Lemann pode quebrar a Educação
LEMANN QUEBROU A AMERICANAS E PODE QUEBRAR A EDUCAÇÃO PÚBLICA
Os alertas estão piscando, a educação não deve estar no balcão de negócios de Jorge Paul Lemann, o maior magnata do país.
TARSILA AMORAS 18 JAN 2023
A primeira quinzena de 2023 já rendeu manchetes internacionais de olhos no Brasil, uma das últimas anunciou o rombo de R$20bi das Lojas Americanas, número maior que o dobro de seu caixa. Controlada pelo grupo 3G Capital, tem entre seus comandantes Jorge Paulo Lemann, o homem mais rico do Brasil que detém uma fortuna avaliada em R$72bi. Tubarão do ramo cervejeiro, investidor de grandes marcas, organizador da privatização da Eletrobrás e construtor das bases da educação brasileira, Lemann é a escultura perfeita do neoliberalismo e do “consenso por filantropia” (TARLAU; MOELLER, 2020). Os alertas estão piscando, a educação não deve estar no balcão de negócios do maior magnata do país.
Descendente de suíços e criado nas praias do Leblon, Lemann estudou em Harvard e trilhou o caminho privilegiado por ser filho de Paul Lemann (dono da empresa de laticínios, Lemann&Company, “Leco”) e Anna Yvette Truebner (de família de grandes exportadores de
cacau da Bahia). A ambição por crescimento econômico e de poder é algo que acompanha a formação de seus planejamentos escandalosos, como é o caso da Americanas. Homenageado por alguns como pioneiro da meritocracia brasileira, é necessário compreender o que está em jogo quando deposita suas fichas na educação. Hoje é conhecido no ramo educacional pela Fundação Lemann, fundada em 2002, mas que começou a entrar em cena em 2012 e em 2015 já assinava como a fundação mais poderosa do Brasil. É reconhecida por ofertar bolsas de estudos em grandes universidades fora do país e por se propor a melhorar a educação pública à maneira tecnicista.
Como marca para liderar essas reformas educacionais, em 2012 a Fundação Lemann iniciou o debate nacional e internacional sobre a necessidade da criação da Base Nacional Comum Curricular, conforme avançava era mais possível a sua concretização, estando forte o bastante em 2014 com a adesão do então Secretário de Educação Básica e hoje presidente do INEP, Manuel Palácios e outros grandes nomes de chefes de estados e empresários.
A aprovação da BNCC em 2017, no governo Temer, inaugurou o conglomerado da educação brasileira em meio a crise do pós impeachment de Dilma Rousseff e à direita se organizando no país.
Lemann se forjou naquele período como um homem não apenas comandante de capital, mas também de poder político a partir do projeto RenovaBR, organizado por ele para formar jovens lideranças – como Tábata Amaral, eleita deputada federal (PDT) de SP em 2019 – que defendam seus ideais educacionais na expansão do setor privado e que consigam responder os problemas políticos com soluções técnicas. Para isso, vale dispor estratégicamente de recursos econômicos, materiais, produção de conhecimento, poder de mídia formal e informal para consolidar amplo apoio suas iniciativas para a educação, esse movimento é chamado de “consenso por filantropia” e liderado por uma Organização Sem Fins Lucrativos, a Fundação Lemann.
A disputa da educação é também uma disputa de modelo de sociedade, pois, como subsistema do capitalismo, é desenvolvida para a manutenção do seu modo de produção e para formar gerações a partir de princípios éticos e morais. As inúmeras crises para a aprovação da BNCC em 2017 revelaram que essa padronização do currículo não é algo consensual entre os profissionais da educação. E, nessa história, Paulo Lemann possui lado, o de expandir mais seu acúmulo de capital, sendo necessário não tornar inseguro seu local indiscutível de homem mais poderoso do Brasil.
Hoje o MEC está nas mãos de nomes que defendem o modelo de gestão empresarial da educação, ou, também conhecido como modelo Sobral, entre eles: Palácios, Izolda Cela, ex-governadora do Ceará e atual Secretária Executiva do MEC e Denise Pires de Carvalho, reitora da UFRJ que carrega a marca de rifar a universidade pública às investidas da privatização, assume a Secretaria de Educação Superior. Essa forma de gerir a educação baseada no ensino bancário, combatido por Paulo Freire, é implementado pelo coronelismo do Governo do Ceará há décadas para formar os alunos para testes padronizados e para serem os futuros trabalhadores em um mundo em que os filhos dos milionários, tornam-se bilionários, e os filhos dos trabalhadores tornam-se cada vez mais explorados.
É urgente que os estudantes, os sindicatos e os movimentos sociais tomem o controle do debate curricular da educação para combater os avanços da direita na privatização das universidades e na Reforma do Ensino Médio. Nesse cenário, chega a ser irresponsável acreditar que a educação pública está garantida por avanços progressistas no governo Lula, nosso papel é exigir a defesa de direitos e construir nas bases, nas ruas, um modelo de ensino livre das garras do capitalismo. Não há espaço para Lemann fazer da educação sua simetria. Não há espaço para os bilionários existirem.
