Meta de universalização da Educação
Educação Infantil: precisamos de mais 9,3 milhões de professores até 2030
Para atingir a meta de universalização da Educação, os países precisam investir mais na formação de professores, aponta relatório do Unicef
POR: Soraia YoshidaA Educação Infantil é uma etapa ainda muito relegada por boa parte dos países. A falta de investimento faz com que 175 milhões de crianças – cerca de metade das meninas e meninos que deveriam estar na Educação Infantil no mundo – não estejam matriculadas ou frequentando a escola. Considerando os objetivos de universalização da Educação e a carência nessa etapa de ensino, principalmente entre os países de baixa renda, o mundo precisará de 9,3 milhões de novos professores de Educação Infantil para atingir a meta até 2030, aponta relatório divulgado nesta segunda-feira (08/04) pelo Unicef.
De acordo com o relatório "A World Ready to Learn: Prioritizing quality early childhood education" (Um mundo pronto para aprender: Priorizando a educação infantil de qualidade, disponível somente em inglês), o primeiro estudo global sobre Educação Infantil na história do Unicef. A organização afirma que crianças matriculadas em pelo menos um ano da Educação Infantil têm maior probabilidade de desenvolver as habilidades essenciais necessárias para ter sucesso na escola, estão menos propensas à repetência ou ao abandono escolar e, portanto, serão mais capazes de contribuir para sociedades e economias pacíficas e prósperas quando atingirem a idade adulta.
De acordo com o relatório, a falta de investimento mundial na Educação Infantil afeta negativamente a qualidade dos serviços, incluindo uma falta significativa de professores capacitados.
Nos países de baixa renda, apenas uma em cada cinco crianças pequenas está matriculada na Educação Infantil. Juntos, os países de baixa e média renda abrigam mais de 60% das crianças em idade pré-escolar do mundo, mas apenas 32% de todos os professores da Educação Infantil. Apenas 422 mil professores da Educação Infantil lecionam atualmente em países de baixa renda. Com a expansão das populações, assumindo uma relação aluno-professor ideal de 20 para 1, o relatório do Unicef aponta uma carência na formação de professores.
O relatório aponta que entre os principais fatores que impactam a frequência na Educaão Infantil estão a riqueza das famílias, o nível de educação das mães e a localização geográfica das famílias. O fator que mais pesa no acesso e frequência das crianças pequenas à escola é a pobreza.
As crianças que frequentam a Educação Infantil têm mais do que o dobro de probabilidade de estar bem encaminhadas nas habilidades iniciais de letramento e numeramento do que as crianças que perdem o aprendizado inicial. Em países onde mais crianças frequentam a Educação Infantil, um número significativamente maior de crianças completa o Ensino Fundamental e obtém competências mínimas em leitura e matemática.
Falta investimento na Educação Infantil
Dizer que falta investimento dos governos na Educação Infantil é pouco. Em 2017, uma média de 6,6% dos orçamentos nacionais para a Educação foram dedicados à Educação Infantil. De acordo com o Unicef, quase 40% dos países que apresentaram dados alocaram menos de 2% de seus orçamentos de Educação para essa etapa de ensino. Na África Ocidental e Central, 2,5% são destinados à Educação Infantil, com 70% das crianças perdendo a Educação Infantil na região. A maior proporção dos países que investem em Educação Infantil está na Europa e na Ásia, com mais de 11% de seus orçamentos de Educação dedicados à etapa.