Hoje é sempre ontem

Hoje é sempre ontem

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Fábio Corvo


Eu sinceramente não consigo mais debochar ou sentir raiva da massa de manobra Bolsonarista que está na frente dos quartéis.

Passei a ficar bastante triste com o nível de manipulação e lavagem cerebral a que foram expostos.

Claro que tem um monte de facho, pilantra ali no meio, mas desses eu já tinha raiva e combatia antes disso tudo.

Hoje, ao Eduardo Bananinha mostrar um pen-drive badarosca e dizer que estava lá no Catar (de camisa da seleção e tirando fotinho festiva, no dia em que a agenda do Congresso afirmava que ele estava trabalhando na casa) pra entregar relatos da situação do país (Esse povo não conhece armazenamento em nuvem?), Bananinha não só tenta manipular a massa fanática, como debocha abertamente da falta de senso crítico e de inteligência dos seus seguidores.

Outro dia um amigo que eu gosto muito e que respeito bastante, se mostrou crédulo de que Lula morreu e existe um sósia usando máscara de látex no seu lugar. Eis que então outro amigo, estudante de direito, disse que isso era um absurdo, mas que na verdade Lula estava internado em estado grave (No mesmo dia que diversos veículos de informação publicavam fotos do Lula em Agenda). Ali, me pegou de uma forma, pois não são só os habitantes da realidade paralela Bolsonarista que estão viajando. Pessoas do nosso dia a dia, que não são fanáticas, também estão acreditando piamente no gabinete do ódio e ignorando a realidade concreta.

Bolsonaro escondido embaixo da cama, Malafaia que afirmou que iria " Botar fogo no pais" num resort no Nordeste, Eduardo Bolsonaro passeando na Copa do Mundo e esse povo que os seguem, cagando em banheiro químico, tomando chuva, passando vergonha, brigando com familiares, perdendo o emprego...

Como a inteligência coletiva do país voltará ao normal se hoje a maior fonte de informação são os grupos de Whatsapp sem nenhum compromisso com embasamento e provas factíveis?

Estamos na era do terraplanismo argumentativo, no negacionismo insano da realidade, onde o Olavismo, o Bolsonarismo, destruíram boa parte do senso crítico do país.

A divergência ideológica é natural e deveria ser impulsionadora da busca de conhecimento e de informações seguras pra embasar nossos argumentos e transformar o debate político nas bases, no seio do povão, numa discussão técnica e argumentativa, mas na verdade hoje, transformou tudo isso numa treta do tiozão do pavê com o monark. Assustador o nível das coisas.

Boa parte das pessoas seguidoras dessa corja não é má, só está perdida. Perdida a ponto de viajar Quilômetros pendurado na frente de um caminhão. A ponto de cantar o hino pra um pneu. A ponto de tentar se comunicar com alienígenas usando a lanterna do celular. Todos alheios ao desprezo que o próprio Bolsonaro e as lideranças da extrema direita estão tendo por eles mesmos.

Reconstruir o país deve ir muito além da burocracia governamental. Tem a ver com resgatar a inteligência coletiva, o mínimo de senso crítico e a civilidade.




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