Hospitais recuam e mantêm Ipe
Hospitais recuam e mantêm atendimento a segurados do IPE Saúde enquanto durarem os problemas climáticos
Medida foi anunciada como questão de "natureza humanitária" pelas instituições
01/05/2024 Rosane de Oliveira
Os 18 hospitais que haviam anunciado a suspensão do atendimento aos segurados do IPE Saúde decidiram recuar diante da crise provocada pelo excesso de chuva no Rio Grande do Sul. A Federação RS (Santas Casas e Hospitais sem Fins Lucrativos), a Fehosul (Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Rio Grande do Sul) e o grupo de 18 hospitais de média e alta complexidade que prestam atendimentos ao IPE Saúde informaram que “a medida será válida durante todo o período de enfrentamento dos graves problemas climáticos”.
No dia 29 de abril, o grupo de 18 hospitais havia anunciado a suspensão dos atendimentos eletivos do IPE a partir da próxima segunda-feira (6). Com isso, exames diagnósticos, consultas, internações e procedimentos de mais de 25,4 mil usuários haviam sido afetados.
A iniciativa de suspender os atendimentos foi justificada com o argumento de “falta de sustentabilidade gerada pelos novos modelos de remuneração do plano, adotadas em 1° de abril”.
“Ao mesmo tempo em que reafirmam a disposição para o diálogo construtivo, as entidades e os hospitais ratificam a decisão notificada ao IPE no dia 29/04, quanto ao sequencial processo de descredenciamento, aguardando, contudo, que seja superado o cenário de calamidade enfrentado”, diz a nota divulgada nesta quarta-feira.
FONTE:
Presidente da Associação dos Hospitais diz que instituições querem negociar com IPE Saúde
Cláudio Allgayer garante que intenção não é continuar ganhando com o superfaturamento de remédios
30/04/2024 ROSANE DE OLIVEIRA
O presidente da Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul, Cláudio Allgayer, refuta a hipótese de que as instituições que suspenderam o atendimento aos segurados do IPE Saúde estejam fazendo chantagem.
Allgayer garante que os hospitais não querem compensar no superfaturamento dos medicamentos o que perderam com a mudança na forma de remuneração:
— Queremos que isso seja repassado para diárias e taxas, cobrindo os custos. Todos os planos de saúde já fizeram esses ajustes, mas o IPE ainda não. As nossas diárias e taxas, pelas novas tabelas, são menores do que a Unimed, o Bradesco ou o Cabergs pagam. É um modelo que não existe no país e que o IPE quer impor aos hospitais.
O governo diz que aceita negociar a valorização dos serviços, desde que dentro do orçamento e da razoabilidade. O presidente do IPE Saúde tem dito que, com as novas tabelas, as diárias e os valores pagos por procedimentos estão próximos ou acima dos adotados por outros planos de saúde.
PGE prepara ação judicial
A Procuradoria-Geral do Estado prepara uma ação judicial contra os 18 hospitais que suspenderam o atendimento a segurados do IPE Saúde. Como se trata de um descumprimento de contrato firmado com um ente público, só a PGE tem legitimidade para entrar com ação e pedir liminar à Justiça para que os hospitais voltem a atender enquanto prosseguem as negociações.
FONTE:
Na briga entre hospitais e IPE Saúde, 1 milhão de segurados sofrem com a insegurança
Hospitais ameaçam suspender atendimento, descontentes com a nova forma de remuneração
29/04/2024 ROSANE DE OLIVEIRA
Por mais que os hospitais tenham dado sinais de que não aceitariam a nova tabela do IPE Saúde e até recorrido à Justiça, o que ocorreu nesta última segunda-feira de abril é inaceitável. Pode-se chamar de boicote, de chantagem, de pressão e até de exercício do legítimo direito de espernear diante de uma mudança com a qual não concordam.
Da forma como foi feito, passa a mensagem de insensibilidade com quem está lá na ponta e que é a razão da existência do IPE Saúde: 1 milhão de segurados, em sua maioria pessoas de classe média ou baixa, que não tem como pagar um plano de saúde privado.
É preciso voltar ao começo para que o segurado entenda o que está em jogo. Por muitos anos, o IPE concordou com um sistema que não é usado por planos de saúde como a Unimed, para ficar com o mais conhecido. Em vez de atualizar as diárias e o valor dos procedimentos, aceitou que os hospitais compensassem a defasagem superfaturando o preço dos medicamentos, dietas e insumos. Pode parecer irrelevante quando se pensa em um analgésico ou antibiótico, mas se pensarmos em quimioterápicos, stents ou próteses, a coisa muda de figura.
Porque não é lógico nem transparente esse sistema, o Ministério Público e a Contadoria e Auditoria-Geral do Estado (Cage) exigiram que o IPE Saúde reformulasse o sistema de remuneração dos hospitais. O IPE reajustou as diárias e os procedimentos, mas adotou uma tabela de medicamentos com a qual os hospitais não concordam.
A medida anunciada por 18 instituições depois que a Justiça derrubou a liminar que impedia a entrada em vigor das novas tabelas semeou pânico entre os segurados, principalmente entre os que estão em tratamento. Porque os hospitais estão suspendendo o atendimento sem dar prazo para a instituição fazer novos contratos.
É sabido que alguns hospitais dependem do IPE para sobreviver, seja porque o SUS paga ainda menos, seja porque não têm pacientes de planos privados em quantidade suficiente, seja porque também esses não pagam o que se cobra de um paciente com dinheiro para custear um tratamento.
Diante do impasse, o governo do Estado, por meio da Procuradoria-Geral do Estado, precisa fazer alguma coisa com urgência. Os hospitais alegam que o IPE Saúde "não conversa", mas os registros da agenda do presidente Paulo Afonso Oppermann provam que não é bem assim.
O segurado é o marisco entre o mar e o rochedo. Quem vai defender o seu interesse?
Aliás
No dia em que o governo deveria comemorar o anúncio do maior investimento da história do Rio Grande do Sul, o da CMPC, em Barra do Ribeiro, dois assuntos domésticos (e indigestos) ofuscaram a boa notícia de US$ 5 bilhões: a crise no IPE Saúde e o recuo no projeto do ICMS por falta de apoio na Assembleia.
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