Medo do desconhecido

Medo do desconhecido

É grande, mas vale a pena !!!

Um desabafo do medo...medo do desconhecido...medo da doença...medo da morte

Com o decreto do governador as escolas públicas e municipais só abrem em junho por causa da demora das licitações para conseguir mais pessoal para limpeza das escolas e gastos com materiais de higiene e aquela balela que deve ser dita: 1,5 mt de distância, todos de máscaras, e tal e tal. E as escolas particulares provavelmente estejam liberadas na metade do mês de maio já pq essas tem condições de adquirir todos esses itens.

Tenho medo dessa liberação...as escolas deveriam ser os últimos lugares a serem liberados, de preferência no final do inverno. Entendo que os pais têm que trabalhar, entendo que os donos das escolas tem que ganhar dinheiro, entendo que o nosso mundo é capitalista e a vida das pessoas é a última coisa que se pensa, mas pensemos só um pouco:

Crianças são crianças...não obedecem protocolos de distanciamento, seja em sala pequena ou grande, crianças não aguentam usar máscaras por muito tempo...imagina aquelas que ficam das 7h as 19h na escola (professor vai ter que além de chamar atenção de conversa, de não estar fazendo a atividade, de colocar a máscara, de trocar a máscara, de não chegar perto dos colegas...)fora na hora de ir ao banheiro: por mais que mandamos um por um pra ir ao banheiro vai se encontrar com o colega no corredor e vai dar uma conversada básica.

E o recreio como vai ser? Uma turma por vez? E mesmo assim vão tudo ficar juntinho! Ah claro...não terão recreio nas escolas até acabar o inverno e as crianças subirão pelas paredes na primeira semana.

E o professor? Alguém está pensando no professor que se desloca para a escola de ônibus lotado, porque não vem me dizer que os ônibus não vão lotar quando tudo tiver dentro do protocolo de distanciamento? E chegando na escola vai ter que olhar os cadernos das crianças para corrigir as atividades feitas....claro, a gente pode conseguir lupa, uma bem grande para que o aluno não se amontoe na sua mesa e possamos corrigir com eles sentados nas suas próprias mesas.

Ah fora o estado psicológico dos professores que quase ninguém fala: com férias antecipadas para Maio e tendo que fazer com seus próprios filhos as atividades que não conseguiu fazer até esse mês. Férias? Aonde estão as férias? Daí vamos retornar então e planejamos, planejamos, arrumamos chamada pq tudo muda de uma hora para outra...ah nesse meio tempo a cada 2 horas a mesma fala: troquem de máscara! As falas até já sei quais vão ser: "sora a minha máscara caiu no chão ", " sora eu não tenho mais máscara " , " sora, eu não sei botar a máscara " ...fico pensando na educação infantil, fico pensando no meu filho de 4 anos quanto tempo vai durar uma máscara no rosto dele? Nem um minuto!

Daí se passa uma semana, 15 dias e a profe ficou doente, porque deixa eu lembrar que os professores também são gente, são de carne e osso, tem sentimentos, vão ao banheiro, também cansam e se esgotam!

E daí? Com quem ficam os alunos porque a situação é a mesma tanto na particular quanto na pública: não tem quem fique com eles. Daí eles são dispensados e no retorno, mesmo que o professor tenha ficado doente tem que recuperar essas aulas perdidas. Isso se o professor pegar uma gripe normal, porque provavelmente quem estiver gripado não poderá ficar na escola...deve estar nas regras do retorno as escolas.

Agora se um professor, mas só um pegar o corona...rezem para que nos próximos 14 dias em que todos da escola ficarem de quarentena nenhum tenha pego o vírus. Ah claro, sem contar a família do professor, que a essa altura já devem estar contaminados.

E façam mil promessas aos Santos para que esse professor não morra porque infelizmente, para as pessoas da sua família esse professor será insubstituível, mas para as escolas, logo terá outro no lugar para seguir planejando e lembrando os alunos que tem que trocar de máscara. Claro, todos vão sentir sua falta, mas assim como qualquer profissão nem o professor é insubstituível.

Só um desabafo do medo de ser professor em tempos de pandemia.

Ceres Fauth

https://www.facebook.com/ceres.fauth




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