, inclusive dentro das escolas. A psicóloga clínica e especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Fernanda de Oliveira Alves, afirma que o assunto, dentro das instituições de ensino, diz respeito ao espaço íntimo de cada pessoa.

“É o reconhecimento de limites entre o eu e o outro e também da forma de funcionamento do corpo”, explica.

Na próxima quarta-feira, 14, Fernanda abordará a temática Gênero na escola: como dialogar com nossas crianças? no programa Conversa de Professor, da Fundação Ecarta. A atividade iniciará as 19h ao vivo pelo canal da Fundação Ecarta no Youtube.

Voltado aos professores que atuam na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental, o programa Conversa de Professor tem como objetivos o aprofundamento teórico, a ampliação de conhecimentos, o debate sobre metodologias de trabalho em sala de aula e relatos de experiência. Pressupõe também interação, diálogo, socialização. As inscrições são gratuitas.

Fernanda, que também atuou por quatro anos como coordenadora do Grupo de Apoio e Debates de Questões LGBTQIA+ na UFSM, destaca que, assim como a sexualidade, as questões de gênero também não estão distantes da vivência das crianças e adolescentes.

Apesar de ser um tema silenciado, de acordo com Fernanda, a escola tem papel importante na formação do indivíduo e na discussão desses assuntos.

“Nada mais justo que a escola possa contribuir com essa constituição de si enquanto homem ou mulher e dos valores que agregamos a isso. Além disso, a escola tem a chance de desenvolver uma educação de gênero mais saudável e respeitosa às diferenças, evitando assim a disseminação da violência”, afirma a psicóloga.

Sem nenhum amparo do Plano Nacional de Educação (PNE), as questões de gênero e sexualidade são tidas como algo “privado, um assunto apenas para a família ou especialistas”, explica Fernanda.

Para ela, o professor que for levar este assunto para sala de aula precisa estar preparado para defender a importância do tema em sala de aula. Neste sentido, Fernanda destaca como fundamental a formação continuada dos professores na área.

Limite de idade

Além do autoconhecimento, as questões de gênero e sexualidade também promovem um olhar mais atento e respeitoso com o próximo. Apesar de sofrer ataques, inclusive de políticos que se valem da ideia de “ideologia de gênero”, este tema evolui junto ao estudante, explica Fernanda.

“Com a evolução da idade, se evolui também as experiências pelas quais esses alunos passam, as realidades com que convivem e isso permite abrir outros debates, como o da orientação sexual, por exemplo, falar sobre machismo e feminismo, ou seja, formas mais elaboradas de se pensar gênero e sexualidade”, esclarece.

Em 2011, políticos da bancada evangélica fizeram forte oposição aos materiais didáticos do Programa Escola sem Homofobia. O objetivo do projeto era combater a violência e a discriminação contra pessoas LGBT nas escolas. Fernanda explica que as pessoas que levantam essas bandeiras acreditam que “ensinar gênero na escola é o mesmo que produzir homossexuais e transexuais”.

“Não podemos negar que a população LGBTQIA+ existe. Propor esse debate na escola é só iluminar o que já está lá, está no mundo, na cultura, na sociedade de forma geral, existindo e querendo viver com os mesmos direitos que pessoas heterossexuais ou cisgêneras”, salienta Fernanda. Para ela, é inconcebível a ideia de uma educação excludente.

Douglas Glier Schütz é estagiário de jornalismo. Matéria elaborada com supervisão de Valéria Ochôa, editora.

 

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