Ideb: qualidade do ensino no Brasil
Ideb: qualidade do ensino no Brasil cresce nos anos iniciais, mas cai em anos finais do Fundamental
No Ensino Médio, índice mostrou aumento na avaliação realizada em 2023. Resultados foram apresentados nesta quarta-feira pelo MEC
Matheus Schuch-De Brasília
O ministro Camilo Santana participou da apresentação dos dados.
José Cruz / Agência Brasil/ Divulgação
O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta quarta-feira (14) os dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2023. Nos três recortes estabelecidos para medição da qualidade da educação, houve avanço nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A média saltou de 5,8 em 2021 para 6,0 no ano passado. Já nos anos finais da mesma etapa houve recuo. A nota era 5,1, e agora caiu para 5,0. Já em relação ao Ensino Médio, houve crescimento de 4,2 para 4,3.
Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o indicador reúne dois conceitos medidores da qualidade da educação: o fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O ideb varia numa escala de 0 a 10.
Os resultados divulgados nesta quarta eram aguardados com expectativa porque no último levantamento, referente a 2021, ainda havia influência direta da pandemia no ensino. Os índices, contudo, também mostraram estabilidade na comparação com 2019.
— Quero ressaltar que o Brasil atingiu a meta mesmo na faixa mais afetada pela pandemia, que é nos anos iniciais. Precisamos comemorar isso — disse o ministro da Educação, Camilo Santana.
Além da qualidade do ensino, o Ideb atualizou os índices sobre a regularidade da trajetória escolar. O acesso das crianças à pré-escola teve avanço, e atingiu 92,9%. Há preocupação, contudo, sobre a redução da frequência no desenrolar dos anos. No Ensino Médio, apenas 70% dos jovens concluíram a etapa ao atingirem até 19 anos. Entre a população mais pobre, o índice cai para 50%.
— Nós estamos perdendo 50% dos pobres, é este público que queremos atingir com o Pé-de-meia para que ele não saia da escola. E para receber [a bolsa], ele precisa comprovar frequência — complementou o ministro.
O Programa Pé-de-Meia mencionado por Santana é uma iniciativa do governo para apoiar financeiramente estudantes do Ensino Médio público, incentivando a conclusão de seus estudos.
FONTE:
RS mantém nota estável, mas perde posições em relação a outros Estados em ranking de desempenho na Educação Básica
Avaliação do governo federal, que é realizada a cada dois anos, leva em conta o resultado de provas de Matemática e Língua Portuguesa e a taxa de aprovação de estudantes de todo o Brasil
Isabella Sander
Resultado do Ideb foi divulgado nesta quarta-feira (14) pelo Ministério da Educação.
José Cruz / Agência Brasil/ Divulgação
O Rio Grande do Sul manteve estabilidade no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2023, que mede o desempenho dos estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio brasileiros. Os indicadores, calculados a partir das taxas de aprovação e do resultado de avaliações aplicadas aos alunos nas áreas de Língua Portuguesa e Matemática, deixaram o Estado com a nona colocação entre as turmas do 1º ao 5º ano, com a 11ª posição do 6º ao 9º ano e com o 10º lugar no Ensino Médio.
O Ideb de 2023 representa uma retomada das condições de normalidade da avaliação, que é realizada a cada dois anos. Em 2021, a pandemia demandou adaptações às redes de ensino que envolveram, entre outras medidas, a liberação para a aprovação automática de estudantes que tiveram dificuldade de acesso aos conteúdos ministrados em aulas remotas. Por esse motivo, nesta reportagem, a comparação será com os dados da edição anterior do índice do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de 2019.
Anos Iniciais
Nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, o cálculo do Ideb é feito junto aos alunos do 5º ano. Nessa etapa, o Rio Grande do Sul manteve a média 6 tanto em 2019 como em 2023, o que lhe deixou com a nona colocação entre as unidades federativas, empatado com Mato Grosso e Alagoas. O melhor desempenho foi do Paraná, que conquistou 6,7. A média nacional foi de 6, levemente superior à de 5,9 obtida em 2019.
No Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), como é chamada a avaliação aplicada aos estudantes, o RS passou do oitavo lugar nacional nessa etapa, em 2019, para o nono, em 2023, com uma redução da nota de 6,4 para 6,3. A média brasileira também caiu um décimo: passou de 6,2 para 6,1.
Já a taxa de aprovação dos alunos gaúchos, apesar de ter tido um leve acréscimo, subindo de 0,94 para 0,96 (o máximo é 1), ficou entre as piores do Brasil: saiu da 16ª para a 19ª colocação. No Brasil, essa taxa foi de 0,95, em 2019, e de 0,97, em 2023.
Anos Finais
O Ideb dos Anos Finais do Ensino Fundamental teve como base o desempenho dos estudantes do 9º ano. O RS teve leve melhora nessa etapa, passando da média 4,8 para 4,9, e subiu duas posições no ranking, chegando ao 11º lugar. No período, o país registrou 4,9, em 2019, e 5, em 2023.
Já o desempenho no Saeb piorou: a nota dos estudantes caiu de 5,6 para 5,4, levemente superior à nacional, que era de 5,5, há cinco anos, e chegou a 5,3, no ano passado. Com isso, o Estado registrou um decréscimo, passando da quarta para a sétima colocação entre as unidades federativas.
A taxa de aprovação, por outro lado, teve uma melhoria sutil. Passando de 0,85 para 0,91 nesse indicador, o RS subiu uma casa, ficando com a 21ª posição nacional. No Brasil, essa taxa ficou em 0,87, em 2019, e em 0,92, em 2023.
Ensino Médio
Referente aos dados das turmas de 3ª série, o desempenho do Ensino Médio é, tradicionalmente, o pior entre todas as etapas, e não foi diferente nesta edição do Ideb. A média brasileira ficou em 4,3, contra 4,2 em 2019. Em relação aos alunos gaúchos, o índice se manteve em 4,2 em ambas as edições. O resultado, contudo, deixou o Estado em 10º lugar, sendo esta posição inferior à nona colocação de 2019.
O que alavancou o desempenho do RS no Ensino Médio foi o bom resultado nas provas do Saeb. Os estudantes do Estado tiveram nota de 4,9 em 2023, superior aos 4,7 da média brasileira, o que lhes permitiu ocupar a quarta posição no ranking. Em 2019, os gaúchos ficaram com a quinta colocação, com nota 5,1, contra 4,8 da nota nacional.
A taxa de aprovação, porém, puxou para baixo a média do Estado no Ideb – das 27 unidades federativas, os alunos do RS foram os quartos que mais reprovaram nessa etapa. O indicador ficou em 0,84, contra 0,92 da média nacional. Em 2019, a média de aprovação de 0,82 deixou o RS com a sétima pior posição no ranking brasileiro, que teve média de 0,87.
Pequena melhora
Para o doutor em Educação e professor da Universidade Feevale Gabriel Grabowski, o resultado do Ideb aponta para uma tendência de “pequena melhora”, que, em muitos casos, representa um retorno aos indicadores pré-pandemia.
Fica evidenciado no histórico que já tínhamos alcançado índices muito próximos desses e que, depois, caíram em 2021. Estamos recuperando terreno, o que tem a ver com dois grandes fatores: o retorno à presencialidade, que permite uma relação direta professor-aluno, e a retomada de algumas políticas de apoio aos entes federados, que voltaram, em 2023, a trabalhar em conjunto em alguns programas.
GABRIEL GRABOWSKI- Professor da Universidade Feevale
O docente ressalta, entretanto, que a melhoria ainda é muito ponderada, e que o resultado poderia ser melhor se os planos de educação nacional, estaduais e municipais tivessem sido cumpridos.
