Kroton divide em quatro
Maior grupo de educação do país, Kroton vira Cogna e se divide em quatro
Com a divisão, a empresa busca atrair diferentes investidores e se afirmar como prestadora de serviços de tecnologia para escolas e faculdades
07/10/2019 - POR MARCELO MOURA
Maior empresa privada de educação do Brasil, com valor de mercado de R$ 18,2 bilhões, a Kroton muda hoje de nome, de foco, de organização e de governança. Torna-se uma holding chamada Cogna Educação, com direito a uma nova sede, na Avenida Paulista, e um novo ticker na Bolsa: a partir do dia 11, KROT3 e KROTY dão lugar a COGN3 e COGNY. “A empresa está mudando inteira, por dentro e por fora. Essa é a mensagem”, diz o CEO, Rodrigo Galindo. "Só com essa mudança de foco, estamos triplicando nosso mercado potencial".
Na última década, a Kroton cresceu investindo na consolidação do mercado de ensino superior, ao comprar faculdades. A estratégia parou de surtir efeito. Quando o Cade vetou a compra da Estácio, em junho de 2017, as ações subiram. No primeiro trimestre de 2019, a empresa registrou lucro líquido 47,4% menor do que no mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre, a queda foi de 44,2%. Agora, com o fatiamento, a Cogna pretende avançar na prestação de serviços para escolas e faculdades.
Kroton – a antiga marca do grupo agora representa o setor B2C para ensino superior, em faculdades como a Anhanguera. Este foi, até agora, o mercado principal da empresa.
Saber – a nova marca consolida os serviços de educação para o ensino básico, como cursos de línguas (B2C), além de disputar as licitações no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), do Ministério da Educação.
Somos – a marca de ensino básico comprada pela Kroton, em abril de 2018, vai atuar na prestação de serviços de gestão para escolas (B2B) e produção de material didático para alunos. O nome está mudando: agora é Vasta/Somos, num sinal de que, em breve, será apenas Vasta.
Platos - a nova marca vai prestar serviços de gestão para o ensino superior (B2B). “A gente sempre entendeu que o nosso modelo acadêmico, o Kroton Learning System, era um diferencial competitivo gigantesco, o nosso secret sauce”, diz o CEO Rodrigo Galindo. “Agora estamos criando uma empresa para oferecer isso. Por quê? Porque o mundo está mudando. Eles não precisam ser nossos competidores, podem ser nossos parceiros. A gente pode ajudá-los a ser mais eficientes”.
Braço de investimentos em startups, a Cogna Ventures será estruturado em 2020.
Com a reforma, o grupo pretende se afirmar como um prestador de serviços para empresas (B2B). Atender consumidor final (B2C), na visão de Galindo, é uma atividade com menor potencial de crescimento.
O conselho de administração agora tem dois nomes do mercado: Thiago Piau, CEO da Stone; e Juliana Rosembaum, conselheira da Duratex e da Suzano. CEO do grupo, Rodrigo Galindo passa a ocupar também uma cadeira. Os fundadores das empresas compradas pela Kroton na década passada (Pitágoras, Iuni, Unopar e Anhanguera), que formavam o conselho administrativo, passam a formar um novo conselho consultivo.
O fatiamento da Kroton em quatro empresas despertou, no mercado, rumores de um IPO – a ponto de a CVM perguntar oficialmente. No fato relevante divulgado em agosto, o grupo disse que “avalia constantemente alternativas de operações estratégicas (...), incluindo potencialmente uma operação de mercado de capitais ou outras transações”. Rodrigo reconhece que, separadas, as quatro empresas tornam-se mais atraentes a investidores distintos.
“Um negócio menos maduro e de alto crescimento é mais interessante a um fundo de private equity, um negócio mais maduro é candidato a IPO. Isso não é nenhum plano nosso, estou apenas descrevendo a lógica do mercado”, diz. "Essa estrutura dá flexibilidade para a gente fazer o movimento societário que a gente quiser. Não tem nada na mesa, a gente não está fazendo nada concretamente, mas tem o potencial”.