Negros são apenas 10% dos estudantes
Negros são apenas 10% dos estudantes das 20 melhores escolas privadas no Enem
“O evidente é a sub-representação gigantesca de pretos e pardos. Você tem escolas que não registram pretos e pardos e a maioria registra algo entre 1% e 2%. Poucas escolas chegam a ter 10% ou 20%. Isso nos espantou. Outra coisa que nos espanta é que as escolas não respondem essa questão no Censo Escolar”, afirma Luiz Augusto Campos, doutor em sociologia e vice-coordenador do GEMAA.
As 20 escolas com melhor desempenho no Enem 2019 estão espalhadas por cinco estados: Piauí, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais. Somados, os estudantes negros representam apenas 10% do total de alunos destes colégios.
As escolas que não registram negros entre seus alunos são o Colégio Catamara Referência (SP), Piramide Colégio (SP) e Instituto Dom Barreto Centro (PR). O Vértice Colégio Unidade (SP) registrou apenas 1% de alunos pretos e pardos. No Colégio São Bento, são somente 3%.
Para Campos, esse cenário revela o mapa da desigualdade no país: “Não só a manutenção de uma elite branca, mas uma elite branca que não convive, em sua trajetória de formação individual, com negros como pares na escola, somente como subalternos.”
Em um recorte mais reduzido, o GEMAA analisou as 10 melhores escolas de São Paulo, também de acordo com as notas no Enem 2019. Nenhum dos colégios registra uma presença maior que 15% de estudantes negros. Sendo que nove deles não ultrapassam os 10%.
No Rio de Janeiro, das dez escolas mais bem posicionadas, o Colégio Técnico Nossa Senhora das Graças registrou 30% de alunos negros em seus quadros. Porém, as outras nove instituições de ensino não passam dos 15%, e o Colégio Santo Agostinho tem a pior marca, 1%.