Na trilha do Oscar 2020.

Na trilha do Oscar 2020.

Filmes: 1917; O IRLANDÊS e DOIS PAPAS - Na trilha do Oscar 2020.


Objetivo desta página é compartilhar filmes que possam ter algum aproveitamento didático-pedagógico, em diferentes áreas do conhecimento, com mais ênfase nas humanas. Então, aqui não cabe críticas às películas que irão disputar as estatuetas, mas verificar elementos que possam cumprir com os propósitos da página.

Neste sentido, "1917" cai como uma luva para trabalhar a Primeira Guerra Mundial. São muitos filmes a abordarem a Segunda Guerra, mas a Primeira, nem tantos. Então, vamos saudar. Não esperem por grandes batalhas, o inimigo está oculto, porém, o clima está presente. Também não há compaixão, ou seja, não espere agradecimento ao tentar salvar a vida de um inimigo, o morto é você. Tecnicamente o filme é brilhante, mas não senti grande emoção. Careceu de alma na minha humilde opinião. As atrocidades do conflito, os armamentos e as trincheiras estão lá. Excelente para sala de aula, sem dúvidas. Muitos livros didáticos de História do 9º ano (EF) abrem suas páginas com a Primeira Guerra (enquanto o MEC não reinventar a história). Então, o filme é um ótimo recurso.... também para o EM.

A imagem pode conter: 1 pessoa, texto

Já "O Irlandês" ficou complicado para a galera assistir. São 3h30min. em que Scorsese traça um panorama da história estadunidense através do personagem central vivido por De Niro e sua relação com a máfia. Mas, para nós, professores(as), uma maravilha revisitar versões sobre os Kennedys (John F. apoiado pela máfia na sua eleição?; Bob e sua briga com J. Hoffa; e o velho, pai, também inserido neste contexto), Nixon (recursos escusos dos sindicatos?) e Jimmy Hoffa (cuja biografia já gerou outros dois filmes aqui comentados: F.I.S.T. e Hoffa - Um Homem, Uma lenda) às voltas com o Sindicato dos Caminhoneiros e a máfia.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, terno e texto

Por fim, "Dois Papas", no meu entendimento uma injustiça não ser indicado a melhor filme porque é muuuuito bom. Mas as indicações para melhor ator e ator coadjuvante são merecidas. Um show de diálogos, uma aula sobre as diferentes visões sobre o papel da religião, do catolicismo e do cristianismo. O lado conservador (Ratzinger / Bento XVI) e o progressista (Bergoglio / Francisco) num duelo entre dogmas e mudanças. A reconstituição da cruel ditadura argentina e como Bergoglio vivenciou este período. A pedofilia no interior da Igreja e a complacência de Bento XVI. Confissões e culpas. Alemanha x Argentina no final da Copa e.... Dilma Roussef, sim, na tribuna do Maracanã, após as vaias que pavimentaram o caminho da tragédia política que vivemos hoje. Escolha a disciplina (Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Religião) e boa aula.

A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé

SINOPSES:

1917 - Os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Quando eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar cerca de 1600 colegas de batalhão.

O IRLANDÊS - Conhecido como "O Irlandês", Frank Sheeran (Robert De Niro) é um veterano de guerra cheio de condecorações que concilia a vida de caminhoneiro com a de assassino de aluguel número um da máfia. Promovido a líder sindical, ele torna-se o principal suspeito quando o mais famoso ex-presidente da associação desaparece misteriosamente.

DOIS PAPAS - Buenos Aires, 2012. O cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce) está decidido a pedir sua aposentadoria, devido a divergências sobre a forma como o papa Bento XVI (Anthony Hopkins) tem conduzido a Igreja. Com a passagem já comprada para Roma, ele é surpreendido com o convite do próprio papa para visitá-lo. Ao chegar, eles iniciam uma longa conversa onde debatem não só os rumos do catolicismo, mas também afeições e peculiaridades da personalidade de cada um. (Fonte: AdoroCinema)

Filmes: CORINGA e PARASITA - Na trilha do Oscar 2020 

Acredito que as ciências humanas e sociais devem ter uma visão mais ampla sobre a filmografia que aborda questões sociais extremamente relevantes. Um filme é um veículo de comunicação, uma mensagem cinematográfica, uma arte retratando uma realidade e levando a questionamentos, debates e reflexões. O que um filme / diretor quer transmitir? O que, do lado de cá da tela, podemos interpretar? Neste sentido, me atrevo a colocar na pauta estes dois filmes, os quais, se encaixam perfeitamente em uma análise capaz de ser feita por profissionais / educadores da história, geografia, sociologia, filosofia, literatura (HQ) e outras disciplinas também. Tudo é uma questão de adaptação, não é mesmo?

