Gerações com QI inferior
Novas gerações têm QI inferior às anteriores; veja o motivo
Pesquisas de longa data demonstram como as novas tecnologias digitais podem contribuir para danos à inteligência de jovens e adolescentes.
O pesquisador lançou um livro intitulado “A Fábrica de Cretinos Digitais”. Na obra, ele apresenta todos os dados coletados até hoje. Demurget demonstra como o uso dos aparelhos tecnológicos vem afetando a inteligência de crianças e jovens.
Em entrevista à BBC New Mundo, serviço espanhol de notícias da emissora, o neurocientista diz:
“Simplesmente não há desculpa para o que estamos fazendo com nossos filhos e como estamos colocando em risco seu futuro e desenvolvimento”.
Algumas das evidências mais concretas existem há bastante tempo. Elas evidenciam que o Quociente de Inteligência (QI) das novas gerações é inferior aos das anteriores. Em outras palavras, os filhos de hoje estariam menos inteligentes que seus pais.
Neste sentido, entende-se por inteligência a capacidade de assimilação e reflexão. O pesquisador possui larga experiência na área, tendo passado por vários institutos de renome. Entre eles, destaca-se o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
O livro “A Fábrica de Cretinos Digitais” já virou um best-seller que domina as primeiras colocações na França.
Trechos da entrevista à BBC New Mundo
BBC News Mundo: Os jovens de hoje são a primeira geração da história com um QI (Quociente de Inteligência) mais baixo do que a última?
Michel Desmurget: Sim. O QI é medido por um teste padrão. No entanto, não é um teste “estático”, sendo frequentemente revisado. Meus pais não fizeram o mesmo teste que eu, por exemplo, mas um grupo de pessoas pode ser submetido a uma versão antiga do teste.
E, ao fazer isso, os pesquisadores observaram em muitas partes do mundo que o QI aumentou de geração em geração. Isso foi chamado de ‘efeito Flynn’, em referência ao psicólogo americano que descreveu esse fenômeno. Mas recentemente, essa tendência começou a se reverter em vários países.
É verdade que o QI é fortemente afetado por fatores como o sistema de saúde, o sistema escolar, a nutrição, etc. Mas se considerarmos os países onde os fatores socioeconômicos têm sido bastante estáveis por décadas, o ‘efeito Flynn’ começa a diminuir.
Nesses países, os “nativos digitais” são os primeiros filhos a ter QI inferior ao dos pais. É uma tendência que foi documentada na Noruega, Dinamarca, Finlândia, Holanda, França, etc.
Desmurget: Infelizmente, ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, incluindo por exemplo a poluição (especialmente a exposição precoce a pesticidas) ou a exposição a telas. O que sabemos com certeza é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. Vários estudos têm mostrado que quando o uso de televisão ou videogame aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem.
Os principais alicerces da nossa inteligência são afetados: linguagem, concentração, memória, cultura (definida como um corpo de conhecimento que nos ajuda a organizar e compreender o mundo). Em última análise, esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho acadêmico.
BBC News Mundo: E por que o uso de dispositivos digitais causa tudo isso?
Desmurget: As causas também são claramente identificadas: diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzido e qualitativamente degradado; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral.
BBC News Mundo: Que dano exatamente as telas causam ao sistema neurológico?
Desmurget: O cérebro não é um órgão “estável”. Suas características ‘finais’ dependem da nossa experiência. O mundo em que vivemos, os desafios que enfrentamos, modificam tanto a estrutura quanto o seu funcionamento, e algumas regiões do cérebro se especializam, algumas redes são criadas e fortalecidas, outras se perdem, algumas se tornam mais densas e outras mais finas.
Nossos pais não passaram no mesmo teste de QI que nós, observa neurocientista
Observou-se que o tempo gasto em frente a uma tela para fins recreativos atrasa a maturação anatômica e funcional do cérebro em várias redes cognitivas relacionadas à linguagem e à atenção.
Deve-se ressaltar que nem todas as atividades alimentam a construção do cérebro com a mesma eficiência.
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