IBGE sobre a saúde dos escolares
IBGE divulga uma década de informações sobre a saúde dos escolares
13/07/2022
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Resumo
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Essa divulgação traz uma análise comparativa inédita das quatro edições da PeNSE (2009, 2012, 2015 e 2019). Para que isso fosse possível, o IBGE implementou estratégias metodológicas que permitiram a combinação dos dados das quatro edições da pesquisa.
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De 2009 a 2019, cresceu o número de estudantes insatisfeitos com próprio corpo: a proporção dos que se julgavam gordos ou muitos gordos foi de 17,5% para 23,2%, enquanto a dos que se consideravam magros ou muito magros foi de 21,9% a 28,6%.
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O percentual de escolares que sofreram agressão física por um adulto da família aumentou: de 9,4%, em 2009, para 11,6% em 2012 e 16,0% em 2015.
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Dobrou o percentual de escolares que faltaram ao menos um dia às aulas por não se sentirem seguros no trajeto ou na escola: de 8,6% em 2009 para 17,3% em 2019.
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O percentual de escolares que já tiveram relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. No entanto, para os meninos, a proporção caiu de 40,2% para 34,6% no período, enquanto para as meninas, a proporção aumentou de 16,9% para 22,6%.
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De 2009 a 2019, o percentual de escolares que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59%. Entre as meninas, a queda foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%.
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A proporção de estudantes que consumiram cigarros, ao menos em um ou dois dias, nos 30 dias antes da pesquisa caiu de 16,8% em 2009 para 13,1% em 2019.
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A experimentação de bebida alcóolica cresceu de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019. Esse aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50,4% em 2012 para 58,8% em 2019.
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A experimentação ou exposição ao uso de drogas subiu de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019.
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De 2009 a 2019, o percentual de alunos com mães sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu de 25,6% para 15,2%.
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No mesmo período, a proporção de estudantes cujas mães tinham ensino superior subiu: de 16% para 23,5%.
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Enquanto 98,2% dos adolescentes da rede privada tinham pia em condições de uso e com sabão em suas escolas, somente 63,7% dos adolescentes das escolas públicas contavam com isso.
Aplicação da PeNSE em escola no Amapá em 2015. Pesquisa é respondida pelos estudantes diretamente no dispositivo de coleta. - Foto: Acervo/IBGE
Uma década de pesquisas sobre a saúde dos adolescentes e suas tendências. É o que IBGE divulga hoje no estudo experimental da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): indicadores comparáveis dos escolares do 9º ano do ensino fundamental.
A PeNSE traz informações sobre alimentação, atividade física, cigarro, álcool, outras drogas, situações em casa e na escola, saúde mental, saúde sexual e reprodutiva, higiene e saúde bucal, segurança, uso dos serviços de saúde, características gerais dos escolares, características do ambiente escolar, entre outros. A pesquisa é feita em parceria com o Ministério da Saúde e o apoio do Ministério da Educação.
A publicação traz uma análise inédita das quatro edições da PeNSE (2009, 2012, 2015 e 2019).
“Nessa década, foram incorporadas inovações e modificações que impossibilitavam uma comparação de forma direta. Para fazer a análise, além da tradicional comparação temporal entre pontos da série, aplicaram-se novas estratégias metodológicas, como a harmonização das variáveis, empilhamento das bases e regressão logística”, explica Marco Andreazzi, gerente da pesquisa.
O estudo mostra a tendência de ocorrência de certos temas. Há também a representação gráfica das razões de chance entre as capitais, utilizando São Paulo como referência para os cálculos da distribuição.
Entre 2009 e 2019, número de estudantes com acesso à internet em casa aumenta 76,8%
A quantidade de estudantes com acesso à internet em casa aumentou 76,8% em 10 anos. Em 2009, 52,9% de estudantes do 9º ano do ensino fundamental tinham internet onde residiam, contra 93,6% em 2019.
“Neste período, a internet passou a ser uma ferramenta estratégica importante no sentido do envolvimento e da disseminação de informações, inclusive nas escolas”, afirma Marco Andreazzi, gerente da pesquisa. Entretanto, quando analisados os resultados nas capitais, a desigualdade regional aparece: o Norte e o Nordeste têm os menores índices, encontrados em Teresina, São Luís e Macapá. Já em Vitória, Florianópolis e Curitiba, a pesquisa mostrou os maiores resultados.
