Ilegalidade fechar sete escolas do campo

Ilegalidade fechar sete escolas do campo

Dossiê aponta ilegalidades em resolução que manda fechar sete escolas do campo no Paraná

Decisões sem consulta prévia e dados antigos são algumas das irregularidades; Seed ainda não analisou o documento

Comunidades escolares do campo se unem contra o fechamento de sete escolas
Comunidades do campo se unem contra o fechamento de sete escolas|
Crédito: Divulgação/ Articulação Paranaense por uma Educação do Campo
 

 

Pedidos e pareceres feitos antes da consulta às comunidades, falta de fundamentação técnica, dados equivocados e antigos, violação do direito à educação, benefícios econômicos desproporcionais aos danos sociais, impacto social com potencial evasão escolar. Essas são as ilegalidades e irregularidades apontadas pela Articulação Paranaense Por uma Educação do Campo após a ameaça de fechamento de sete escolas do campo no Paraná, atingindo cerca de 300 famílias.

O dossiê, que denuncia as irregularidades e a violação dos direitos fundamentais dessas famílias de camponeses, foi apresentado em uma reunião virtual com representantes da gestão da educação estadual na segunda (24).

O debate sobre o futuro dessas escolas se arrasta desde 1º de agosto, quando a Secretaria Estadual de Educação (Seed) apresentou uma resolução para fechá-las.

“São comunidades que possuem relação com a instituição escolar de maneira muito próxima, onde a escola assume papel de presença importante do Estado, do poder público e da instituição pública”, diz o documento.

“O fechamento forçado prejudica diretamente as famílias de agricultores, que preparam seus filhos para sucessão familiar na agricultura, sendo assim, seus filhos precisam estar em casa ao meio-dia”, denunciam.

Em virtude do impasse, a comunidade do campo reivindica reabertura do sistema de matrículas, novo estudo e parecer, campanha de matrículas no campo e calendário amplo sobre o fortalecimento das escolas do campo.

O defensor público Fernando Redede Rodrigues aponta que as consultas junto à comunidade e o comunicado ao Conselho Estadual de Educação (CEE) foram feitas de forma muito acelerada. “É necessário um tempo para que se acolha a opinião da comunidade para se emitir um parecer. Isso não ocorreu”, pontua o defensor.

Seis ilegalidades apontadas

Para professores e comunidade, existem seis contradições na documentação apresentada pela SEED ao CEE que teve pareceres favoráveis ao fechamento das escolas do campo.

1. Ilegalidade formal: O protocolo de fechamento e os pareceres do CEE são anteriores das consultas ás comunidades, violando o processo legal de escuta e participação. Ou seja, a decisão já estava tomada antes mesmo de ouvirem a comunidade.

2. Falta de Fundamentação: O CEE/SEED não consegue justificar tecnicamente por que a decisão de fechar contraria a vontade maciça da comunidade.

3. Falsidade de Dados: Os documentos oficiais se baseiam em informações e fotografias comprovadamente equivocadas e/ou antigas sobre a estrutura das escolas.

4. Bloqueio de Matrículas: O fechamento do sistema de matrículas impede o registro da demanda real de alunos, o que cria uma falsa justificativa para o fechamento (“falta de alunos”).

5. Desproporcionalidade: Os supostos benefícios alegados para o fechamento (economia/custos) são totalmente desproporcionais aos danos sociais, culturais e econômicos causados às comunidades rurais.

6. Impacto Social: O fechamento forçado prejudica diretamente as famílias de agricultores, que preparam seus filhos para sucessão familiar na agricultura. A dificuldade de acesso às escolas próximas pode provocar evasão escolar.

Seed diz que estuda os casos

Segundo os representantes da Seed, o documento com os questionamentos ainda não foi acessado pela pasta. Também disse que querem fortalecer a educação no campo e que fizeram campanhas e calendário para matrícula no campo. “Nós estamos avançando. Pode não ser o ideal, mas estamos tentando”, diz a representante.

Com relação ao fechamento de sete escolas, está sendo feita uma análise mais aprofundada envolvendo diversos departamentos. “A gente procura ser muito transparente em todo o processo. Seja por manter ou fechar uma escola”, acrescentou-se.




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