"Coringa" me lembra "V de Vingança", embora eu não tenha encontrado nenhuma analogia com este filme entre os críticos. Não só pela questão da máscara, mas pela subversão individual que vai encontrando eco na sociedade que se identifica com o protagonista. A rejeição, o preconceito, o desprezo sofrido por um indivíduo que aos poucos vai enfrentando o sistema ou suas representações e se auto afirmando na violência. Um sistema que não funciona para ele, onde não passa de um desajustado. Não entendo que se trata somente de uma questão psicológica / psiquiátrica de um estudo de personalidade, mas de uma relação de um sujeito com o meio, no qual ele não consegue se sobressair, digamos, pelas vias "normais". Nada dá certo, nenhuma ascensão é possível (lembra Parasita), não há oportunidades....o sol não nasceu para ele. A única assistência recebida do Estado foi desmantelada (serviço social e remédios). Não sei se viajo muito quando associo ao neoliberalismo, creio que não, sendo este representado pela figura de Thomas Wayne.....sim, o pai do Bruce / Batman. Pela sua violência, "Coringa" não é um filme para estudantes do EF (sei, sei....talvez já tenham visto coisa bem pior), pelo menos por prudência. Talvez EM, mas seria interessante trabalhar com a EJA / adultos, onde pode surgir um bom debate sobre a sociedade que vivemos.

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e atividades ao ar livre

Entrando em "Parasita", já, de cara, é de se propor quem é/são o/os parasitas do filme. Dois mundos: o "de cima", dos ricos, o "de baixo", dos pobres. Um apartheid social sul-coreano mas que se adapta tranquilamente em qualquer canto do mundo capitalista. "Subir" é só para trabalhar e servir a fim de sobreviver no mundo, para o qual, invariavelmente, se "desce". Engraçado que o Coringa me lembrou Parasita, pois ele próprio é também um parasita. No início as coisas parecem estar dando bem para uma família de pobres que trabalham para uma família de ricos, sem que se apresentem, evidentemente, como uma família. Vão ocupando aos poucos o espaço possível, e poderíamos dizer que são pobres oportunistas se aproveitando de ricos ingênuos. Chegam até a festejar o "sucesso" quando a tragédia bate na porta trazida pela chuva. Então, podemos ver que outro submundo é possível, em que pobres passam a digladiar pela migalhas dos ricos. Mas pobre é pobre, percebe-se pelo cheiro, pivô da tragédia final.

A imagem pode conter: 6 pessoas, pessoas sentadas e texto

Muitas interpretações podemos tirar deste filme, ou melhor, filmaço. A geografia pode trabalhar as desigualdades sociais, IDH, Tigres Asiáticos nem tão "tigres" assim. Mas, trata-se de um "prato cheio" para as humanas em geral, e serve para mostrar que por melhor que seja sua vida, temporariamente, você não vai deixar de pertencer a uma classe social desprovida de qualquer possibilidade de ascensão social, estando fadado a viver "no porão" para o resto da vida a espera de uma salvação que não virá......nem com esperança.

Muita gente nestas últimas eleições já se considerava no andar de cima.......ah, triste ilusão.....a realidade está batendo na porta.....hora de "descer" e enfrentar a tempestade....afinal, meu/minha caro/a bolsonarista, você não passa de um parasita!!!

SINOPSES:

CORINGA - Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck reage mal à gozação de três homens em pleno metrô e os mata. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.

PARASITA - Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo num porão sujo e apertado. Uma obra do acaso faz com que o filho adolescente da família comece a dar aulas de inglês à garota de uma família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe, filho e filha bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custarão caro a todos.

 

Cine Educa




ONLINE
50