Escolaridade materna aumenta
Quanto mais baixa escolaridade da mãe dos estudantes, pior o estado de saúde dos filhos e maior o risco de mortalidade e a chance de pobreza. De 2009 a 2019, a chance de alunos do 9º ano terem mães sem instrução ou com ensino fundamental incompleto caiu 48%, a prevalência desse indicador sai de 25,6% (2009) para 15,2% (2019). Entre alunos de escolas particulares, esse índice já era muito baixo em 2009 (5,1%) e caiu para 4,3% em 2019. Já entre os jovens de escolas públicas, o percentual recuou de 31% para 19,5%.
O índice que diz respeito às mães com ensino superior passou de 16% para 23,5%, no período, um aumento percentual 47,3 %. O crescimento nas escolas públicas foi de 5,1 p.p., contra 3,6 p.p nas escolas privadas.
“Embora maior escolaridade das mulheres não signifique rendimento salarial equiparado ao dos homens, a elevação da escolaridade reduz a proporção de gravidez entre as adolescentes, a mortalidade materna, o nível de pobreza. Como melhora as condições de trabalho das mulheres, aumenta a chance de boa saúde dos filhos”, desenvolve Andreazzi.
Insatisfação com imagem corporal aumenta tanto em magreza quanto em excesso de peso
A PeNSE também demonstra que a insatisfação com a imagem do próprio corpo aumentou entre os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental. Em 2009, 17,5% dos estudantes reclamava de ser gordo ou muito gordo, número que saltou para 23,2% em 2019. Já os que se consideravam magros ou muito magros eram 21,9% e passaram a 28,6%.
Entre os estudantes que se avaliaram como gordos e muito gordos, houve aumento disseminado entre escola pública e particulares e meninos e meninas, com mulheres (28,6%) e escola privada (25,5%) mantendo os maiores índices.
Adolescentes continuam experimentando, mas consumo recente de cigarros vem caindo
O estudo mostrou que a experimentação ou início da exposição ao tabaco através do cigarro pelos adolescentes do 9º ano das capitais não mostrou diferença estatisticamente significativa entre a edição de 2009 e a de 2019, apesar da leve queda de 22,9% para 21,0%. No entanto, caiu a precocidade da exposição, em idade inferior aos 14 anos, de 16,8% em 2009 para 13,1% e 2019. As capitais Salvador (0,60), Rio de Janeiro (0,63) e Aracaju (0,71) tiveram as menores chances de uma exposição precoce ao cigarro.
“Também é importante sabermos em que época essa exposição se deu e tivemos uma ligeira queda nesse indicador, que foi de 16,8% em 2009 para 13,1% em 2019. Ou seja, os adolescentes estão se expondo menos precocemente, o que é positivo”, ressalta Andreazzi.
Para um consumo recente de cigarros, ao menos em um ou dois dias, nos 30 dias antes da pesquisa, houve uma tendência de decréscimo, acumulando redução de 15,3% na chance de consumo, no período.
Consumo de álcool aumenta, principalmente, entre as meninas
A experimentação de bebida alcóolica cresceu de 52,9% em 2012 para 63,2% em 2019. Esse aumento foi mais intenso entre as meninas, que saíram de 55% em 2012 para 67,4% em 2019. Para os meninos, o indicador foi de 50,4% em 2012 para 58,8% em 2019. Devido a mudanças na redação da pergunta, os dados de 2009 não foram comparados.
Já a razão de chance de ocorrer embriaguez em algum momento da vida revelou tendência crescente de 2,4% ao ano, acumulando 27% no período de 2009 a 2019. Os meninos da rede pública tiveram tendência de estabilidade, enquanto os da rede privada mostraram decréscimo de 2,6% ao ano. Já as meninas tiveram crescimento nas duas redes de ensino, com mais intensidade na rede pública, onde a chance aumentou 4,5% ao ano.
Cresce a experimentação de drogas antes dos 14 anos de idade
A experimentação ou exposição ao uso de drogas cresceu em dez anos, indo de 8,2% em 2009 para 12,1% em 2019. A tendencia de crescimento observada através da razão de chances foi de 55% no período, sendo de 4,5% ao ano.
O aumento da exposição às drogas entre as meninas foi bem maior que entre os meninos, que chegaram a apresentar uma redução na razão de chances de experimentar drogas ilícitas nas escolas privadas (-30,4%). O maior aumento das chances de experimentar drogas ilícitas se deu entre as meninas escolares da rede pública, que dobraram as chances de experimentação, atingindo 107,4% de variação no período.
