Mudanças do IDEB em 2025
Ideb terá proposta de mudanças em 2025, diz presidente do Inep
No entendimento de Manuel Palacios, a avaliação ainda não capta as perdas entre os ensinos Fundamental e Médio de forma apropriada. Índice foi criado em 2005
Isabella Sander - De São Paulo
Calculado desde 2005, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) deve passar por mudanças em breve. A busca é por uma melhor identificação das perdas de aprendizagem entre os ensinos Fundamental e Médio e da captação das desigualdades existentes na rede.
— Um tema importante do cálculo do Ideb é trabalhar com a trajetória do estudante de uma maneira que consiga capturar melhor, em especial, as perdas entre o Fundamental e o Médio. Tem muito estudante que conclui o Fundamental, mas não chega a percorrer os três anos do Médio, e, como o cálculo hoje de rendimento é produzido a partir de cada etapa isoladamente, sem trabalhar propriamente com dados longitudinais, isso faz com que essa perda do Fundamental para o Médio não seja apropriada — relatou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios, em palestra no 8º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, nesta terça-feira (3), em São Paulo.
Para 2025, quando acontece uma nova edição da avaliação, a expectativa é de que haja, ao menos, uma proposta para o novo Ideb – chancelá-la dependerá da troca de ideias a respeito. A ideia é que o criador do indicador, Reynaldo Fernandes, que era presidente do Inep na época, apresente uma primeira análise sobre as mudanças, para, aí, o instituto dar continuidade ao trabalho.
— O Inep vai analisar a proposta e vamos tentar construir um primeiro desenho. Não deve ser um único indicador, na medida em que um indicador como o Ideb não captura as desigualdades, tanto entre escolas que atendem estudantes de diferentes níveis socioeconômicos quanto entre grupos populacionais. Então, a ideia é que ele tenha pelo menos dois indicadores adicionais que consigam traduzir da melhor maneira possíveis as diferenças observadas, e que falem adequadamente da nossa desigualdade — explicou Palacios.
Durante a palestra, a jornalista Marta Avancini questionou o presidente do Inep sobre a não divulgação, até o momento, dos dados do 2º ano do Ensino Fundamental do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos componentes usados no cálculo do Ideb, no qual são aplicadas provas para os estudantes em língua portuguesa e matemática. Este é um indicador novo, criado a partir do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que instituiu um pacto entre União, Estados e municípios em busca da alfabetização na idade certa.
Segundo Palacios, ficou estabelecido que a avaliação nessa etapa seria realizada pelos próprios Estados, uma vez que muitos deles já tinham os seus próprios sistemas avaliativos de alfabetização. Há, contudo, uma necessidade de adaptação a um padrão nacional, que prevê uma pontuação de 743 como uma referência para definir quando uma criança está alfabetizada.
— A definição desse padrão de desempenho é um processo que é, em parte, técnico, mas ele tem, na sequência, um esforço de convencimento para que seja reconhecido e adotado pelo conjunto dos sistemas educacionais. Há muitos Estados que utilizam uma escala desenvolvida originalmente no Espírito Santo que tem os 600 pontos como referência de alfabetização, por exemplo — relata o presidente do Inep.
A criação de uma equivalência entre as diferentes escalas adotadas, a fim de se criar um padrão nacional, é algo que precisa ser discutido entre Estados e municípios, que também precisam conversar com as escolas. Apesar dos passos que ainda não foram dados, Palacios garante que os resultados serão divulgados, mas é uma opção política conduzir as avaliações em parceria com as unidades federativas.
*A repórter viajou a convite da Jeduca.
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