Gratificação atrelada a frequência
Gratificação atrelada a frequência não combate evasão e divide escolas
Gratificação não é política pública. É lavar as mãos e culpabilizar quem não atinge uma meta arbitrária
Orgulhosamente, a Seed anunciou nesta semana a implantação da gratificação a diretores(as) cujas escolas registram 85% ou mais de frequência dos(as) alunos(as).
Basta correr os olhos nos comentários do Facebook da Secretaria para perceber os efeitos nocivos da medida ao ambiente escolar.
Assim como a aprendizagem, o combate à evasão não é uma responsabilidade exclusiva da direção, mas do conjunto dos(as) trabalhadores(as) e do Estado.
Ao premiar – e punir – diretores(as) de acordo com metas arbitrárias, o governo ignora e desestimula o trabalho incansável de busca ativa realizado por pedagogos(as) e demais trabalhadores(as). Equipes diretivas trabalham e muito, mas não sozinhas.
Mais: desconsidera as realidades distintas de cada comunidade, punindo justamente as escolas que atendem regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica e tendem a enfrentar desafios maiores para assegurar a presença em sala de aula.
É duplamente excludente, pois atenderá apenas escolas com mais de 150 estudantes, deixando instituições do campo, indígenas e quilombolas de fora.
Por fim, bonificação não é política pública. É lavar as mãos e culpabilizar quem não atinge uma meta inventada por burocratas distantes da realidade escolar.
Uma política pública real começaria pelo governo buscar conhecer as raízes da evasão e os motivos por trás da ausência dos(as) alunos(as), combater a desigualdade e remunerar adequadamente o conjunto dos(as) trabalhadores(as).
Pedagogos(as), por exemplo, nem sequer recebem a hora-atividade corretamente.
A gratificação, que supõe mérito individual em um trabalho coletivo, sairá pela culatra e colocará ainda mais lenha sob a panela de pressão na qual Feder e Ratinho insistem em cozinhar a educação pública paranaense.
O festival de meritocracia e tecnocracia precisa acabar.
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