Menos crianças e perda de matrículas
EM DOIS ANOS, REDE PRIVADA PERDEU 11% DAS MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Marta Avancini, Marcos Amorozo e Renata Buono|25 mar 2022
Em 2021, a rede privada perdeu 11% das matrículas na educação básica em comparação com 2019. O total de alunos da educação básica nessa rede caiu de 9,1 milhões para 8,1 milhões, ou seja, houve uma perda de 998.440 alunos. A maior parte já no contexto da pandemia: 654,8 mil matrículas a menos da pré-escola ao ensino médio, o que representa uma queda de 7,4% só entre 2020 e 2021.
Essa redução das matrículas na rede privada impactou no total de matrículas da creche à pré-escola, especialmente por causa da perda de alunos na educação infantil, etapa em que a rede privada tem uma participação relativa maior do que nas demais.
Na educação infantil, a rede privada responde por 29,8% das matrículas nas creches, incluindo as conveniadas, e 18,3% na pré-escola, ao passo que no ensino médio detém 12% dos alunos.
Confira aqui os dados completos do =igualdades.
É jornalista de educação e historiadora
Produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí, é estudante da Universidade de Brasília (UnB)
Renata Buono é designer e diretora do estúdio BuonoDisegno
Nos últimos cinco anos, o Brasil perdeu 1,9 milhão de alunos na educação básica, que vai da creche ao ensino médio. Somando matrículas das redes pública e privada, o país tinha, em 2017, 48,6 milhões de matrículas nesse nível de ensino; em 2021, eram 46,7 milhões. A tendência de queda se acentuou durante a pandemia: de 2020 a 2021, quase 627 mil estudantes deixaram de frequentar creches e pré-escolas.
A matrícula de crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos nas escolas é obrigatória por lei, mas, mesmo assim, 1,4 milhão de estudantes desta faixa etária não frequentam o ambiente escolar. O número de pessoas não matriculadas pode ser ainda maior, já que esse dado não inclui as crianças de quatro anos que saíram da escola entre 2020 e 2021.
Desde o início da pandemia, muitas famílias pararam de levar as crianças para as creches e pré-escolas e o reflexo disso fica claro no número de matrículas. Entre 2019 e 2021, cerca de 653 mil crianças de até 5 anos de idade deixaram de frequentar o ambiente escolar. As famílias não são obrigadas a matricular as crianças em creches, mas estudos mostram que esse ambiente tende a favorecer o desenvolvimento da criança, com repercussões positivas sobre toda sua vida.
Mesmo as crianças que permaneceram na escola durante a pandemia tiveram prejuízo na aprendizagem. Estudos apontam que elas estão demorando mais a se alfabetizar: em 2019, 1,4 milhão de crianças matriculadas no 1º e 2º anos não sabiam ler ou escrever, de acordo com seus responsáveis. Em 2021, o número subiu para 2,4 milhões. Isso significa que 40,8% de todas as crianças brasileiras com idade entre 6 e 7 anos não sabiam ler ou escrever em 2021, contra 25,1% em 2019.
Entre 2019 e 2021, a rede privada perdeu 11% das matrículas na educação básica. Em números absolutos, a quantidade de matrículas caiu de 9,1 milhões para 8,1 milhões, uma perda de 998 mil alunos. Isso se deu sobretudo no contexto da pandemia. No período entre 2020 e 2021, foram registradas 654,8 mil matrículas a menos, da creche ao ensino médio.
Uma exceção à regra, durante a pandemia, foi o ensino médio em tempo integral. Com o impacto causado pela implementação do novo ensino médio, a proporção de alunos de ensino médio em tempo integral na rede pública praticamente duplicou em cinco anos. Em 2017, eles representavam 8,4% das 7 milhões de matrículas na rede pública. Em 2021, eles já eram 16,4% dos 6,8 milhões.
No universo da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a etapa que perdeu mais alunos foi o ensino fundamental, que teve uma baixa de 20,6% no número de matrículas nos últimos cinco anos. De um patamar de 2,1 milhão de alunos em 2017, caiu para 1,7 milhão em 2021. Na etapa do ensino médio, a EJA apresentou queda de 13% das matrículas no mesmo período.
Fonte: PNAD – IBGE/ Censo Escolar 2021 e Todos pela Educação
É jornalista de educação e historiadora
Produtor do Foro de Teresina e repórter na piauí, é estudante da Universidade de Brasília (UnB)