Nota sobre o tempo integral
Tempo integral é sinônimo de mais jovens matriculados no Ensino Médio? NÃO!
A Rede Escola Pública e Universidade e o Laboratório de Ensino e Material Didático do Departamento de Geografia da USP acabam de lançar Nota Técnica analisando os impactos do avanço do ensino em tempo integral sobre as matrículas do ensino médio nas redes estaduais no Brasil no período entre 2008-2020.
Como uma das dimensões da reforma do ensino médio é a expansão das matrículas do tempo integral, o estudo traz dados importantes que podem indicar efeitos já existentes da expansão do tempo integral sobre as matrículas desta etapa de ensino nas redes estaduais. O mais visível deles é o fechamento de matrículas no período noturno (quase 1 milhão e 800 mil matrículas no período) e o decréscimo das matrículas do ensino médio em toda o período de análise.
A escola de tempo integral para estudantes do ensino médio, num país em que parte deles necessita exercer alguma atividade remunerada para contribuir com o orçamento familiar, demanda política de assistência estudantil, sem a qual a ampliação do tempo escolar previsto na legislação, cuja perspectiva é contribuir para melhor formação dos estudantes, pode produzir efeito contrário, conforme indicado neste estudo.
Portanto, diante deste conjunto de evidências é fundamental produzirmos um monitoramento detalhado da expansão do tempo integral em todo o país, focando não apenas no crescimento das matrículas neste tipo de oferta, mas, sobretudo, avaliando se a implementação do tempo integral estaria, de fato, a construir mais oportunidades educacionais a toso os estudantes .
Este primeiro conjunto de dados produzidos apontam na direção contrária, o que nos permite dizer que a expansão do tempo integral no Brasil pode estar contribuindo diretamente para a diminuição da oferta de vagas, em especial, no Ensino Médio noturno e, com isso, distanciando-nos, ainda mais, da universalização do ensino obrigatório no país.
A nota técnica pode ser acessada no site da REPU: https://www.repu.com.br/_files/ugd/9cce30_e43d87d4752e4c3b8e57a9b48e092269.pdf
O estudo analisa a escola de tempo integral no Brasil e seus impactos sobre as matrículas do ensino médio. A análise foca nas redes estaduais de ensino e considera, como recorte temporal, o período entre 2008 e 2020.Os dados apresentados apontam que a expansão do tempo integral no Brasil pode estar contribuindo diretamente para a diminuição da oferta de vagas, em especial, no Ensino Médio noturno e, com isso, distanciando-nos, ainda mais, da universalização do ensino obrigatório no país.
FONTE:
https://www.repu.com.br/notas-tecnicas
Cartilha sobre a Reforma do Ensino Médio
O "Novo Ensino Médio Paulista" está sendo implantado durante a Pandemia, num período que dificulta a participação das comunidades escolares e dos estudantes, que terão que "escolher" os itinerários formativos sem ter informação suficiente e desconhecendo as fortes consequências que isso acarretará em sua vida escolar, podendo inclusive ser transferido de escola. Esse material pretende auxiliar nos debates das comunidades escolares a respeito dessa política.