Mais tempo em sala de aula

Mais tempo em sala de aula

Inovação e mais tempo em sala de aula

Escolas de Ensino Médio de Tempo Integral, implantadas em todo o país para diminuir a evasão e a repetência, apresentam resultados e buscam garantir conexões entre os conhecimentos acadêmicos e o mundo do trabalho

| Foto: Dudu Leal / Divulgação / CP

Enquanto Congresso e governo federal dão os últimos retoques na Reforma do Ensino Médio, tentando garantir um mínimo de carga horária de estudos, o Ensino Médio de Tempo Integral vem colhendo frutos de um projeto implantado há mais de dez anos, com objetivo de diminuir evasão escolar e repetência. No último censo escolar, a modalidade manteve a tendência de alta e atingiu um crescimento de 9,9 pontos percentuais na rede pública do país, entre 2019 e 2023. No RS, dados do Censo Escolar de 2014 mostram que naquele ano apenas 2,8% dos estudantes do Ensino Médio gaúcho estavam matriculados em escolas de tempo integral, correspondendo a 11.142 matrículas. Dez anos depois, a expansão chega a 6,9% das matrículas e é ação prioritária da Secretaria de Educação para o período 2023-2026.

Jornada Ampliada

Acompanhando esforços para garantir a ampliação do tempo de permanência dos jovens na escola, o Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) apostou na modalidade e, em 2014, inaugurou sua a primeira escola de Ensino Médio, em Pelotas. Considerada inovadora, a metodologia foi reconhecida nacionalmente e, hoje, serve de referência para redes públicas e privadas de um Estado que ainda enfrenta muitos desafios para assegurar uma jornada ampliada na escola.

O modelo de ensino em tempo integral do Sesi-RS começou a ser estruturado em 2013, a partir do diagnóstico da necessidade de articulação entre a formação básica de excelência e as demandas do mundo do trabalho. Após mapear experiências internacionais de sucesso, foi construído o projeto-piloto que resultou na inauguração, em 2014, da Escola de Ensino Médio Eraldo Giacobbe, em Pelotas. Dois anos depois, a instituição foi reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) como exemplo de inovação e criatividade na Educação Básica.

Mundo do Trabalho

“As experiências internacionais que nos inspiraram apontavam para a importância de uma jornada mais longa na escola, principalmente para garantir as conexões entre os conhecimentos acadêmicos e o mundo do trabalho", afirma o superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo. Efeito disso é procura crescente de famílias de todos os perfis de renda para matrícula nas escolas. No modelo educacional que não tem fins lucrativos, 80% das vagas são destinadas a dependentes de trabalhadores da indústria, com bolsas que cobrem até 100% das mensalidades. O restante das vagas é aberto à comunidade.

Passar o dia no colégio pode nem sempre ser atrativo em um primeiro momento, mas traz experiências que se mostram valiosas, como afirma a estudante Yasmim de Macedo Corrêa, 21 anos, aluna da Escola Eraldo Giacobbe entre 2017 e 2019. "No início é cansativo, mas acostuma! É bom porque conseguimos dividir bem e aproveitar o tempo, já que tem disciplinas que são diferenciadas", destaca a ex-aluna que agora faz mestrado em Biotecnologia pela UFPel.

Entre os diferenciais das Escolas Sesi estão turmas com no máximo 25 alunos divididos em grupos para incentivar o trabalho em equipe, salas ambiente para cada disciplina (são os alunos que se deslocam pelos espaços, e não os professores) e o uso de recursos tecnológicos – como a robótica. Além disso, o aprendizado se dá por meio da pesquisa, na prática. Cada aluno tem um professor articulador, uma espécie de tutor que apoia nos desafios da aprendizagem e nas escolhas para o futuro. A partir do 2° ano, os estudantes passam a participar de atividades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em articulação com o mundo do trabalho. "Apostamos em uma escola que dá condições para o jovem escolher o caminho que ele desejar”, avalia Sônia Bier, gerente de educação do Sesi-RS.

Expansão

Neste mês foram inauguradas obras de ampliação da escola Eraldo Giacobbe, de Pelotas, com investimento de R$ 21 milhões. Criada em 2014 com 52 alunos, passa a atender 360 estudantes no Ensino Médio, além de 800 na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O RS conta com mais quatro escolas instaladas (em Gravataí, Montenegro, São Leopoldo e Sapucaia do Sul). Duas estão em construção, em Canoas e Lajeado, e quatro escolas estão previstas para os próximos anos, em Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul.

 

FONTE:

https://www.correiodopovo.com.br/amp/cmlink/%2F1.1479183?fbclid=IwAR1viOQpCuFMfEZ-Y-R8iWHZpgKEL_nv-0ucdsxJD8cdEC-fj9qI87FeOA0




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