— Estamos fechando o plano nacional e os estaduais com baixo esforço de cumprimento da grande maioria das metas. O nosso planejamento não foi executado como havíamos planejado. Cabe uma autocrítica por parte, principalmente, dos Estados sobre isso.
No Plano Nacional de Educação, que estabeleceu metas a serem cumpridas até 2024, a previsão era de que o Ideb alcançasse média 6 nos Anos Iniciais, 5,5 nos Anos Finais e 5,2 no Ensino Médio. Somente a meta ligada aos Anos Iniciais foi obedecida.
No entendimento de Grabowski, a qualificação dos indicadores dos Anos Iniciais, que foram alvo de um esforço conjunto dos entes federados para ampliar a alfabetização infantil, demonstra a eficácia da colaboração entre os governos federal, estaduais e municipais. Por esse motivo, defende que o mesmo deve ser feito para resolver problemas ligados aos Anos Finais e ao Ensino Médio.
FONTE:
Ideb: secretária de Educação vê avanço na qualidade do ensino no RS
Raquel Teixeira admite necessidade de melhorar índices de aprovação, que estão entre os piores do país
Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que servem para avaliação da qualidade do ensino no país, mostram estabilidade no desempenho médio dos alunos do Rio Grande do Sul. Mas o resultado, na avaliação da secretária de Educação do Estado, Raquel Teixeira, pode ser visto como um avanço importante. Além dos efeitos da pandemia, havia temor de uma influência negativa na média pelo aumento no número de estudantes consultados.
Teixeira foi ao Ministério da Educação (MEC) acompanhar pessoalmente a divulgação. Em entrevista a Zero Hora, demonstrou otimismo com os dados.
— Houve enorme aumento da participação dos estudantes em todas as etapas, isso é um avanço. E mantivemos o índice de proficiência. Isso é importante porque, quando você aumenta, geralmente a proficiência cai. Porque você inclui no universo os alunos não tão qualificados, que não participavam por receio de não serem aprovados.
A secretária admitiu que o Rio Grande do Sul tem “problemas sérios” de desigualdades e de uma “tendência de reprovação”. Ela aposta na adoção do programa “Estudos de Aprendizagem Contínua”, em que há um reforço do conteúdo no encerramento de cada trimestre, com envio de material suplementar às escolas.
No ranking nacional de aprovação, o RS ficou em 19º lugar entre as 27 unidades da federação nos anos iniciais do Fundamental. Em 2021, estava em 14º; em 2019, em 16º. Também houve perda de posições nos anos finais do Fundamental, onde o Estado ocupa o 21º lugar. E no Ensino Médio, em que está no 24º lugar.
Teixeira sustenta que no próximo levantamento sobre a qualidade do ensino, que deve ser divulgado em 2025, serão visíveis os efeitos desta mudança gradual do nível de aprovação e reprovação de alunos no Estado.
— O aluno que é reprovado, até pode ficar mais um ano na escola, mas depois desanima e o perdemos para sempre. Estou confiante porque nosso diagnóstico está correto e as políticas de correção também, temos tudo para usufruir disso a partir do ano que vem — argumentou.
No desempenho geral dos alunos de anos iniciais, o RS alcançou nota 6 em 2023, contra 5,8 em 2021. Nos anos finais, a média foi 4,9. Em 2021, era 5,1. Já no Ensino Médio, alcançou 4,2 em 2023, mesma nota de 2021.
A permanência dos alunos em sala de aula é um desafio nacional. Enquanto o índice de crianças na pré-escola é de 92,9%, a conclusão do ensino médio até os 19 anos alcança apenas 70% no país. Quando o comparativo é apenas entre jovens de baixa renda, o número cai para 50%.
O governo gaúcho criou o programa Todo Jovem na Escola, que dá auxílio financeiro para estudantes da rede pública como forma de incentivar a permanência em sala de aula e a conclusão da trajetória escolar. Em âmbito nacional, o Pé-de-Meia foi criado no governo Lula com o mesmo objetivo.
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