Historias que precisam ser contadas

Historias que precisam ser contadas

Isso deveria estar em todos os jornais

Olá, 

Intercept acredita que o bom jornalismo não se faz só com grandes furos ou investigações, mas também com as histórias que realmente precisam ser contadas

Essas histórias aparecem de muitas formas aqui pra gente. Às vezes é uma denúncia, um documento ou mesmo uma olhada mais cuidadosa no Diário Oficial. Mas nunca deixamos de olhar para histórias contadas por pessoas que vivem na linha de frente dos temas que mais nos interessam, como direitos humanos, política, meio ambiente, educação e saúde. 

Foi assim que convidamos cinco profissionais de saúde para escreverem cartas para pacientes com covid-19 que eles não puderam salvar. Filmamos esses profissionais lendo suas cartas e o resultado é um retrato cortante, mas muito real, do que é a pandemia no Brasil. 

 

Lançamos esses vídeos há alguns dias e o retorno do público foi imenso. Por isso resolvi te enviar. 

Gravamos, entre outros, Polyena Santos da Silveira, técnica de enfermagem de Teresina, que escreveu para um paciente que foi atendido no chão do hospital. Quando ele chegou, leitos e macas estavam todos ocupados. Polyena conta que, juntamente com a equipe médica, passou 20 minutos tentando reanimá-lo, sem sucesso. Ela foi fotografada ao lado desse paciente numa imagem muito forte que circulou pelo país.

Já a carta de Wilson Zacarias Aires Neto, fisioterapeuta de Manaus, é para uma paciente que foi internada junto com a mãe. Antes de ser intubada, ela fez um pedido: que os médicos não contassem pra mãe do seu estado. A paciente morreu e Wilson conta que a equipe manteve o segredo enquanto a mãe estava em recuperação. 

Outra carta é a de Maíra Terra Cunha Di Sarno, pediatra de São Paulo. Ela perdeu uma paciente de apenas nove anos. É emocionante e mostra como a covid-19 é uma doença sobre a qual temos muito que aprender. 

Acredito que esses vídeos são verdadeiros documentos históricos, terão vida longa. Porque ainda levaremos muito tempo para compreender essa pandemia e tudo que ela envolve. 

Foi gratificante para mim, como repórter, trabalhar nessa pauta. Um processo que exigiu tempo, cuidado e serenidade para ser tocado. Dos profissionais de saúde aos editores de vídeo, todos ficaram muito emocionados e mexidos durante o trabalho. Às vezes o jornalismo exige mais do que estamos prontos para dar, mas não podemos voltar atrás. Pelo contrário! 


Um abraço,

Nayara Felizardo
Repórter

 

Quinta-feira, 6 de maio de 2021




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