Referência:
TARLAU, R.; MOELLER, K. O consenso por filantropia: como uma fundação privada estabeleceu a BNCC no Brasil. Currículo sem Fronteiras, v. 20, n. 2, p. 553-603, maio/ago. 2020
Lehmann, bilionário que ajudou a privatizar a Eletrobrás, está envolvido no sumiço dos 20 bilhões das Lojas Americanas
Nos últimos dias veio à tona mais um escândalo no mercado financeiro, um rombo de R$ 20 bilhões descoberto nas contas das Lojas Americanas. Lucrando por trás dessa mega corporação está o grupo 3G, de Jorge Paulo Lemann, um dos bilionários mais ricos do país que recentemente ajudou a privatizar a Eletrobrás, após os serviços que prestou ao golpe institucional de 2016.
Antônio Duarte segunda-feira 16 de janeiro
Não são novidade os casos de fraude e corrupção desenfreada nas mais altas esferas do mercado financeiro. São um pilar dos negócios burgueses. O que chama atenção é que o parasita por trás deste rombo é um dos que entregou a Eletrobrás ao capital financeiro com a justificativa neoliberal de sempre: corrupção, déficit, etc, como se nas mãos do capital privado a empresa pudesse ser melhor gerida. O mesmo que agora está metido até o pescoço no "sumiço" de R$ 20 bilhões nas Lojas Americanas. Em nome de sua ganância e seus privilégios, esse nojento bilionário, que vive exclusivamente da exploração do trabalho dos outros, aposta com o emprego de mais de 40 mil trabalhadores.
Em uma disputa entre burgueses, o BTG Pactual, articulador das reformas anti-trabalhadores e da autonomia do Banco Central, acusa Lemann e seus sócios na batalha judicial sobre a varejista da "maior fraude corporativa de que se tem notícia na história". Diz o BTG que o "os três homens mais ricos do Brasil (com patrimônio avaliado em R$180 bilhões), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial ’do bem’, são pegos com a mão na caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio". O trio ao que se refere é à 3G Capital - Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, cujo "império" construído por eles tem bases acusadas de fraude, corrupção capitalista e um rompo de R$20 bilhões que não convence ninguém que não foi percebida por eles.
Vale relembrar alguns dos mais reacionários projetos de Lemann. A começar pelo movimento golpista "Vem Pra Rua" que ajudou a golpear Dilma. Desde o governo Temer, esse bilionário parasita passou a ter cada vez tendo mais influência dentro dos Governos, chegando a ter poder de indicação de gestores da Eletrobrás, e colocando o plano de desmonte desta em prática para depois arrancá-la dos brasileiros com o Leilão a preço de banana entregue por Bolsonaro. Nas Americanas, a reforma trabalhista serve a regimes de trabalho precário e mais exploração dos trabalhadores.
A Fundação Lemann já elegeu ao menos 5 parlamentares que em diferentes partidos (PDT, PSB e NOVO) mas que compartilham uma ideologia neoliberal disfarçada de nova, sendo que quem mais se destacou foi Tábata Amaral, que conseguiu conquistar muitos votos de setores de esquerda, falando em nome da educação e cujo maior feito até agora foi justamente votar a favor da Reforma da Previdência, seguindo fielmente as ideias do seu mentor/patrocinador que busca cada vez mais massacrar os trabalhadores em nome de seus lucros. O mais recente projeto da Fundação Lemann segue contemplado dentro do governo Lula-Alckmin, esse que já mostra desde a nomeação de representantes da Fundação Lemann no Governo de Transição ano passado, que não tem nenhum interesse em revogar a perversa reforma do ensino médio.
A unidade que pode de fato derrotar todos os ataques a nossa classe é a dos trabalhadores, junto a todos os setores mais oprimidos da sociedade, de forma independente do novo governo eleito e das instituições do regime. E isso começa com as principais centrais sindicais rompendo com a passividade construída em prol da frente ampla e convocando assembleias em cada local de trabalho, unificando a luta da classe trabalhadora pela revogação integral das reformas e privatizações, como da Eletrobrás, que atacaram a nossa classe nos governos Temer e Bolsonarista e que seguirão massacrando a classe trabalhadora e os mais pobres enquanto não forem revogadas. É preciso impor a reversão da privatização da Eletrobrás e que ela seja gerida pelos trabalhadores, para escândalos como os vistos na Americanas não ocorram.
https://www.esquerdadiario.com.br/Lehmann-bilionario-que-ajudou-a-privatizar-a-Eletrobras-esta-envolvido-no-sumico-dos-20-bilhoes-das?fbclid=IwAR24MQkQFAea6HsUTCJpCC4OsCameRKZ_TyWVRmP2CJ44R220ULfMm-IPQI