Juros anuais com fuzil ou feijão
Com fuzil ou feijão, banqueiros querem seus 288% de juros anuais — sustenta Ladislau Dowbor
O economista Ladislau Dowbor não estranha a nota recém-divulgada pela Febraban, a entidade dos banqueiros, desautorizando críticas em seu nome ao governo ou à política econômica de Paulo Guedes.
A nota original à qual os banqueiros aderiram, organizada pela golpista Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), tem o objetivo de pedir que os poderes da República se respeitem.
Em tese, seria uma forma de desautorizar qualquer tentativa golpista emanada do 7 de setembro, organizado por Jair Bolsonaro e suas milícias profissionais (PMs e Exército) ou paramilitares (atiradores e gado em geral).
Porém, os banqueiros quiseram deixar claro que não criticam o governo Bolsonaro.
Formado em Economia Política pela Universidade de Lausanne, da Suiça, Dowbor cursou mestrado e doutorado em Ciências Econômicas na Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, na Polônia, e hoje é professor-titular da PUC de São Paulo.
Dowbor diz que, por trás da pantomima diária de Bolsonaro, os capitalistas nunca tiraram tanto proveito do ambiente completamente desregulado, que resulta em juros de 288% anuais no cartão de crédito.
O Itaú registrou lucro de 120% em seu mais recente balanço, enquanto o Santander chegou a “apenas” 102%.
Isso, com a economia paralisada.
Enquanto isso, o Bradesco deita e rola como acionista da privatizada Vale do Rio Doce, já que a economia brasileira se resume à exportação de minérios e produtos do agronegócio.
Dowbor diz que os desmontes da Petrobras, da Eletrobras e dos Correios apontam na mesma direção: uma inédita feira livre, como jamais se viu na economia brasileira.
Daí a atitude ambígua dos banqueiros: não querem se associar diretamente ao criminoso Jair Bolsonaro, enquanto tiram proveito das políticas promovidas por ele e Paulo Guedes.
Dowbor, na entrevista ao Viomundo, afirma que juros equivalentes aos que os banqueiros estão cobrando no Brasil, hoje, os levariam à cadeia na França!