Novo projeto que muda carreira
Governo do RS protocola novo projeto que muda carreira e concede reajuste a servidores e prevê votação na terça-feira
Piratini atendeu a pedidos de entidades da segurança pública, embora algumas medidas só sejam contempladas em novo texto a ser enviado em agosto. Impacto financeiro é superior a R$ 8 bilhões até 2027
Fábio Schaffner
Leite apresentou proposta original à base aliada no último dia 16 e esbarrou
em resistência. Mauricio Tonetto / Divulgação
Após esbarrar em resistências da base aliada, o governador Eduardo Leite protocolou nesta sexta-feira (26) um novo projeto de lei visando a reformulação de carreiras do funcionalismo. Com 329 páginas, o texto deve ser votado na próxima terça-feira (30).
Para facilitar a aprovação das mudanças, o Piratini retirou os três projetos enviados em 17 de julho e cuja votação foi cancelada na última sexta-feira. Na ocasião, aliados e opositores reclamaram da escassez de tempo para analisar propostas que envolviam 108 mil servidores e têm impacto financeiro superior a R$ 8 bilhões até 2027.
Agora, o governo vai centrar foco na reorganização dos quadros de servidores e no reajuste salarial, deixando as demais medidas para o retorno das atividades normais da Assembleia, em agosto. Dessa forma, o novo projeto contempla o aumento de 12,49% para as forças de segurança pública e melhora a remuneração de outras carreiras, aproximando os vencimentos com valores pagos em outros Estados e no governo federal.
O Piratini havia prometido apresentar um texto mais enxuto, mas o PL tem 11 páginas a mais do que a versão original. São 137 artigos e 30 anexos, detalhando novos modelos de carga horária, lotação, progresso e promoção do funcionalismo, adotando o pagamento por subsídio e criando postos transversais, pelos quais o servidor não fica atrelado a uma secretaria específica.
Apesar dos protestos de entidades ligadas à segurança pública, o governo manteve o índice de 12,49%, pagos em três parcelas de 4%. O Piratini acena com a antecipação da primeira parcela, de janeiro de 2025 para outubro de 2024, mas a medida depende de autorização do Ministério da Fazenda.
Em contrapartida, o Piratini atendeu a reivindicação da Brigada Militar (BM) e do Corpo de Bombeiros, prevendo contratação temporária de 3.031 agentes para as duas forças. Outros pedidos, como o pagamento de sobreaviso para a Polícia Civil, extinção do nível mais baixo na carreira dos soldados da BM e a criação de 239 funções gratificadas na Polícia Civil, 64 nos Bombeiros e 139 na BM serão incluídos em um projeto a ser enviado para a Assembleia em agosto.
De acordo com o líder do governo na Casa, deputado Frederico Antunes (PP), o governo atendeu os pedidos das categorias e as demandas das bancadas, que desejavam mais tempo para analisar as mudanças.
— O projeto ficou mais claro, fizemos algumas correções e atendemos alguns pedidos. Fizemos tudo o que era possível de ser fazer agora. Claro que sempre haverá barulho, mas acredito que podemos avançar na aprovação — comenta Antunes.
O Piratini pretende votar o projeto dentro do recesso parlamentar porque está prestes a ultrapassar o limite prudencial de despesas com pessoal. Prevista na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), a trava de 46,55% deve ser superada em agosto, quando novo relatório quadrimestral for divulgado. O crescimento percentual é justificado pela perda de arrecadação causada pela enchente.
O presidente da Assembleia, Adolfo Britto, marcou sessão para as 14h15min de terça-feira. Se não houver entendimento entre os deputados, o governo trabalha com a possibilidade de realizar uma sessão extraordinária na quarta-feira (31).
Maior bancada de oposição, o PT ainda estuda o teor do projeto e prepara a apresentação de emendas. Uma reunião foi convocada para a manhã de terça-feira, quando os 13 deputados irão manifestar sua posição.
— Mais uma vez o projeto chega com prazo mínimo. Parece que preserva grande parte do texto original. Vamos analisar o conteúdo, mas pretendemos sugerir mudanças, valorizando categorias que ficaram de fora e evitando desigualdades — afirma o líder da bancada, Miguel Rossetto.
O que muda
Veja um resumo das medidas propostas por Eduardo Leite:
- Abrange 39.082 servidores, sendo 59% ativos e 41% inativos.
