Motta chega de palhaçada

Motta chega de palhaçada

 

 

XANDÃO: ANULA, DESFAZ, DESMANCHA, DESINFLA, DESIDRATA E MANDA HUGO MOTTA PARAR DE PALHAÇADA

Por João Guató

Acordei hoje com um cheiro de queimado no ar. Pensei: “Pronto, o “centrão elétrico” esqueceu o ferro ligado de novo”. Mas não. Era só o perfume inconfundível do golpe parlamentar requentado na madrugada — esse prato que Hugo Motta cozinha às escuras, temperado com óleo de fritar Constituição e pitadas generosas de cinismo cristal.

O homem acorda o Brasil às três da manhã para tentar salvar Santa Zambelli das Corridas Armadas, canonizada pelo próprio PL, que jura ter visto o Espírito Santo baixar na deputada naquele dia em que ela confundiu “conversar” com “apontar uma arma”.

Eis que surge, como quem abre a janela e deixa entrar o sol no quarto mofado, Alexandre de Moraes — o Xandão.

Não veio de moto, não veio de capa, não veio de espada. Veio com algo muito mais perigoso para golpistas: um despacho de nove páginas.

Com a serenidade de quem já viu muita palhaçada institucional e perdeu o medo do ridículo alheio, Xandão simplesmente decretou:

“Anula, desfaz, desmancha, desinfla, desidrata e manda voltar pro início.”

Hugo, coitado, levou a enquadrada jurídica do ano. Aquele enquadramento que nem moldura de museu dá conta. Enquanto ainda esfregava os olhos da ressaca institucional da madrugada, viu sua obra-prima — a votação salvadora — virar pó constitucional antes do café.

O FATO, O LIMITE E O TOMBO

Carla Zambelli, aquela que virou turista involuntária na Itália porque fugiu mais que personagem de novela das oito, está condenada definitivamente

pelo STF a 10 anos em regime fechado. Perdeu o mandato. Simples assim. Como quem perde guarda-chuva em ônibus lotado.

Mas Hugo Motta, discípulo avançado do “jeitinho parlamentar de rasgar regras”, bancou o mágico:

— “Vou salvar a santa! Abram alas para meu truque!”

E a Câmara, com 227 votos de fé — fé cega, fé burra — decidiu manter o mandato da deputada.

Só esqueceram da matemática: era preciso 257. A democracia agradece esse detalhe aritmético que deputados insistem em não aprender.

A CANETADA DO AMANHECER*l

Xandão olhou para a operação de Hugo e disse, com a calma de quem está plenamente consciente da própria autoridade:

— “Não, meu filho. Assim não.”

Determinou que a Mesa Diretora cumpra a Constituição e dê posse ao suplente em até 48 horas.

Quarenta e oito horas. Tempo suficiente para Hugo Motta respirar fundo, tomar um chá de camomila e repensar suas escolhas de vida pública.

O EMBATE

Enquanto isso, no ringue imaginário de Brasília:

• STF: com luvas, regras e Constituição.

• Câmara: com lanterna na boca, tentando encenar teatro mambembe às 2h da manhã.

• Zambelli: transmitindo “vibes” de criminosa internacional presa, esperando extradição, longe do figurino patriótico verde-e-amarelo.

No centro do tatame, Moraes levantou o cartaz:

“Vitória por nocaute técnico. Placar: Direito 1 x 0 Madrugada golpista.”

E AGORA?

Agora Hugo terá que avisar para o Brasil que a festa acabou.

Que Zambelli não volta.

Que suplente é suplente por um motivo.

E que a Constituição, apesar de humilhada diariamente, ainda anda.

Fica a lição:

Se a madrugada era para salvar alguém, salvaram não — mas desmoralizaram sim.

E Xandão?

Esse acordou, penteou o brilho da careca, tomou café e resolveu o que Hugo tentou embolar.

Um homem simples.

Um brasileiro.

Um persistente inimigo natural do golpe na madrugada.

*João Guató, que já viu muita coisa em política, mas enquadramento tão rápido assim, só no STF mesmo.

FONTE:

https://www.facebook.com/photo/?fbid=10214569172539774&set=a.3358299773034&locale=pt_BR




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