Ideb mostra desafios
Com apenas uma meta atingida, Ideb mostra desafios para a educação
Principal indicador para aferir a qualidade da educação básica no Brasil mostra que só anos iniciais do ensino fundamental atingiram meta
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2023 apresentado no final da manhã desta quarta-feira, 14, pelo Ministério da Educação (MEC) mostra que o Brasil cravou a meta nacional estabelecida no primeiro ciclo do indicador (2007-2021) que era de 6 pontos para os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano).
Por outro lado, faltou meio ponto para alcançar a meta de 5,5 nos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e quase um (0,9) para alcançar os 5,2 pontos estipulados para o ensino médio.
No ensino médio, a etapa que é considerada mais desafiadora no país, somente três redes estaduais atingiram a meta do Ideb. Foram Goiás, Pernambuco e Piauí.
Roraima, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte tiveram os piores desempenhos. O Rio Grande do Sul ficou da 16ª posição, com 1,4 pontos abaixo da meta que estava estabelecida para a sua rede, 5,3.
Análise feita pelo diretor de Estatísticas Educacionais do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Carlos Moreno, revela que a pandemia influenciou no que foi medido em 2023.
Acontece que na última mostra, em 2021, o cálculo usou a mesma metodologia criada no primórdio do indicador. A ideia foi garantir comparações, mas o impacto das taxas de aprovação que subiram rapidamente entre 2020 e 2021 por mudanças nos critérios de aprovação durante a crise sanitária, foi grande.
Segundo Moreno, embora isso tenha elevado o Ideb de 2021, não significa que os alunos tenham realmente aprendido mais. Isso se verificou porque as notas não melhoraram na mesma proporção.
Identificar problemas
O Ideb é composto por dados de aprovação escolar e desempenho em avaliações que variam de 0 a 10. Foi criado em 2007 e encerrou seu primeiro ciclo em 2021. O atual Grupo Técnico Novo Ideb trabalha na atualização do indicador, visando sua adaptação às novas necessidades educacionais, mantendo a comparabilidade histórica.
O ministro Camilo Santana (PT) destacou na apresentação do Ideb do último biênio que a desigualdade educacional no Brasil é significativa, com grandes diferenças entre as regiões e até dentro dos próprios estados.
Ele ainda deixa claro que o Ideb não tem o objetivo de criar rankings, mas, sim, de identificar esses problemas para o planejamento de ações que promovam avanços educacionais de forma uniforme em todo o país.
Essa uniformidade, no entanto, ainda está longe de ser alcançada segundo os dados e é “um grande desafio para o sistema educacional brasileiro”, ressalta Santana.
Medidas para enfrentar desafios
Apenas Goiás, Pernambuco e Piauí atingiram a meta estabelecida pelo Ideb para suas redes no ensino médio. Estados como Espírito Santo, Paraná, Ceará e Pará têm notas até maiores do que o Piauí. No entanto, não bateram a meta de 2021 estabelecida em 2007 para eles.
O Ideb é calculado a cada dois anos com base nas notas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e na taxa de aprovação dos alunos. A média das redes estaduais neste biênio foi 4,1. A meta estabelecida para os estabelecimentos de ensino médio mantidos pela União era de 4,9, mas ficou em 4,1.
Apesar de alguns estados terem se destacado em partes da avaliação, o conjunto do país, de fato, só superou a meta nos anos iniciais do ensino fundamental.
Para enfrentar esse desafio, o ministro Santana lembra que o MEC está investindo R$ 12 bilhões até 2026 para criar 3,2 milhões de novas vagas em tempo integral.
Para o ensino médio, o MEC lançou o programa Pé-de-Meia, que pretende apoiar quase 4 milhões de alunos em 2024 com uma poupança de até R$ 9,2 mil. Além disso, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC) está implantando 100 novos campi de Institutos Federais com um investimento de R$ 2,5 bilhões, criando 140 mil novas vagas para educação profissional e tecnológica