Novo NEM para o Ensino Médio
NOVO PROJETO DO MEC PARA O ENSINO MÉDIO BRASILEIRO:
Compreenda a importância da garantia da Formação Técnica e Profissional em um único turno escolar
*É necessário propor melhorias para o novo ensino médio. No entanto é importante considerar o seguinte cenário:*
*_76% dos jovens de 18 a 24 anos não tem acesso ao ensino superior, para a maioria dos jovens o ensino médio será o maior nível de escolarização formal._ * O que dificulta sua inserção imediata e qualificada no mundo do trabalho, contribuindo para o agravamento da desigualdade social e o comprometimento dos seus projetos de vida.
*_40% dos jovens de 14 a 29 anos abandonam a escola pela necessidade de trabalhar._* Outros optam pelo ensino médio noturno para garantir os estudos juntamente com o trabalho.
*_87,1% dos jovens do ensino médio não estão estudando em tempo integral._* . Em estados como Pernambuco que ampliaram as vagas em tempo integral, constata-se a cada ano o aumento do número de vagas não preenchidas, pois boa parte dos jovens, não pode estudar em tempo integral por diversos motivos.
Análise dos resultados do SAEB 2021, mostra que o aprendizado em língua portuguesa e matemática dos *_alunos que cursam o ensino médio profissionalizante supera o aprendizado daqueles que cursam o ensino médio regular_* na rede pública de ensino.
*Dado o cenário acima, é necessário que as mudanças no novo ensino médio estejam pautadas nas seguintes premissas:*
Há necessidade de ampliação da carga horária da BNCC que tem atualmente o limite máximo de 1.800 horas.
No entanto, os dados supramencionados indicam que a ampliação da BNCC não deve comprometer a formação técnica e profissional em um único turno escolar, prejudicando especialmente os estudantes mais pobres que não têm condições de ficar em tempo integral na escola, pois precisam trabalhar.
Na realidade atual, apenas a concessão de incentivos financeiros não será suficiente para garantir a permanência dos estudantes de nível socioeconômico mais baixo em tempo integral na escola, tendo em vista o conjunto de desafios que esses jovens enfrentam. Mesmo que os incentivos financeiros funcionem só irá atingir uma minoria.
A quantidade massiva de jovens fora das escolas em tempo integral (87,1%), juntamente com o desafio da virada demográfica que o país está vivenciando, impõem uma volumetria de recursos e uma velocidade de implementação que o país não tem como empreender para implementar essa política de forma não excludente.
É preciso garantir alta taxa de matrículas no itinerário técnico e profissional em único turno escolar e com a qualidade necessária, para atender à maior volumetria possível de jovens. visto que apenas 23,8% tem acesso ao ensino superior.
A ampliação da BNCC para além de 2.100 horas compromete a qualidade da formação técnica e profissional e a sua execução em um único turno escolar.
A complexidade do tema indica necessidade de flexibilização. Uma saída possível seria manter a carga horária mínima de 600 horas para os itinerários formativos, permitindo a execução do itinerário de formação técnica e profissional em 900 horas, garantindo que os cursos profissionais possam ocorrer em um único turno escolar sem renunciar à da qualidade necessária para preparar o jovem para o mundo do trabalho.
*_Tendo em vista a argumentação apresentada, é fundamental que as decisões sobre o ensino médio sejam pautadas em evidências científicas. Faz-se necessário sobrepor pressões e prospectar as mudanças e as inovações que fortaleçam a trajetória de profissionalização durante o ensino médio e preparem as nossas juventudes para os desafios futuros._*"
*Prof. Wisley Pereira*
Gerente Executivo de Educação - SESI Departamento Nacional