Ministro da Educação é um desastre

Ministro da Educação é um desastre

VÉLEZ SENTA E NÃO PARA, ELE TOCA O TERROR

Ministro da Educação é um desastre de grandes proporções numa área crucial para o Brasil

O ministro Ricardo Vélez Rodríguez: defesa da execução obrigatória do Hino Nacional Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

O ministro Ricardo Vélez Rodríguez: defesa da execução obrigatória do Hino Nacional

Foto: UESLEI MARCELINO / REUTERS

Não há registro de que o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, nosso ministro da Educação, seja um grande fã de blocos de Carnaval. Se fosse, talvez tivesse ouvido  “Terremoto” , o último sucesso de Anitta que tem embalado milhares de foliões. Como Vélez já disse que  funk  não é manifestação cultural, é muito pouco provável que tenha ouvido a música por conta própria em casa ou no carro. Ou seja, é quase impossível que tenha se inspirado no nome da música. Mas é difícil pensar em outra palavra que não seja terremoto para descrever seus primeiros meses na Esplanada dos Ministérios.

Vélez e a política educacional do PSL são um desastre de grandes proporções. Na segunda, 4, o Carnaval nem tinha acabado e o presidente Jair Bolsonaro  já estava defendendo, por uma rede social, uma Lava-Jato na Educação. O orçamento do Ministério da Educação (MEC) supera os 110 bilhões de reais. Faz sentido pensar que haja falhas, sobrepreços, desperdícios e maracutaias. Cada centavo desviado ou que vai para o ralo é um centavo a menos de impacto na educação de crianças e jovens. Mais dinheiro ajudaria, ao contrário do que diz Bolsonaro, até porque o Brasil investe pouco – 4.240 dólares por aluno ao ano, metade do que os países ricos investem, com alunos já muito mais capacitados.

Dito isso, é difícil acreditar que eventuais desvios no MEC são o maior problema da educação brasileira. Nossas crianças e jovens ficam, em média, quatro horas e meia na escola e, por ineficiência dos professores, apenas 1 hora e 44 minutos são usadas para ensinar alguma coisa. Esse dado está no diagnóstico da ONG  Todos Pela Educação . O maior problema da educação brasileira é má gestão. Falta priorizar metas, focar o professor, desenhar políticas, lançar projetos-pilotos, medir seus efeitos, ganhar escala e criar incentivos para que os objetivos sejam cumpridos. E, nesse ponto, o colombiano Vélez é a certeza que as coisas vão piorar.

Vélez é um ex-professor universitário nem-nem. Nem estudou em universidades de ponta, nem deu aulas nesses lugares. Seus livros tampouco foram influentes. Quando chegou ao MEC sem nenhuma experiência em gestão pública por indicação do ideólogo Olavo de Carvalho, foi uma surpresa. As pessoas que trabalham com o tema da educação há décadas nunca tinham ouvido falar dele, nunca o tinham visto em qualquer encontro, seminário ou congresso sobre educação. Seria um gênio desconhecido?

A melhor  ideia  de Vélez até agora veio à tona na quarta-feira, 27 de fevereiro. Foi nesse dia que o ministro mandou uma segunda correspondência às escolas, na tentativa conter uma polêmica criada por ele mesmo dois dias antes. No dia 27, Vélez disse que os diretores de escola não precisavam filmar alunos cantando o Hino Nacional e mandar os vídeos para o MEC, como havia ordenado na segunda-feira, 25. Na terça-feira, 26, Vélez já tinha voltado atrás em um outro ponto. Enviou um comunicado dizendo que a direção das escolas não precisava ler uma mensagem redigida pelo próprio ministro com slogan de campanha de Bolsonaro. As trapalhadas da última semana de fevereiro marcaram o fim de uma quarentena imposta ao ministro depois que ele disse numa entrevista  publicada pela revista Veja no começo de fevereiro que “o brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo”. Vélez tentou dar uma de malandro, disse que a revista tirou sua declaração de contexto, mas foi desmentido com a divulgação do  áudio .

A contar pela estrutura montada por Vélez no MEC, outras polêmicas estão a caminho. Na sua administração, o ministério está dividido em quatro  núcleos . Os ex-alunos do ministro, todos sem nenhuma experiência no setor público federal; o dos militares, esses com experiência em educação, mas nada comparável ao gigantismo do MEC; o dos assessores simpatizantes de Olavo de Carvalho e, por último, os especialistas em educação. Alguém aí arrisca um palpite sobre quem são os menos ouvidos pelo ministro?

Bolsonaro pode usar o termo “Lava-Jato”, que tem amplo apoio popular, associá-lo à educação e, assim, tentar alimentar as redes sociais dos seus apoiadores. Mas, sempre que você ouvir falar em “corrupção no MEC”, lembre que é uma cortina de fumaça do governo para encobrir a incompetência do ministro trapalhão. 

 

https://epoca.globo.com/velez-senta-nao-para-ele-toca-terror-23498765?fbclid=IwAR2o2TFQYJ_KpZZuy0Uq5LngbRqPbYtR6o609zGFR3F-zgRz1bTihhGyQhE 




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