Meta de alfabetização de crianças
Brasil não atinge meta de alfabetização de crianças; enchente no RS impactou resultado nacional
Estado teve queda no número de crianças alfabetizadas, passando de 63,4% para 44,6%

Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil/Divulgação
O Brasil não conseguiu atingir a meta de crianças de 7 anos que deveriam estar alfabetizadas em 2024, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11), pelo Ministério da Educação (MEC).
O país tem apenas 59,2% dos alunos do 2º ano do Ensino Fundamental que conseguem escrever bilhetes e convites, ler textos simples, tirinhas e histórias em quadrinhos. No ano passado, eram 56%, mas a meta estabelecida pelo próprio governo federal era chegar a 60%.
Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o objetivo não foi atingido por causa das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em 2024, que deixaram várias escolas sem aulas por muitos dias.
— O Brasil atingiria a meta se o Rio Grande do Sul tivesse resultado similar ao de 2023. Foi uma coisa muito atípica o que aconteceu. Passaram um período em que as crianças não tiveram condições de ir para a sala de aula, afirmou. O Estado teve queda drástica no número de crianças alfabetizadas, passando de 63,4% para 44,6%.
São Paulo foi um dos Estados que melhorou seu desempenho, passando de 51,91% das crianças alfabetizadas para 58,13% (a meta era de 56%). No entanto, apesar de ser o mais rico do país, continua com o índice menor que a média nacional.
Esta é a segunda vez que o governo federal divulga os dados do Indicador Criança Alfabetizada, que foi criado ano passado pelo MEC para mostrar anualmente quantas crianças sabem ler e escrever no País.
O Ceará permanece com o melhor resultado do Brasil, com 85,31% das crianças sabendo ler e escrever. Em seguida, estão Goiás e Minas Gerais. Os desempenhos mais baixos foram da Bahia, com 36% das crianças alfabetizadas (menor que no ano passado), e do Sergipe, com 38,4%.
O ministério não faz uma avaliação própria e, sim, usa os resultados de exames realizados pelos Estados com alunos do 2º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas.
Segundo o MEC, o governo federal inclui alguns perguntas nos testes estaduais para que haja padronização dos resultados. São 16 itens de múltipla escolha, dois de resposta construída e um de produção textual.
O ministério estabeleceu pontuação mínima de 743 pontos na avaliação para que uma criança seja considerada alfabetizada. Dois milhões de estudantes participaram das provas em 42 mil escolas. O modelo é criticado por especialistas que afirmam que diferenças nas provas podem comprometer a comparação dos resultados.
O que uma criança de 7 anos precisa saber para estar alfabetizada:
- relacionar sons e letras na Língua Portuguesa
- ler mais que palavras isoladas e frases
- ler textos simples de literatura usados nas escolas
- escrever convites, bilhetes, mesmo com desvios da norma ortográfica
- entender tirinhas e histórias em quadrinhos
- localizar informações e inferir o assunto em textos curtos
A escolha do MEC em utilizar o Criança Alfabetizada como o indicador de alfabetização no Brasil recebeu críticas de um grupo de especialistas que aponta que os exames estaduais têm diferenças metodológicas e de aplicação. Para eles, o ideal seria usar o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), feito pelo MEC no 2° ano do Ensino Fundamental. Ele avalia alfabetização de forma amostral.
O governo vinha sendo acusado de falta de transparência por não apresentar os resultados do Saeb depois que o novo índice foi criado. Para o Inep, o Criança Alfabetizada expressa com mais fidelidade quantas crianças sabem ler e escrever porque reúne dados de todos os alunos de cada Estado e é realizado anualmente.
O governo também argumenta que foram feitas parametrizações para que os exames, embora diferentes, sejam comparáveis. Após pressão, o MEC divulgou os números, que mostraram taxa de 49,3% de crianças alfabetizadas no país em 2023, porcentual menor do que os 56% indicados no relatório do programa Criança Alfabetizada.
FONTE: