Mulheres no Ensino Superior
Presença feminina no Ensino Superior: veja dados
Mulheres são mais instruídas, mas enfrentam barreiras em certas áreas
RBS BRAND STUDIO para Ulbra
Mulheres buscam mais oportunidades e respeito no mercado de trabalho. Freepik / Divulgação
O público feminino é maioria no Ensino Superior brasileiro. Em 2020, 838.152 mulheres ingressaram em uma universidade e 518.339 concluíram a graduação contra, respectivamente, 668.996 e 359.890 homens. Os dados, divulgados em fevereiro de 2022, são do Censo da Educação Superior 2020, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC).
Apesar do maior acesso, as brasileiras ainda são minoria em áreas ligadas às Ciências Exatas. Elas representam apenas 13,3% dos alunos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e 21,6% dos cursos de Engenharia e profissões relacionadas. O retrato está presente na pesquisa Estatísticas de Gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, divulgada em março de 2021 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Esse desequilíbrio está ligado ao fato de que esses cursos e espaços de trabalho foram vistos, durante muitos anos, como voltados para o público masculino. Mas nós, mulheres, temos condições de desenvolver as competências pessoais e profissionais necessárias para a função. Dessa forma, resta enfrentarmos os desafios para que haja mais igualdade e oportunidade – afirma a Diretora Acadêmica da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Adriana Ziemer Gallert.
Mudar a estrutura e o pensamento retrógrado do mercado corporativo é fundamental para que mais mulheres possam cursar aquilo que desejam – e sem preconceito. E o ideal é que essa transformação comece já dentro da faculdade.
O papel da universidade
A universidade é um espaço de oportunidades e experiências que vão além do aprendizado. Ter um quadro de alunos e docentes formado por pessoas de diferentes gêneros, etnias e qualquer outra natureza promove vivências mais condizentes com a sociedade de fato.
No caso da presença feminina, poder ter contato com outras mulheres, sendo professoras ou alunas, desperta o empoderamento. Especialmente em cursos majoritariamente masculinos, nos quais elas ainda precisam provar que são capazes de dividir espaço com eles. É o que costuma ocorrer com a estudante do 9º semestre do curso de Engenharia Mecânica da Ulbra, María Liliane Adams.
– Os desafios são constantes, mas, ao mesmo tempo, a trajetória é muito compensadora. Não me arrependo em nenhum momento da minha decisão, pois se quisermos mudar o cenário, temos, sim, que ocupar esses cursos e, consequentemente, os cargos no mercado de trabalho – comenta.
María Liliane Adams não se arrepende de ter escolhido o curso de Engenharia Mecânica
Naira Nunes/Ulbra / Divulgação
De olho nesse contexto, a Ulbra busca trazer um equilíbrio em todas as suas graduações. Prova disso é que, hoje, o corpo docente é formado em 48,8% por mulheres e 51,2% por homens.– Os professores têm um espaço de atuação importante dentro do processo de formação dos alunos. Logo, ter uma mulher ensinando em um curso que tem um histórico mais masculino pode incentivar aquelas que buscam a graduação e, consequentemente, precisam de um modelo de referência – ressalta Adriana.
Inspiração para elas
Assim como elas são a maioria no Ensino Superior brasileiro, o mesmo ocorre dentro da Ulbra. Dos 15.917 estudantes matriculados em 2020, ano do censo abordado, 9.655 eram mulheres – ou 60,65% do total.
Ao olhar para o passado da universidade, é possível encontrar graduadas de peso, como Nanci Walter. Ela integrou a primeira turma de Engenheiros Ambientais do estado e a segunda do Brasil. Hoje, é presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), sendo a primeira mulher eleita por voto.
– Quando entrei no curso de Engenharia Ambiental, escutei coisas do tipo “tu és mulher, o que estás fazendo aqui?”. Mas sempre “tirei de letra” essas provocações. Hoje, é uma honra presidir o Conselho gaúcho. Meu objetivo, porém, não é “ficar para a história”. O que eu quero é que mais mulheres e mais colegas tenham coragem para enfrentar o cenário – aponta a profissional.
Com cada vez mais apoio de universidades como a Ulbra, mudanças significativas no mercado de trabalho têm espaço para ocorrer, trazendo também mais igualdades de oportunidades e, principalmente, respeito.