Em relação à precocidade dessa exposição, ou seja, antes de completar 14 anos de idade, o percentual passou de 3,4% em 2009 para 5,8% em 2019. Identificou-se uma tendência de crescimento nas chances de exposição, com alta de 87,5% no período. “Essa tendência está decrescente para os meninos das escolas privadas e crescente para meninos de escolas públicas e meninas de ambas as redes, chegando a um aumento expressivo de 164,6% entre as meninas das escolas públicas em dez anos”, complementa o gerente.
Já o consumo recente de drogas ilícitas, entre aqueles que haviam usado drogas alguma vez na vida, ficou estável entre 2012 (48,2%) e 2015 (46,4%), e caiu em 2019 (33,3%).
Em dez anos, dobrou o percentual de estudantes que faltou aula por questões de segurança
Nos últimos dez anos, dobrou o percentual de escolares do 9º ano das capitais que faltaram ao menos um dia à escola porque não se sentiram seguros no trajeto ou na escola, passando de 8,6% em 2009 para 17,3% em 2019.
De 2009 a 2015, aumentou percentual de escolares agredidos por adultos da família
O percentual de escolares que sofreram agressão física por um adulto da família teve aumento progressivo no período, passando de 9,4%, em 2009, para 11,6% em 2012 e 16,0% em 2015. As capitais com os maiores percentuais de escolares que sofreram esse tipo de agressão, em 2015, foram Cuiabá e São Paulo, cujos percentuais foram 18,1% e 18,0%, respectivamente.
Em 2019, houve mudança no quesito, com a separação em dois grupos de agressores e mudança do período de referência para 12 meses anteriores à pesquisa. Investigou-se, ainda, a quantidade de episódios de agressão. Assim, em 2019, 27,5% dos escolares sofreram alguma agressão física cujo agressor foi o pai, mãe ou responsável e 16,3% dos escolares sofreram agressão por outras pessoas. Os casos de agressão recorrente (6 ou mais vezes no período) contabilizaram 4,2% dos escolares, sendo o agressor pai, mãe ou responsável, e 2,6%, sendo outras pessoas.
Cresce a iniciação sexual entre as meninas, mas uso de preservativo cai
O indicador de iniciação sexual vem apresentando estabilidade ao longo dos anos, mas com comportamentos diferenciado por sexo e rede de ensino. Para os meninos, a tendência é de queda, chegando a um decréscimo de 5,8% ao ano na chance de iniciação, acumulando no período uma variação de 45,2% para os meninos da rede pública. Já a chance de as meninas iniciarem a vida sexual aumentou em torno de 4,0% a cada ano, com uma variação de cerca 41,0% no período 2009-2019 para as meninas de ambas as redes.
O percentual de escolares do 9º ano das capitais que já tinham tido relações sexuais passou de 27,9% em 2009 para 28,5% em 2019. “Ao longo de toda a série, os meninos têm uma maior taxa de iniciação sexual; contudo, a taxa de iniciação sexual das meninas entre 2009 e 2019 aumentou de 16,9% para 22,6%, enquanto a dos meninos caiu de 40,2% para 34,6%”, destaca Andreazzi.
O uso de preservativo na última relação, entre os escolares que já tiveram relação sexual, mostrou uma tendência de queda, cuja chance de uso teve um decréscimo de 7,0% ao ano entre 2009 e 2019 e de 51,3% no acumulado em 10 anos.
Nas capitais, o percentual de escolares que usaram camisinha na última relação sexual caiu de 72,5% para 59% de 2009 a 2019. Entre as meninas, foi de 69,1% para 53,5% e, entre os meninos, de 74,1% para 62,8%.
Menos de 2/3 dos estudantes da rede públicas contam com estrutura para lavar as mãos nas escolas
Enquanto a quase totalidade dos adolescentes da rede privada (98,2%) estavam em escolas que ofereciam a estrutura para que pudessem lavar suas mãos, nas escolas públicas ficou em 63,7%.
“Lavar as mãos foi uma das questões mais preconizadas na pandemia e talvez a que tenha tido mais sucesso. A disponibilização de estrutura deveria ser de 100% e não chega nem perto disso nas escolas públicas”, avalia o gerente.