Impor Future-se por MP
Bolsonaro quer impor Future-se por MP: autoritarismo para privatizar universidades
Na tarde de hoje (28), Weintraub anunciou, em comissão na Câmara de Deputados, que o governo estuda levar o projeto Future-se a cabo via MP, estrangulando as universidades e entregando a pesquisa nas federais para o imperialismo de forma mais acelerada.
Rafael Campos quinta-feira 29 de agosto
O Ministro da Educação, Weintraub, declarou hoje, durante comissão de Finanças e Tributação na Câmara dos Deputados, que o governo analisa as possibilidades de o projeto Future-se ser levado adiante via Medida Provisória, para acelerar o processo de entrega da pesquisa nas universidades e institutos federais para as mãos das OSs (Organizações Sociais, vulgo empresas privadas) e do capital estrangeiro.
O projeto, que estrangula e entope goela abaixo do ensino superior a ingerência dos mercados internacionais nas pesquisas, cede prédios públicos das universidades para empresas privadas, aprisiona nossas pesquisas aos interesses dessas empresas, e que visa colocar os contingentes de verba pública para educação em fundos de investimentos geridos por essas empresas, seria inicialmente conduzido via projeto de lei, para ser votado na Câmara e no Senado. Mas o governo Bolsonaro e o asqueiroso ministro Weintraub querer ir mais longe, e mais rápido no ataque, impondo via MP, que delibera a aplicação imediata do projeto enquanto lei, esse ataque brutal.
A justificativa do ministro é que as universidades estão “estranguladas”. Ora, de fato estão, mas essencialmente por que desde maio deste ano o governo anunciou cortes que chegam a 2,2 bilhões de reais – que foram usados inclusive para custear as emendas e o pagamento de parlamentares para aprovar a reforma da previdência na Câmara – e esquece de dizer que o estrangulamento das universidades vem das próprias mãos do MEC e de Bolsonaro, que arrancaram os “chocolatinhos” das universidades e institutos federais, deixando suas situações ainda mais drásticas.
Junto com isso, nas últimas semanas o governo anunciou e efetivou cortes nas bolsas do CNPQ, mais um ataque importante às pesquisas, e que merece uma grande atenção por parte de estudantes e de toda a população.
A necessidade de Weintraub avançar com o Future-se está exatamente no peso importante que tem a juventude, e a juventude universitária que está sendo atacada, enquanto setor que já mostrou que pode ser oposição ao governo Bolsonaro. Isso ficou demonstrado nos dias 15 e 30 de maio, com as mobilizações que tomaram conta do país contra os cortes na educação.
Ao mesmo tempo, o próprio Future-se também apareceu após uma vitória importante de Bolsonaro, que foi a aprovação da reforma da previdência na Câmara dos Deputados, uma derrota importante para os trabalhadores, mas também para a juventude, já que a estratégia do governo foi de usar os dois ataques para separar estudantes e trabalhadores em duas lutas distintas.
Nisso, também teve um papel fundamental a politica das centrais sindicais, como CUT e CTB, e da UNE, entidades dirigidas por PT e PCdoB, que aceitaram essa separação, tanto pela via de seus governadores no Nordeste, que apoiaram a reforma, quanto pela política da UNE, por exemplo, que durante o 57° Congresso da entidade, virou as caras durante seu primeiro dia para a aprovação da reforma, que acontecia concomitantemente com sua abertura, sem sequer mencionar um ataque tão brutal quanto à reforma.
Em meio à crise colocada para o governo fruto das queimadas na Amazônia, é fundamental discutirmos que cada um desses ataques de Bolsonaro e seus ministros, dos deputados, senadores e governadores, fazem parte de um mesmo projeto, que é a entrega completa de nosso país e de nossos recursos para as maõs das potencias imperialistas.
Um projeto de Brasil “fazenda do mundo”, que desmata a biodiversidade em nome do agronegócio, e de um país exportador de soja e carne, atacando terras indígenas e quilombolas, áreas de preservação, e com discursos absurdamente nojentos sobre o meio ambiente, repletos de obscurantismo.
Um projeto de país, onde a pesquisa se volta para os interesses das empresas privadas que estão sedentas pelo Future-se, para que esse projeto de “fazenda do mundo” se reflita também desde as universidades, colocando nossa pesquisa em função dos interesses do capital estrangeiro e do agronegócio.
Por isso é necessário que CUT, CTB e também a UNE coloque de pé um grande plano de lutas, que unifique a luta contra todos os ataques, os enxergando enquanto partes constitutivas de um mesmo projeto. Que organizemos desde às bases, nos locais de trabalho e nas universidades uma forte luta contra Bolsonaro e todos os seus ataques, unificando as fileiras de estudantes e trabalhadores, para que não sejamos nós, mas sim os capitalistas que paguem por essa crise.