- Estão incluídos nesse rol: analistas, integrantes do quadro geral, técnicos nível médio, guarda-parques, servidores dos quadros do Planejamento, Saúde, Pesquisa (das antigas fundações FEE e Fepagro), servidores de escola, servidores da procuradoria-geral e servidores de autarquias (Daer, Agergs, Irga, Detran, Junta Comercial, IPE Saúde e IPE Prev).
- Governo pretende melhorar a remuneração dos servidores, alinhando o que é pago em outros Estados e na União.
- Será adotado o pagamento por subsídio, incorporando atuais salários e gratificações relativas à carreira; nos casos em que a soma do salário e dessas gratificações superar o subsídio, o valor extra formará uma parcela, que será absorvida em futuros reajustes.
- Gratificações pessoais ficarão fora do subsídio, em uma parcela em separado, que não será incorporada aos reajustes.
- Progressões na carreira serão atreladas à avaliação de desempenho do servidor.
- Carreiras serão escalonadas em seis graus (de A a F), com três níveis (I, II e III) em cada um deles.
- A implantação será escalonada, entre janeiro de 2025 e outubro de 2026. Cerca de 22 mil cargos vagos serão extintos.
- Nenhum servidor terá redução na remuneração.
2) Administração Indireta
- Reajuste na remuneração de funções de diretoria, chefia e assessoramento, para equalizá-la com os mesmos cargos de secretarias estaduais.
- Extinção de 290 cargos de autarquias.
3) Mudanças na Defesa Civil
- Criação de 102 funções gratificadas (FGs) para atuação no órgão.
- Instituição do Centro Estadual de Gestão Integrada de Riscos e Desastres (Cegird).
- Elaboração de planos e protocolos de contingência, para testar e coordenar as comunidades frente aos diferentes desastres.
4) Reajuste para segurança pública
- Concessão de 12,49% de reajuste nos subsídios de servidores da Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Instituto-Geral de Perícias e Susepe.
- Correção será paga em três parcelas, em janeiro de 2025, outubro de 2025 e outubro de 2026.
- Abrange 69,5 mil vínculos, sendo 51% ativos, 48% inativos e 1% pensionistas.
5) Contratações temporárias
- Autorização para contratação de 2,5 mil funcionários temporários para auxiliar na reconstrução, além de 2.731 agentes para a Brigada Miitar e 300 para o Corpo de Bombeiros
- Desse contingente, 30% será contratado em outubro de 2024 e o restante em abril de 2025.
FONTE:
O que muda no projeto que trata das carreiras dos servidores
Demandas da área de segurança serão tratadas em proposta específica, a ser protocolada em 1º de agosto
Mais enxuto e livre de algumas polêmicas que poderiam inviabilizar a votação, um novo projeto com alterações nas carreiras dos servidores estaduais será protocolado nesta sexta-feira (26) na Assembleia Legislativa, para ser votado na próxima terça-feira (30).
O governo decidiu retirar os três projetos que estão na Assembleia e focar no das carreiras, sem alterar o índice de reajuste (três parcelas de 4%) nem incluir novas categorias entre os contemplados.
O governo concordou ainda em autorizar contratações emergenciais para o Corpo de Bombeiros Militar, que não estavam na proposta original.
De acordo com o líder do governo, Frederico Antunes (PP), o texto foi reescrito para ficar mais claro, com a supressão de tudo o que pudesse dar margem a interpretações dúbias.
Foi mantido o projeto que ratifica o estado de calamidade em Porto Alegre, Canoas e Bento Gonçalves. Já a proposta que trata da Agência de Regulação dos Serviços Delegados (Agergs) será tratada a partir de agosto, fora da convocação extraordinária.
Para contemplar as demandas da área de segurança pública, o governo se comprometeu a protocolar no dia 1º de agosto um projeto de lei complementar (PLC), com pedido de votação em regime de urgência.
Nesse projeto, será criado o adicional de sobreaviso, como já existe na Polícia Federal, para os policiais civis que ficam de prontidão para atender algum caso de emergência, não estando nos plantões. Também serão criadas funções gratificadas para cargos de chefia na Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Susepe.
O compromisso do governo é incluir no PLC a extinção do cargo de soldado de nível 3, que tem o pior salário. Essa medida atinge 9 mil PMs da ativa, que, na prática, terão acréscimo salarial para além dos 12,49% oferecidos aos demais servidores da área de segurança.
Novos reajustes salariais ficarão condicionados ao crescimento da receita.
FONTE: