IDH do Brasil

IDH do Brasil

IDH do Brasil tem leve variação e país mantém 79ª posição no ranking

Aumento na renda faz IDH do Brasil subir 0,001 ponto e chegar a 0,759

Publicado em 14/09/2018 

Por Carolina Gonçalves - Repórter da Agência Brasil  Brasília

O novo índice manteve o Brasil na 79ª posição no ranking que inclui 189 países. Na América Latina, o país ocupa o 5º lugar, perdendo para Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela. O IDH brasileiro está acima da média regional da América Latina e Caribe, de 0,758.

IDH com ajustes

Quando o órgão inclui na conta um ajuste com relação a desigualdades de renda, saúde e educação, o IDH brasileiro despenca para 0,578.

O Brasil tem o 9º pior coeficiente de Gini – que mede exclusivamente a renda – na comparação mundial. Entre os países da América do Sul, o Brasil é o terceiro mais afetado por esse ajuste da desigualdade, ficando atrás do Paraguai e da Bolívia.

Na relação com dados colhidos desde 1990, o país registrou um crescimento de 0,81% da taxa anual do IDH, com acréscimo de mais de 10 anos na expectativa de vida, que passou a ser de 75,7 anos, e de 3,2 anos na expectativa de tempo de escolaridade de crianças a partir do ingresso nas escolas em idade regular. A média de estudos de adultos com 25 anos ou mais passou de 3,8% para 7,8% e a renda dos brasileiros neste mesmo período cresceu 28,6%.

Mundo

Noruega (0,953), Suíça (0,944), Austrália (0,939), Irlanda (0,938) e Alemanha (0,936) lideram o ranking com os melhores resultados. Os cinco últimos países no ranking são: Burundi (0,417), Chade (0,404), Sudão do Sul (0,388), República Centro-Africana (0,367) e Níger (0,354).

A Irlanda registrou um dos maiores crescimentos ao subir 13 posições de 2012 para 2017. Violência, conflitos armados e crises internas fizeram com que países como Síria, Líbia, Iêmen e Venezuela registrassem as maiores quedas do índice, respectivamente, 27, 26, 20 e 16 posições.

Considerando a realidade de 1990, o IDH global aumentou 21,7% e o número de países classificados como de “muito alto desenvolvimento humano” aumentou de 12 para 59 e os de “baixo desenvolvimento humano” caiu de 62 para 38 neste período.

A expectativa de vida das pessoas, ao nascer, passou de 65,4 anos em 1990 para 72,2 anos em 2017 e mais de 130 países conseguiram universalizar as matrículas de crianças no ensino primário. Entretanto, assim como no Brasil, os avanços são ameaçados pelas desigualdades entre países ou até internamente. Mundialmente, a diferença na distribuição de renda chega a 22,6%, enquanto as desigualdades nos ganhos em educação são de 22% e em saúde, 15,2%.

O aumento da expectativa de vida para toda a população também não pode ser confundida, segundo o Pnud, com qualidade de vida. Em média, as pessoas em todo o mundo têm 87% da sua vida com saúde relativamente boa, segundo a estatística, mas, “muitas enfrentarão desafios de saúde nos últimos anos de vida”, destacou o programa apontando a realidade dos países de baixo IDH.
 

Saiba mais

 

http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-09/idh-brasileiro-tem-leve-variacao-e-pais-mantem-79a-posicao-no 


IDH: educação não avança e Brasil fica estagnado no ranking de bem estar da ONU

O país ficou na 79ª posição, logo atrás da Venezuela, dentre um conjunto de 189 economias

POR MANOEL VENTURA / MARTHA BECK / DAIANE COSTA / BÁRBARA NÓBREGA    

IDH da Educação ficou estagnado - O GLOBO


BRASÍLIA — Pelo segundo ano consecutivo o Brasil ficou estagnado no ranking de desenvolvimento humano das Nações Unidas, que mede o bem-estar da população considerando indicadores de saúde, escolaridade e renda. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), em 2017 o país se manteve na 79ª posição, logo atrás da Venezuela, dentre um conjunto de 189 economias. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro é de 0,759. Pelo critério da ONU, quanto mais perto de 1, maior é o desenvolvimento humano.

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Para o economista e diretor do FGV Social, Marcelo Neri, esses resultados mostram que a recessão econômica afetou o IDH para além do dano óbvio sobre a renda, que caiu em relação a 2015. Teve efeito indireto sobre a expectativa de vida e sobre a escolaridade, que praticamente estagnaram nessa mesma comparação. A primeira reflexo do aumento da mortalidade, por razões como o surto de vírus Zika e o segundo da falta de estímulo ou condições de estudar, devido ao alto desemprego.

— Entre os anos 1990 e 2010 o Brasil tinha feito progressos em todas essas dimensões acima dos resultados mundiais. Agora estamos vendo toda essa instabilidade econômica afetar o desenvolvimento social, que desacelerou — avalia Neri.

O IDH é calculado com base em indicadores de saúde, educação e renda. Em 2017, a expectativa de vida era de 75,7 anos, praticamente a mesma de dois anos antes (75,3). Na educação, o período esperado para que as pessoas fiquem na escola paralisou em 15,4 anos e a média de anos de estudo foi de 7,8 anos, frente aos 7,6 apurados em 2015. Já a renda per capita, que era de R$ 14,350 em 2015, caiu para R$ 13,755 no ano passado. Por isso, a melhora do IDH do Brasil de 2015 para 2017 foi de 0,002.

Tiago Macedo, de 24 anos, tem um filho de 4. A esposa, 23, é auxiliar de serviços gerais. Mora no Catumbi e concluiu o ensino médio em 2015, mas nem tentou faculdade porque a prioridade é o sustento da família.

— Já era pai, não tinha tempo para trabalhar e estudar. Eu gostaria de ter feito administração para não estar sem emprego agora — conta.

Demitido há seis meses, só foi chamado para duas seleções nesse período.

— Na hora da entrevista o fato de não ter faculdade faz diferença. Hoje você espalha muitos currículos e só um lugar te liga para fazer entrevista, e muitas vezes você não passa - diz.

Apesar de os dados do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) divulgados nesta sexta-feira pela ONU terem como referência 2017, em muitos casos as estatísticas são de períodos anteriores, pois em alguns países só há disponíveis informações mais antigas. A Venezuela sempre apareceu à frente do Brasil no ranking, porque tem uma escolaridade maior e uma renda alta graças ao petróleo. Mesmo assim, o país caiu 16 posições no ranking nos últimos cinco anos.

O Brasil está na 79ª posição do ranking desde 2015, no conjunto de nações de alto desenvolvimento humano. O melhor colocado na lista continua sendo a Noruega (0,953) e o pior, o Níger (0,354). Quando analisados os dados dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), apenas Rússia apresenta um IDH maior que o do Brasil (0,816). Na comparação com a América do Sul, o Brasil é o quinto país com maior IDH. O país fica atrás de Chile, Argentina, Uruguai e Venezuela, nesta ordem.

Os dados do Pnud mostram que o Brasil ocupava 86ª colocação no ranking do IDH em 2012 e subiu posições até 2015, quando estagnou na 79ª. No entanto, considerando a evolução do país desde que o IDH começou a ser calculado, em 1990, o país teve melhoria em todos os indicadores.

A coordenadora da unidade de Desenvolvimento Humano do PNUD, Samantha Dotto Salve, explica que a Venezuela, que passa por uma grave crise econômica e humanitária, ainda aparece à frente do Brasil no ranking porque historicamente tem indicadores "muito bons", que apesar de terem se deteriorado nos últimos anos, ainda se mantêm num padrão alto.

- Ocorre que os indicadores avaliados pelo IDH são bastante estruturais e se referem ao histórico político do país, não mudam drasticamente com um acontecimento recente. Mas já há efeitos da crise. Prova disso é que, entre 2012 e 2017, enquanto a Venezuela perdeu 16 posições no ranking, o Brasil subiu sete. Hoje, a Venezuela só leva vantagem em relação ao Brasil nos anos médios de estudo. Essa brecha entre os dois países está diminuindo e, se os padrões continuarem os mesmos, a tendência é que o Brasil ultrapasse a Venezuela nos próximos anos - disse Samantha.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é a combinação de três outros indicadores: saúde, educação e renda. O resultado do cálculo é um número que vai de 0 a 1. Quanto maior, melhor. São avaliados 189 países

A taxa de crescimento do IDH brasileiro foi de 24,3% entre 1990 e 2017. No período, os brasileiros ganharam 10,4 anos de expectativa de vida e viram a renda aumentar 28,6%. Na educação, a expectativa de anos de escolaridade aumentou 3,2 anos, enquanto a média de anos de estudo subiu 4 anos.

Os números brasileiros são melhores que a média do planeta. Em todo o mundo, desde 1990, o IDH aumentou 21,7%. O índice médio fechou 2017 em 0,728. Ao todo, 94 perderam posições no ranking no ano passado. Outros 61 se mantiveram estáveis e 34 subiram de lugar.

Para o Pnud, a evolução dos dados mundiais aponta que a maioria das pessoas vive mais, tem mais anos de estudo e acessa a mais bens e serviços. No entanto, ainda persistem desigualdades, incluindo a desigualdade de gênero. Além disso, o progresso não é linear e crises podem reverter ganhos.

GOVERNO DESTACA EVOLUÇÃO DESDE 1990

Ao comentar os dados, o o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome preferiu destacar a evolução dos números desde 1990. “O governo federal atribui a melhora dos indicadores à correta condução das políticas públicas e à melhor gestão dos recursos destinados aos programas sociais”, informou a pasta em nota.

“A criação e aperfeiçoamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) neste período, a ampliação do acesso a ações e serviços e à educação, aliados a ampliação da renda das famílias e sua melhor distribuição contribuíram para o avanço do índice nestes anos, colocando o Brasil entre os países de alto IDH”, acrescentou o ministério.

O governo destacou ações da gestão do presidente Michel Temer que, segundo a pasta “tiveram impacto direto na vida dos brasileiros”, como reajustes no Bolsa Família.

“O governo também revisou o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e os benefícios do INSS, como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. As ações vão gerar, ao todo, uma economia de mais de mais de R$ 20 bilhões, recursos que serão economizados do Fundo de Previdência e direcionados a quem realmente se encontra em situação de vulnerabilidade social”, finalizou a nota.

O Ministério da Educação informou que não cabe à pasta emitir posição sobre IDH, pois ele é um índice que envolve diversos fatores alheios a sua competência. Já o Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria, que há desafios a serem enfrentados em relação aos indicadores de desenvolvimento humano no país. "No entanto, é importante destacar que ações desenvolvidas resultaram em melhores indicadores, como o aumento da expectativa de vida no Brasil nos últimos anos".



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