Melhor horário para começar as aulas
O melhor horário para começar as aulas
Dormir é uma necessidade básica. Afinal, ninguém consegue ficar ativo 100% do tempo: é necessário ter um período reservado para descansar, recuperar as energias e reparar os tecidos do corpo.
Nas salas de aula, principalmente quando os alunos estão despertos desde o começo da manhã, algumas cenas são comuns. Pés balançando impacientemente, cabeças escoradas sobre os braços e bocejos constantes. Com sono, eles não conseguem focar em aprender. Mas, afinal, que horas iniciar as aulas para garantir o seu melhor aproveitamento?
Hormônios detectam o dia e a noite e organizam o seu ciclo de sono. Essa é uma estratégia evolutiva para economizar energia e garantir a sobrevivência da espécie.
O hormônio responsável pela sonolência é a melatonina. Produzida pela glândula pineal, localizada no cérebro, ela é ativada pela ausência de luz e indica quando é hora de dormir.
Ela também explica a dificuldade de acordar cedo. No caso dos adolescentes, a liberação de melatonina acontece cerca de duas horas mais tarde do que em adultos. Sentindo sono em um horário mais avançado, eles tendem a precisar dormir até mais tarde.
É importante ressaltar que o relógio biológico não funciona da mesma forma para todos. Existem aqueles que precisam de mais ou menos sono, os que dormem tarde e os que preferem acordar cedo.
Mas, afinal, que horas as atividades devem começar?
Um dos fatores que interferem no tempo necessário de sono é a faixa etária. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono, jovens entre 13 e 18 anos devem dormir entre oito e 10 horas por noite. Com as aulas iniciando às 7h30min, por exemplo, eles deveriam ir dormir no máximo às 22h30min – considerando que acordem pelo menos uma hora mais cedo para se arrumarem e se deslocarem até a escola.
No Brasil, não é diferente. Um levantamento realizado pela Universidade Federal do Ceará percebeu que aulas iniciadas cedo pela manhã, às 7h, aumentavam em 48% a incidência de sonolência diurna nos estudantes de ensino médio.
No ensino superior, o horário também é um problema a ser considerado. De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Escola de Medicina Duke-NUS e da Universidade Nacional de Singapura, aulas que começam mais cedo, como às 8h, produzem um pior desempenho acadêmico.
Dentre os fatores observados na pesquisa está a baixa frequência: ela foi cerca de 10% menor em aulas que iniciavam às 8h quando comparado àquelas disciplinas que começavam uma hora mais tarde.
Além da baixa frequência e da sonolência diurna, uma má noite de sono pode trazer outros problemas para os estudantes, como:
- Dificuldades de concentração;
- Falta de memória;
- Problemas em raciocinar;
- Dispersão durante as aulas;
- Baixas notas.
Por isso, a recomendação da Academia Americana de Medicina do Sono é de que as aulas não iniciem antes das 8h30min. O horário corresponde ao sugerido por pesquisadores da Universidade Federal da Fronteira Sul, que observaram também melhorias na disposição dos jovens e no seu humor ao experimentarem o novo horário.
Qualidade do sono também importa
Além das mudanças no horário de início da aula, é importante que os estudantes tomem atitudes para melhorar a qualidade do sono. Chamada higiene do sono, essa é uma mudança na rotina para treinar o cérebro na hora de dormir.
Algumas ações para acordar com mais disposição:
- Desenvolver uma rotina e segui-la;
- Evitar o uso de telas próximo ao horário de dormir;
- Utilizar a cama apenas para descansar;
- Desligar as luzes para melhorar a produção de melatonina;
- Prezar pelo silêncio;
- Evitar o consumo de café em horários tardios;
- Preferir alimentos leves à noite.
Dessa forma, os estudantes conseguem um maior desempenho acadêmico e se sentem mais motivados para o aprendizado.
