Infectologista defende volta às aulas

Infectologista defende volta às aulas

Infectologista defende volta às aulas no Rio Grande do Sul

Tema foi discutido em uma videoconferência da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul

Infectologistas defenderam o retorno às aulas nos municípios levando em consideração questões locais

 

Infectologistas defenderam o retorno às aulas nos municípios levando em consideração questões locais

| Foto: Fernanda Bassôa / Especial / CP Memória

 

Reabertura das escolas, testagem em massa para o novo coronavírus e uso de cloroquina foram temas de videoconferência promovida nesta quarta-feira pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul).

Em meio à pandemia da Covid-19, que já vitimou mais de 17 mil pessoas no Brasil, infectologistas defenderam o retorno às aulas nos municípios

levando em consideração questões locais, como estrutura e serviços de saúde. A presidente da Federasul, Simone Leite, conduziu o debate do Tá na Mesa.

Médica de Família nos Vales do Taquari e Rio Pardo, a infectologista Cristiane Hernandes afirma que o novo coronavírus mudou o comportamento das pessoas de uma hora para outra, com a divulgação em massa de informações 'às vezes conflitantes', o que acabou gerando receios e incertezas em todo mundo.

Apesar de reconhecer que no Rio Grande do Sul, a doença avança gradativamente em número de infectados, ela observa que é preciso levar em consideração as diferenças entre as populações de municípios, estados e países.

Cuidados

No Estado, Cristiane alerta que rede de saúde pública ainda não está esgotada, mas frisa que é necessário tomar cuidado para evitar estimular que todas pessoas saiam à rua.

"Não podemos trabalhar com extremos, o retorno deve ser consciente, gradativo. Quem é fator de risco, como idosos e pessoas crônicas, se podem, devem permanecer em casa", destaca. A especialista garante que o uso de máscaras é uma medida eficaz e que auxilia para impedir a propagação do vírus, mas critica a obrigatoriedade do acessório. "Prefiro acreditar no bom senso das pessoas. Sozinha no escritório por que vou usar máscara?", compara.

Sobre a possibilidade de volta às aulas, ela frisa que é complicado 'falar emocionalmente' porque é mãe de duas meninas. Cristiane alerta que a educação deve ser olhada considerando particularidades locais para oferecer uma estrutura capaz de receber os alunos com segurança, além de conferir se a vacinação das crianças está em dia e se existem condições de manter higienização do local. "Tem que se considerar questões locais, estrutura, serviço de saúde local", frisa.

Cristiane defendeu ainda a testagem em massa da população para poder apurar com precisão os casos de pessoas infectadas pela Covid-19. "É fundamental testagem em massa da população para entender os casos", observa.

Sobre uso de hidroxicloroquina e cloroquina, ela garante que prefere seguir a orientação da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que é contra a utilização desses medicamentos nos tratamentos do novo coronavírus por falta de evidências científicas. "Não é recomendado nenhum desses tratamentos, principalmente preventivo", alerta.

Coronavírus assustou o Brasil 

Ex-Presidente da Associação Gaúcha de Profissionais em Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar (AGIH), o médico infectologista Ricardo Zimerman afirma que a chegada do vírus ao Brasil assustou a população e autoridades, uma vez que a doença do ponto de vista virulógico é nova.

O especialista, no entanto, garante que as projeções envolvendo letalidade e mortalidade foram superestimados. "A letalidade é bem menor do que se dizia, talvez dez vez menor. Não é 60% a 70% das pessoas que vão se infectar, esse número vai ser bem menor", projeta.

Zimerman defendeu a reabertura das escolas gaúchas com alguns cuidados, como medição da temperatura corporal na entrada e na saída das instituições, recreios em horários alternados e sem aglomeração, além de reduzir o número de bebedores e ampliar a higienização.

Para o infectologista, o papel da criança na transmissão epidemiológica é 'muito pouco'. "As crianças são pouco suscetíveis ao coronavírus, se se infectam ficam pouco doentes e transmitem muito pouco", justifica. Na avaliação de Zimerman, o uso de máscaras de proteção pode ajudar evitar a propagação do vírus.

No entanto, ele acredita que o uso do acessório dentro do carro, em praças, parques e durante atividades físicas é ineficaz. "A máscara protege principalmente quem usa a máscara", alerta.

Ele recomenda que as pessoas que estão doentes devem permanecer em quarentena em casa e evitar circular. E classificou como falácia a decisão de alguns estados, entre os quais o Rio Grande do Sul, de determinar funcionamento de serviços considerados essenciais. "O timming não foi adequado, não concordo com essas estratégias", acrescenta.

Ao garantir que as ações do governo federal são 'defensáveis', Zimerman critica a decisão do governador de São Paulo, João Doria, de limitar o 'direito de ir e vir' da população. "Acho mais defensável a posição do governo federal do que de São Paulo, em particular no que diz respeito a liberdades individuais", ressalta.

Sobre uso da hidroxicloroquina e da cloroquina, afirma que a decisão pelo tratamento deve envolver apenas médico e paciente. "Alguns colegas mostram estudos negativos e outros positivos. Existem estudos contraditórios", conclui.

Felipe Samuel

 

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