IDH, Brasil cai três posições
Pela primeira vez em três décadas, IDH mundial cai por dois anos seguidos
Brasil cai três posições em novo relatório da ONU na comparação de 2021 e fica em 87º lugar. Documento indica que desenvolvimento humano global em 2021 voltou aos níveis de 2016.
Por g1
— Foto: Midori Schwartzmann/Arquivo Pessoal
Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado nesta quinta-feira (8) alerta que, pela primeira vez nos 32 anos em que é calculado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), esse indicador caiu globalmente por dois anos consecutivos. O IDH é calculado levando em conta a saúde, a educação e o padrão de vida de uma nação.
O Brasil ficou na posição 87 do ranking do PNUD, que recolhe dados referentes a 2021.
"O desenvolvimento humano voltou aos níveis de 2016, revertendo parte expressiva do progresso rumo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A reversão é quase universal, pois mais de 90% dos países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021, e mais de 40% caíram nos dois anos, sinalizando que a crise ainda está se aprofundando em muitos deles", detalha o Pnud.
A ONU argumenta que camadas de incerteza estão se acumulando e interagindo para desequilibrar as sociedades de forma inédita. "Os últimos dois anos tiveram impacto devastador para bilhões de pessoas em todo o planeta, quando crises como a da Covid-19 e a guerra na Ucrânia se sucederam e interagiram com amplas transformações sociais e econômicas, mudanças planetárias perigosas e aumento acentuado da polarização", diz o órgão.
Gráfico do Pnud mostra como IDH mundial caiu nos últimos dois anos — Foto: Reprodução/Pnud
Embora alguns países estejam começando a se levantar, a recuperação é desigual e parcial, aumentando ainda mais as desigualdades no desenvolvimento humano. América Latina, Caribe, África Subsaariana e sul da Ásia foram duramente atingidos, segundo a análise do Pnud divulgada em nota à imprensa.
“O mundo está lutando para reagir a crises consecutivas. Vimos, com as crises de custo de vida e de energia, que, embora seja tentador focar em soluções rápidas, como subsidiar combustíveis fósseis, táticas de alívio imediato estão retardando as mudanças sistêmicas de longo prazo que precisamos fazer”, diz Achim Steiner, chefe do Pnud.
“Estamos coletivamente paralisados em relação a essas mudanças. Em um mundo definido pela incerteza, precisamos de um senso renovado de solidariedade global para enfrentar nossos desafios comuns e interconectados”.
Crianças que fugiram do conflito no Tigré recebem comida em campo de refugiados no Sudão; região na Etiópia é palco de uma guerra entre governo e forças rebeldes desde novembro de 2020
— Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images
O relatório tenta explicar por que a mudança necessária não está acontecendo e indica haver muitas razões, incluindo como a insegurança e a polarização alimentam-se uma da outra, atualmente, para impedir a solidariedade e a ação coletiva necessária para enfrentar as crises em todos os níveis.
Novos cálculos do Pnud indicam, por exemplo, que aqueles que se sentem mais inseguros também são mais propensos a ter visões políticas extremistas.
“Mesmo antes da Covid, vínhamos observando os paradoxos do progresso com insegurança e polarização. Hoje, com um terço das pessoas em todo o mundo se sentindo estressadas e quase dois terços das pessoas em todo o mundo desconfiadas umas das outras, enfrentamos grandes obstáculos para a adoção de políticas que funcionem para as pessoas e o planeta”, diz Achim Steiner em nota.