MEC, agir para reduzir desigualdades
Enem: MEC deve agir para reduzir desigualdades
Dados apresentados pelo Inep/MEC indicam a urgência de políticas educacionais inclusivas
Publicado em 16/01/2024 por Ensino Superior
Manuel Palacios, presidente do Inep, e Camilo Santana, ministro da Educação durante a apresentação dos resultados (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Dos 2 milhões de concluintes do ensino médio em 2023, apenas 1 milhão se inscreveu para prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A informação foi divulgada nesta terça, 16 de janeiro, na apresentação dos resultados do exame, em Brasília. Além disso, entre os participantes, apenas 50% estavam matriculados. “Ou seja, apenas metade dos jovens brasileiros que estão concluindo o ensino médio realizaram a prova”, apontou o ministro Camilo Santana
Há também um desbalanceamento regional. Enquanto alguns estados contam com 80% de estudantes inscritos, outros apresentam apenas 40%. Em um recorte das instituições públicas, a situação é ainda mais grave: apenas 46,7% dos concluintes fizeram o exame.
Laerte Breno, diretor e fundador da UniFavela – instituição socioeducativa que oferece formação educacional e desenvolvimento sociocultural no Complexo da Maré (RJ), atribuiu a baixa adesão às desigualdades sociais e seus impactos no acesso igualitário à educação de qualidade. “Infelizmente, a população de maior poder aquisitivo muitas vezes têm recursos para preparação mais robusta, como cursos pré-Enem, enquanto os alunos de escolas públicas enfrentam carências estruturais e a falta de um suporte adequado.”
Políticas para a mudança
Diante desse cenário, o ministro ressaltou a necessidade de promover ações para uma mudança no quadro. “Estamos trabalhando em algumas ações. Lembrando que nenhuma política pública que trabalhe a Educação Básica tem sucesso se não for construída em conjunto com as redes estaduais. Vamos articular com as redes estaduais para que possamos mudar esses números e cabe uma articulação em cada estado”, afirmou Santana.
Para Breno, implementar políticas educacionais inclusivas, proporcionar recursos adequados às escolas públicas e oferecer programas de preparação acessíveis a todos são pontos cruciais para motivar os alunos. “Além disso, é fundamental promover a equidade no acesso a oportunidades educacionais, buscando reduzir as disparidades regionais e socioeconômicas. Incentivar parcerias entre instituições educacionais, governos e setor privado pode contribuir para o desenvolvimento de programas de suporte, como tutoriais e materiais didáticos acessíveis. A disseminação de informações sobre a importância do Enem para o avanço acadêmico e profissional também desempenha um papel vital na motivação dos estudantes, independente de sua origem, a participarem ativamente no exame”, acrescentou.
Outro aspecto que chama a atenção é a não realização do exame por parte dos estudantes inscritos. De acordo com o ministro, o Inep realizará uma pesquisa com esses alunos para identificar o que motivou o fenômeno. Do total de 1 milhão e 415 mil inscritos, apenas 1 milhão participou da prova. “Queremos identificar o motivo, se foi por morar longe do local em que a prova foi aplicada ou se esse estudante foi desestimulado. Precisamos conhecer a razão para compreender o que o MEC precisa fazer”, explicou Santana.
Segundo Breno, o cenário é triste tanto para o professor da rede pública, quanto para o discente. “Alguns estudantes meus já me retornaram apresentando boas notas na redação. No entanto, é crucial manter um olhar crítico sobre a situação nacional. Dos 60 candidatos que obtiveram a pontuação máxima, apenas quatro pertencem a escolas públicas. Essa disparidade evidencia a necessidade urgente de abordar as desigualdades estruturais na educação, assegurando que todos os alunos de favelas, periferias e da rede pública de ensino tenham igualdade de condições para alcançar seu potencial máximo no Enem”, concluiu.
A apresentação completa pode ser vista no canal do Inep no Youtube (a partir de 1:15:46), acesse.
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