Legado de miséria do Onyx

Legado de miséria do Onyx

O legado de miséria do ministro Onyx 

A precarização do trabalho ocorreu em um cenário de crescimento inflacionário, corroendo a renda real da classe trabalhadora

Cristina Pereira Vieceli (*)


Recentemente o ministro Lorenzoni publicou um artigo comemorando a geração histórica de empregos no Brasil. Uma análise falaciosa. Isto porque o novo CAGED, base utilizada pelo ministro, não é um bom indicador do desempenho geral do mercado de trabalho, a começar porque se refere apenas a uma pequena parcela registrada pelos empregadores, dessa forma, não capta os trabalhadores informais, desempregados, subempregados, entre outros. Para tanto, deve ser analisada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNAD-C.

Outra questão importante que deve ser destacada é que muitas empresas registram os vínculos do CAGED fora do prazo. Isto acontece todos os anos, no entanto, recentemente houve maior defasagem em função do maior número de falências de empresas devido a pandemia e dificuldades com as mudanças metodológicas. A exemplo disso é que recentemente os registros de 2020 foram revisados com reversão do saldo positivo de 142 mil vagas para queda de 191,5 mil. A revisão deve ocorrer também para os resultados de 2021. 

Lorenzoni erroneamente compara os dados do novo CAGED com anos anteriores. Isto não é possível, dado que a partir do início de 2020 houve uma mudança metodológica em que o novo CAGED passou a fazer parte dos registros do e-Social. A partir de então foram incluídos diversos vínculos como os trabalhadores parciais, por prazo determinado, entre outros, que não pertenciam à base anterior. Dessa forma, os dados atuais captam maior número de vínculos comparativamente.

Em relação a PNAD-C os dados do trimestre de agosto a julho de 2021 apontam que houve um aumento no número de empregos e queda da taxa de desemprego comparativamente ao mesmo período do ano anterior, o que já era esperado, considerando os efeitos do arrefecimento da pandemia devido ao avanço da vacinação. Isto ocorreu a despeito da gestão catastrófica da pandemia, marcada por escândalos e lentidão na compra de vacinas. 

Somos historicamente exemplo internacional em campanhas de vacinação, poderíamos ter saído da crise sanitária muito antes, recuperado os empregos perdidos, criado oportunidades, e principalmente poupado a vida de milhares de pessoas. A recuperação, entretanto, foi tímida, não criou os empregos perdidos em 2020 e a taxa de desemprego manteve-se historicamente elevada, acima de 12%, o que representa quase 13 milhões de pessoas. Além disso, as vagas geradas foram principalmente de baixa remuneração e proteção social, em que se destaca as trabalhadoras domésticas, empregados no setor privado sem carteira e conta própria. A precarização do trabalho ocorreu em um cenário de crescimento inflacionário, corroendo a renda real da classe trabalhadora que apresentou queda de 11,14%. O legado do atual governo é, portanto, de aumento da miséria.

(*) Doutora em Economia/UFRGS, Economista do DIEESE

 

https://sul21.com.br/opiniao/2022/01/o-legado-de-miseria-do-ministro-onyx-por-cristina-pereira-vieceli/ 




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