Meta final do Ideb

Meta final do Ideb

Por Ana Carolina Moreno, TV Globo - 

Quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) desenhou um indicador para avaliar o aprendizado e a taxa de aprovação dos estudantes de todas as etapas do ensino básico, em 2007, a equipe por trás da nova política estimou que, em setembro de 2022, o Brasil estaria comemorando o bicentenário da Independência, quem sabe, com a boa notícia de que o país já teria atingido, em 2021, um patamar mínimo de qualidade da educação em todas as etapas de ensino.

O contexto atual, no entanto, acabou tão distante do vislumbrado há 15 anos que, para Fabiana de Felício, a primeira diretora de Estudos Educacionais do Inep, que chefiou a equipe criadora do Ideb, o governo federal deveria adiar a verificação final do atingimento ou não da meta. E, em seguida, adotar mudanças para aperfeiçoar o indicador.

“Acho que deveriam prorrogar”, afirmou ela em entrevista à TV Globo. “O Plano Nacional de Educação [PNE] acaba em 2024. Dada a pandemia, podemos prorrogar [a meta do Ideb] para 2023. Passa a meta para 2023 e checa em 2024. Acaba o PNE, cria outro indicador que vai durar dez anos, duração do próximo Plano Nacional de Educação.”

Segundo ela, “era para comemorar [bons resultados] agora”, mas a pandemia acabou transformando a edição de 2021 em um número que não reflete o histórico das redes de ensino durante as outras sete edições da política.

Qualidade de ‘país desenvolvido’

Para os anos iniciais do fundamental, a meta foi definida com o valor 6 porque, segundo o Inep, ele “corresponde a um sistema educacional de qualidade comparável ao dos países desenvolvidos”.

Para os anos finais do fundamental, a meta para o Brasil em 2021 era de 5,5 e, para o ensino médio, de 5,2.

Para chegar à média brasileira, as escolas e redes têm suas próprias metas, algumas acima e outras abaixo dos patamares nacionais, calculadas a partir da primeira edição em 2005. Mas com metas intermediárias projetadas até 2096 para reduzir as desigualdades regionais e elevar todas as escolas até o teto de 9,9 no ensino fundamental 1 (do 1º ao 5º ano).

Nesta sexta-feira (16), o Ministério da Educação (MEC) divulgou os dados do Ideb 2021, resultados de uma Prova Brasil aplicada em meio à pandemia do novo coronavírus e em meio a um dos maiores retrocessos recentes no acesso e na qualidade de ensino no país.

Pode ser uma imagem de texto que diz "Série histórica do Ideb Índice mede o desenvolvimento da educação no país Clique nas linhas para visualizar outros valores Ensino fundamental 1 Ensino fundamental Ideb total Metas do Ideb Ensino médio 6 5,5 5 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 g1 Fonte: Inep *Meta não considerada"

‘Uma vela na escuridão’

Felício, que é formada em economia e, depois de vários anos atuando no Inep, criou e dirige a Metas Sociais, uma consultoria especializada em políticas sociais baseadas em evidências, integra o time de especialistas educacionais que defendem a divulgação dos resultados do Ideb 2021 mesmo em meio à eleição e com números que podem fugir da série histórica e não ser comparáveis com as edições anteriores.

“Vamos considerar esse resultado como uma vela numa escuridão. Não é um farol. Mas a gente está no escuro, a gente não sabe de nada. Agora vai acender uma vela para tentar entender", afirma Fabiana de Felício, diretora da Metas Sociais.

Ela explica que os indicadores divulgados nesta sexta não servem especificamente para os gestores atuarem dentro de suas redes, mas têm valor acadêmico e histórico.

“A situação do segundo semestre de 2021 [quando os estudantes fizeram a Prova Brasil] é muito diferente de agora. Tinha gente que nem tinha voltado às aulas. Para diagnóstico, para acompanhamento, para você avaliar o que está acontecendo na sua rede, esse dado não é bom, não é esse o dado que você vai usar. É para o registro histórico, para os pesquisadores tentarem entender qual foi o impacto da pandemia. É uma fotografia de um momento muito particular.”




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