Guedes e o filho do porteiro

Guedes e o filho do porteiro

Guedes, o Fies e o “filho do porteiro”: o “projeto econômico” do governo é baseado no ódio patológico de pobre

Ramos e Guedes. Foto: Reprodução


Paulo Guedes tem ódio patológico de pobre e não faz questão de esconder. É um caso de estudo.

Na terça, afirmou que a pandemia não foi a responsável por tirar a capacidade de atendimento do setor público, mas sim “o avanço na medicina” e “o direito à vida”.

“Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130”, disse. “Não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar”.

Hoje, sem saber que estava sendo gravado, o sujeito reclamou que o governo federal deu bolsas em universidades para “todo mundo” por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Até quem não tinha a “menor capacidade” e “não sabia ler nem escrever” entrou na graduação através desse benefício, queixou-se.

“O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: ‘Seu Paulo, eu estou muito preocupado’. O que houve? ‘Meu filho passou na universidade privada’. Ué, mas está triste por quê? ‘Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço para preencher, colocava ‘zero’. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes”, disse o ministro da Economia.

Eis o busílis.

Para Guedes, o filho do porteiro não deveria existir. A empregada tampouco. O motorista de ônibus nem se fale.

Em março do ano passado, quando coronavírus começava sua coleta de cadáveres, a chefe da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Solange Vieira, submetida à pasta de Guedes, deu a letra.

Segundo relatos, falou a integrantes do Ministério da Saúde que a concentração da doença em idosos poderia ser positiva para melhorar o desempenho econômico ao reduzir o rombo nas contas da Previdência

O modelo de Paulo Guedes não é liberal, mas assassino.

Pessoas sem recursos são um peso e precisam ser descartadas. Sacrifícios no altar do deus mercado. Não há espaço para todo mundo. 

Em Davos, ele mesmo resumiu o “projeto”.

“O pior inimigo do meio ambiente é a pobreza. As pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer. Eles têm todas as preocupações que não são as preocupações das pessoas que já destruíram suas florestas, que já lutaram suas minorias étnicas, essas coisas…”, declarou.

A covid-19 veio para pôr em prática a chacina com que ele sempre sonhou.

https://www.diariodocentrodomundo.com.br/guedes-o-fies-e-o-filho-do-porteiro-o-projeto-economico-do-governo-e-baseado-no-odio-patologico-de-pobre/?fbclid=IwAR2HEWsjghdSqcS9JnkvemfNdhGpKAHK-qQGEQ2EVH8CeMbX_nucDZy8DyE 

 

 

O FILHO DE NINGUÉM QUE PASSOU NO ENEM

Nos dias 24 e 25 de outubro de 2015, sábado e domingo, depois de 27 anos ausente dos assentos escolares, prestei aquele que já foi o segundo maior exame para avaliação educacional do mundo, à época só superado pelo análogo exame realizado na China - o ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio.

Como vocês sabem, estudei formalmente até a Oitava Série do Ensino Fundamental, que não concluí.

Tive de deixar a escola em 1988, aos 15 anos de idade.

Não foi uma decisão fácil, foi uma decisão inevitável.

Sem o suporte de uma família, eu sobrevivia de subempregos.

Naquele ano de 1988, por exemplo, eu era office boy de um laboratório farmacêutico.

Pois bem, de subemprego em subemprego, ganhando o pão cotidiano dia sim, dia não, os anos foram passando, e a possibilidade de voltar a estudar cada vez mais distante.

Até me firmar como técnico em Informática, profissão que aprendi de maneira autodidata, não havia a menor possibilidade de voltar a estudar, e assim realizar o sonho de cursar uma Faculdade.

Quis o destino que eu deixasse Santos/SP, a cidade que adotei como lugar para morar e viesse para Porto Alegre, em caráter definitivo, em abril de 2015, para começar uma nova vida.

E nesse projeto de vida nova havia o projeto de retomar os estudos.

Naquela tarde fria de sábado, 24 de outubro de 2015, a mamãe do Fidel me levou até a Faculdade Ritter, onde participei do primeiro dia do ENEM.

Foram 4 horas e meia de prova naquele sábado, e mais quatro horas e meia de provas no domingo.

Quatro provas, duas na área de Humanas, duas na área de Exatas, e uma redação cujo tema foi "Violência contra a Mulher".

Fui muito bem, obrigado, nas provas de Língua Portuguesa e Ciências Sociais, medíocre, quase reprovado em Matemática e em Física tirei uma nota um pouquinho maior que a suficiente para ser aprovado.

Tirei nota máxima na Redação.

Com a pontuação que tive no ENEM obtive a Certificação do Ensino Fundamental e Médio, direto, e fui credenciado a participar de qualquer exame vestibular.

O sonho de entrar numa faculdade poderia, finalmente, ser realizado.

O restante da história creio que vocês conhecem.

Passei no vestibular da UFRGS em Ciências Sociais e também em Filosofia, mas não ingressei nos cursos por que fui chamado para servir ao CPERS Sindicato.

Ainda não era hora de entrar na Faculdade.

Precisava trabalhar, o Fidel nasceria em breve, e os cursos para os quais fui aprovado eram realizados durante o dia.

Paulo Guedes é um patife. Um canalha, assim como toda a quadrilha da qual ele faz parte, a quadrilha bolsonaro.

Nunca na história desse país, como diria Lula, a quem devo a realização do meu sonho de entrar numa Faculdade, nunca na história desse país tanta gente pobre e sem esperança alguma como eu entrou na Faculdade.

Nunca.

Não sou filho de porteiro, sou órfão, sou filho de ninguém.

Mas posso dizer, sem medo de errar e com muito orgulho, que sou filho e fruto do ENEM.

EU FUI O FILHO DE NINGUÉM QUE PASSOU NO ENEM

Já servindo ao CPERS Sindicato, finalmente entrei na Faculdade.

Fiz dois semestres de História numa faculdade privada, mas tive de trancar a matrícula logo em seguida.

Hoje estou graduando em Filosofia numa Universidade Federal, a UFPel - Universidade Federal de Pelotas, após passar por um vestibular muito concorrido, mesmo em meio à uma pandemia.

Gostaria de dizer para vocês que me leem que não existe, NÃO EXISTE alguém que ingressa numa Faculdade através do ENEM, SISU ou FIES com nota zero, ou mesmo com nota inferior ao mínimo exigido por Lei.

Não existe!

 

Copiado de  Diógenes Allende Júnior 

https://www.facebook.com/diosurf 

 




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