Luta contra a jornada 6x1

Luta contra a jornada 6x1

A urgência da luta contra a jornada 6x1 e o avanço do movimento VAT

16 de novembro de 2024

 

A urgência da luta contra a jornada 6x1 e o avanço do movimento VAT

 

Por Rodrigo Tomazini | Robério Paulino

O movimento contra a jornada de trabalho 6×1, iniciado no Rio de Janeiro pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), encabeçado por Rick Azevedo, vereador eleito pelo PSOL, e apresentado como PEC pela deputada federal Érika Hilton (PSOL), foi um dos principais assuntos nas redes sociais, no Congresso Nacional e chegando a todos os setores da população trabalhadora nas últimas semanas. Já conta com 194 assinaturas de deputados federais, ultrapassando rapidamente o mínimo necessário para tramitar no Congresso. 

Esse movimento, que em poucos dias ganhou a simpatia de milhões de trabalhadoras e trabalhadores, tem potencial para tornar-se muito forte também nas ruas, colocando milhares de pessoas em mobilizações massivas por todo país. Já nasce forte e tem o potencial de, a depender da força que tomará, se equiparar a movimentos como o #EleNão. Ele toca a vida de milhões de trabalhadores e trabalhadoras, hoje submetidos a um regime de semiescravidão, nos supermercados, call centers etc. 

Tem o mérito de trazer de volta conceitos intrinsicamente de esquerda, socialistas, do enfrentamento de classe contra classe, da superexploração do trabalho assalariado, da alienação do trabalho, típicos do capitalismo, como tão bem nos explicou Karl Marx em O Capital, no Século XIX. 

Infelizmente, os burocratas do governo, como Fernando Haddad com seu Arcabouço Fiscal, preocupados unicamente em mostrar serviço ao capital, fazem cara de parede, dizem pouco conhecer ou discordam do movimento. A grande maioria dos sindicatos e das centrais sindicais burocratizados, mesmo os “de esquerda”, não se mexeu até aqui perante uma bandeira e um movimento tão essenciais para a vida milhões de trabalhadores de suas bases.

A posição do Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, ex-sindicalista, é no mínimo repugnante. Ele disse em suas redes sociais: “A questão da escala de trabalho 6×1 deve ser tratada em convenções e acordos coletivos de trabalho. A pasta considera, contudo, que a redução da jornada para 40h semanais é plenamente possível e saudável, quando resulte de decisão coletiva” (FACEBOOK, 12/11/24). 

Essa é a mesma posição de Rogério Marinho, autor da última e terrível Reforma Trabalhista e senador de direita. É importante ressaltar que tal argumento não deveria estar sendo defendido por um ministro do trabalho de um governo que minimamente aspire ser de esquerda ou progressista. Esse mesmo argumento é utilizado por governos abertamente de direita ou extrema direita. Sabemos o peso dos patrões nas negociações coletivas ou individuais, a desigualdade de forças entre as partes nos acordos coletivos e onde a corda estoura.

A saída tradicional da classe trabalhadora contra as jornadas excessivas de trabalho, desde o século XIX, sempre foi a redução da jornada. Hoje, em muitos países da Europa, depois de décadas de luta, os trabalhadores conseguiram jornadas de 30 horas semanais. Na Bélgica, Islândia, Nova Zelândia, Japão, Espanha, Reino Unido já se discute e se caminha para uma semana de apenas 4 dias de trabalho. Alguns estudiosos chegam a afirmar, inclusive, que essa seria uma saída para o capitalismo. 

A tecnologia disponível hoje e a riqueza acumulada – infelizmente na mão de poucos – permitiriam a todos os trabalhadores do mundo ter uma jornada de no máximo 30 horas semanais. E é exatamente isso que prega o movimento VAT, que é possível ter vida além do trabalho, ter direito ao descanso, ao lazer, ao estudo, a tempo para dar mais atenção à família etc.   

Mesmo em um quadro de derrotas, como vimos nas recentes eleições no Brasil e nos EUA, esse movimento, se abraçado por todo movimento social, por toda a esquerda, pode ser uma ótima oportunidade para recuperar o terreno perdido, para unir e reencantar a militância desorientada. 

O brilho nos olhos da militância não pode vir apenas de dois em dois anos, nas eleições parlamentares burguesas, onde dificilmente obtemos vitórias, porque este é um campo minado, uma ilusão de que chegaremos um dia a mudar de fato a sociedade por essa via. Basta ver a decepção com muitos governos de esquerda no mundo e no Brasil, pelas limitações impostas pelo sistema parlamentar do capital. Basta olhar para o desgaste atual do próprio governo Lula, que, se não mudar o rumo nesses dois próximos anos, vai entregar o país de volta à direita já em 2026.

O Movimento VAT coloca uma excelente oportunidade de invertermos a dinâmica de derrotas, de soldar a unidade de toda a esquerda numa pauta tradicionalmente classista, de colocar milhares nas ruas imediatamente, de desmascarar a maioria capitalista dos deputados e senadores no Congresso que votarem contra a PEC, de elevar a consciência de classe de milhões de trabalhadores. 

No entanto, se a adesão a tal movimento agora for fraca, se a oportunidade for desperdiçada, se os principais partidos de esquerda não se mobilizarem, não apenas assinando a PEC, mas se integrando ao movimento efetivamente, se ficarmos esperando as próximas eleições, podemos estar nos preparando para uma derrota histórica da esquerda brasileira, que nos custe muitas décadas de paralisia e dificuldades, com o avanço da direita. 

Por isso, é importante que todas as organizações de esquerda e movimentos sociais entendam a importância e se somem a esse movimento agora, imediatamente, ajudando a construir grandes mobilizações por todo o país, colocando milhares de pessoas nas ruas, indo aos supermercados, call centers, etc. fazendo forte agitação e conversando com milhões de trabalhadores e trabalhadoras em seus locais de trabalho, indo aonde eles estão. 

FONTE:

https://saibamais.jor.br/2024/11/a-urgencia-da-luta-contra-a-jornada-6x1-e-o-avanco-do-movimento-vat/?fbclid=IwY2xjawGnZypleHRuA2FlbQIxMQABHV8fT7PMD7rnQ52DqT48e8m0SuSbMSUrVATHBNxzEV-bprb5B6pbbHkrtw_aem_zwl2nlCxLGwMi3frhgMfFQ 

 




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