Isenção até R$ 5 mil
ISENÇÃO ATÉ R$ 5 MIL: O MILAGRE DO SENADO QUE A CÂMARA QUER GUARDAR PARA ELEIÇÃO

No Brasil, até a isenção do Imposto de Renda vem embrulhada num pacote de intrigas. Não bastasse o bolso do trabalhador viver eternamente atrasado em relação ao preço da feira e da gasolina, agora o alívio fiscal virou palco de duelo alagoano: Renan contra Lira, Alagoas transformada em ringue tributário com repercussão nacional.
Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, os senadores levantaram a mão e, como num raro milagre de Brasília, aprovaram por unanimidade — vinte e um votos, sem uma careta. É quase como se todos tivessem lembrado que a grande maioria dos brasileiros não chega nem perto dos tais cinco mil reais de salário. E quando chega, ainda precisa fazer contas com a farmácia, a conta de luz e a fatura do cartão.
Renan Calheiros saiu da sessão com aquele ar de gladiador vitorioso. Fez pose para os fotógrafos, falou em “justiça tributária” e lançou farpas contra Arthur Lira, o vizinho de estado e desafeto de quintal. Para Renan, Lira anda mais preocupado em poupar as bets e as remessas milionárias para o exterior do que em aliviar o contracheque do assalariado. É como se, em vez de tirar o peso do feijão do prato, preferisse afagar o caviar na mesa dos que exportam lucros para paraísos fiscais.
E, como não poderia faltar, o fantasma das eleições ronda o plenário. Renan acusou os líderes da Câmara de querer adiar a isenção para 2027 — dois anos depois do esperado. Motivo? Evitar que o povo associe o alívio no bolso com as urnas de 2026. Em Brasília, até o direito de não pagar imposto vira cálculo de marketing político.
Entre discursos inflamados e fotos oficiais, o trabalhador brasileiro segue no ônibus lotado, calculando se a promessa de isenção vai se converter em dinheiro real ou se será apenas mais um daqueles anúncios que enchem manchetes, mas esvaziam o carrinho de compras.
No fim, a crônica é simples: o Senado diz que o brasileiro até 5 mil reais está livre do Leão; a Câmara promete votar no dia 1º de outubro; Renan e Lira duelam como coronéis em uma briga que mistura vaidade, poder e cifras. E o povo, esse, aguarda — entre uma marmita e outra — que a justiça tributária desça finalmente do discurso para a conta bancária.
Porque, no Brasil, até o alívio de não pagar imposto vem com prazo de validade eleitoral.
FONTE:
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