No que pensas, Laçador?
A luz da tua arte é como os raios de sol que neste momento energizam a todos nós.
NO QUE PENSAS, LAÇADOR?
No que pensas, laçador?
No topo desta coxilha,
Olhando longe, em vigília,
Tal qual fosse um “bombeador”
Sei que escutas o clamor,
Do teu povo que padece,
E grita em forma de prece,
Num desespero, profundo,
Pedindo socorro ao mundo,
Que em descompasso, estremece.
Tento imaginar a ânsia,
Que tu deve estar sentindo,
Vendo as águas destruindo,
Sonhos e apegos de infância,
Sei que ao olhar na distância,
Cuidando o curso do vento,
Ressente, neste momento,
Mágoas, que pra trás ficaram,
Dos que te aprisionaram.
Neste bloco de cimento.
Porém, eu tenho certeza,
Que se tu fosse liberto,
Enfrentaria o incerto,
Destino das correntezas,
Mostrando a tua destreza,
Ombro a ombro, braço a braço,
Sem fraquejo, sem cansaço,
Frente ao que te habilita,
Pra salvar vidas aflitas,
Com armada do teu laço...
No que pensas, Laçador?
Capataz, da capital,
Quando deste pedestal,
Pode sentir o pavor,
Dos que te pedem, o favor,
De apertar barbela e cincha,
Pondo na testa uma vincha,
Pra sair em campereada,
Pois muitos, nesta invernada,
Estão sem chão e sem quincha.
Se eu pudesse, companheiro,
Te arrancava deste asfalto,
Pra que tu, num sobressalto,
Alçasse a perna ligeiro,
Mostrando o tino campeiro,
Floreando o pingo num upa,
Contra o que mais te preocupa,
Nestas horas de urgências,
Quando um filho da querência,
Tira um irmão na garupa.
No que pensas, Laçador?
Quando o teu olhar se expande,
Sobre o teu velho Rio Grande,
Que sempre foi promissor,
E agora carrega a dor,
Angustiante, insistente,
Que eu garanto que tu sente,
Suporta, mas não compreende,
Se o teu laço não se estende,
Ao alcance da tua gente.
Se puderes, algum dia,
Te livrar deste concreto,
Há de haver algum decreto,
Que tenha força e valia,
Te firmando a garantia,
De que algum outro escultor,
Não te prenda, laçador,
Te condenando, de novo,
A somente olhar o teu povo,
Deste triste parador.
Rogério Villagran
@ricardomullerfoto
@gzhdigital
Via César Oliveira
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Cavalo Crioulo Gaúcho Amarelo
Não sou apenas um cavalo no telhado
Sou símbolo de minha terra
Sou crioulo, sou amarelo
Fiquei firme, em pé e ilhado
Por todos que não conseguiram eu velo
Sou símbolo de meu povo
Sou cavalo crioulo
Ajudei a erguer o Sul
Nunca me vendi,
Nem por 1 quilo de ouro!
A terra é meu maior tesouro
Sou símbolo do meu povo
Já lutei na guerra da Farroupilha
Já arei a terra pro mate verde
Já campeei por campos de macelas
Mas nunca senti uma dor tão profunda
Minhas lágrimas se misturaram ao rio
E aos poucos seca e me inunda
Em pé, cansado, não vejo portas nem janelas
Pensei em desistir
Mas sou símbolo do meu povo
Foi então que o milagre aconteceu
Um herói gaúcho do céu desceu
Era Gaúcho Laçador e me pegou!
Ouvi uma música no céu
Um anjo lá de cima ouvi
A velha gaita tocou
Porque um gaúcho nunca cai
Fica em pé
Tem fé
Sou Cavalo Crioulo Gaúcho e Amarelo!
Arreio a vida,
A vida eu selo!
FONTE:
@silvanaduartepoeta