FONTE:
https://desafiosdaeducacao.com.br/melhor-horario-aulas/
O impacto do sono (ou da falta dele) no processo de aprendizagem
A onipresença de luzes, televisores e celulares, bem como a velocidade frenética com que a sociedade se movimenta, transformou o sono em adversário. No afã de aumentar a produtividade diária, seja trabalhando ou estudando, um crescente número de pessoas tem escolhido ficar mais e mais tempo acordado. Mas os cientistas alertam: a maior experiência de produtividade do corpo humano ocorre que estamos… dormindo. E isso inclui, claro, o processo de aprendizado: a quantidade de horas dormidas está diretamente ligada à capacidade de reter conteúdo.
Para entender a relação entre sono e aprendizado, o Desafios da Educação conversou com Magda Lahorgue Nunes (foto acima). Ela é neuropediatra especialista em Neurofisiologia Clínica-Medicina do Sono e vice-diretora do Instituto do Cérebro (InsCer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
Qual a importância do sono para o aprendizado?
O ideal é a fazer essa pergunta de outra forma: quais as consequências de uma noite mal dormida para o aprendizado? Já se sabe que a má noite de sono, ou o sono com baixa eficiência, desequilibra a concentração, a capacidade de memória e o comportamento. São fatores impactados negativamente. O sono é um processo ativo, onde ocorre restauração das atividades cerebrais, como reparação dos tecidos, metabolismo de radicais livre e edição das memórias. Se a privação de sono desregula todo esse sistema, consequentemente vai prejudicar a capacidade de tomar decisões, de resolver problemas e de estudar.
Qual é a quantidade ideal de horas dormidas para que a capacidade de reter conteúdo não seja influenciada negativamente?
O tempo ideal de sono (para armazenar conteúdo ou qualquer outra atividade) varia de acordo com a idade. A melhor dica é seguir as recomendações publicadas em 2014 pela National Sleep Foundation:
- Recém-nascidos: 14 a 17 horas por dia de sono;
- Quatro a 11 meses de idade: 12 a 15 horas;
- Um a 5 anos: 10 a 14 horas;
- Seis a 13 anos: 9 a 11 horas;
- Catorze a 17 anos: 8 a 9 horas;
- Dezoito a 64 anos: 7 a 9 horas;
- Acima de 64 anos: 7 a 8 horas.
E quando as pessoas sentem sono ao estudar?
Teoricamente, uma noite bem dormida produz energia suficiente para manter-se acordado ao longo do dia. Se existe uma sonolência excessiva na hora de estudar, provavelmente há algo errado no sono noturno, o que pode ser produzido a partir de um distúrbio crônico ou de maus hábitos, mesmo.
Muitas universidades oferecem espaços com redes e pufes para leituras, mas também para um cochilo ao longo do dia.
A sesta vespertina é algo que tem sido revisitado pelas instituições brasileiras. E isso é bom porque aquele hábito cultural muito forte nos países latinos se perdeu com a influência americana. O cochilo curto de 30 minutos pode, sim, melhorar a produtividade e ajudar a recuperar um pouco do sono privado à noite – sobretudo aos adolescentes.
Como proporcionar uma noite de sono produtiva?
A higiene do sono é constituída por bons hábitos. Isso inclui reduzir os estímulos luminosos, evitar comidas pesadas ou bebidas com alto teor de cafeína à noite, ir para cama relaxado, estar em um local arejado e evitar barulhos.
Os estímulos luminosos que a sra. se refere são as telas eletrônicas? Porque muitos cientistas dizem que elas são as principais vilãs do sono.
De fato. Nosso organismo é sensível à luz azulada, a mesma do sol do meio dia e dos computadores, televisores e smartphones. A exposição a ela, quando próximos de dormir, desajusta nosso relógio biológico e pode perturbar o sono. O ideal é que as crianças desliguem as telas pelo menos uma hora antes de dormir; adultos, 30 minutos antes.
A senhora dorme bem?
Eu durmo muito bem (risos). E acho que é por isso que estudo o sono. Quero ajudar os outros a dormirem melhor.