O Brasil que anda de jatinho
O BRASIL QUE ANDA DE JATINHO
Amanda Gorziza, Eduardo Chaves e Renata Buono | 29ago2022
Mais jatinhos estão sendo vistos no céu. Em 2022, o Brasil registrou um aumento de 14% no número de voos da aviação de negócios em relação ao ano anterior. Na contramão dos voos comerciais, as movimentações da frota executiva superaram os números do período pré-pandemia. A aviação de negócios, também chamada de aviação geral, leva em conta todos os aviões e helicópteros registrados no país – à exceção da aviação militar, dos aviões de linha aérea e das aeronaves aerodesportivas. Viajar de jatinho custa caro: o que um passageiro gasta para ir de São Paulo a Miami num voo fretado pagaria 21 viagens de ida na classe econômica de uma companhia aérea. Para ser proprietário de uma aeronave, o bolso precisa ser ainda maior: o jato executivo mais vendido do mundo custa o mesmo que 703 carros. A maioria dos donos brasileiros de aviões a jato privados são homens e têm mais de 70 anos. O =igualdades desta semana faz um raio X na aviação de negócios do Brasil. Ao longo dos primeiros cinco meses de 2022, os pousos e decolagens somaram 153,1 mil, contra 134,9 mil ao longo do mesmo período em 2021. Ou seja, as movimentações aumentaram 14% em um ano. A Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) analisa os voos de 34 aeroportos no país. Em 2022, o Brasil registrou um aumento de 9% na frota de jatos executivos em relação ao ano anterior. Em todo o país, sessenta novos jatos foram integrados até abril deste ano, totalizando 749 jatinhos – eram 689 no mesmo período de 2021. Também houve um crescimento de 2,5% em relação à frota da aviação geral registrada em abril do ano passado. Hoje são 9.433 aeronaves e em abril de 2021 eram 9.163. Ao mesmo tempo que o número de movimentações da aviação de negócios voltou a aumentar após o primeiro ano de pandemia, em 2021, a aviação comercial continua abaixo dos resultados observados em 2019. A frota executiva realizou 281,3 mil pousos e decolagens em 2020, contra 466,2 mil voos feitos por companhias aéreas no mesmo ano. A maioria dos donos brasileiros de jatos privados são homens (98%) e tem mais de 70 anos (54%). Um levantamento feito pela consultoria norte-americana Wealth-X mostrou que, em 2021, o Brasil foi o segundo país com mais donos de aviões particulares no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. O Canadá está em terceiro lugar, seguido do México e da Alemanha. Em 2022, viajar de São Paulo ao Rio de Janeiro de jato compartilhado custa três vezes mais que ir num voo realizado por companhia aérea. Segundo a empresa Fly Flapper, custa R$ 1.500 para utilizar a aviação executiva. O voo comercial, por sua vez, tem o preço médio de R$ 527 por passageiro. De São Paulo a Miami, o jato fretado mais barato tem o valor de R$ 276 mil e possui sete assentos – custa R$ 39,4 mil por passageiro. Com o mesmo dinheiro, a pessoa conseguiria comprar 21 viagens de ida para novembro de 2022 na classe econômica de um voo comercial – a tarifa sai por R$ 1,8 mil reais. Em 2021, o jato executivo mais vendido do mundo custava US$ 10 milhões – na conversão atual, R$ 52,7 milhões. O Phenom 300 da empresa brasileira Embraer vale o mesmo valor que 703 carros da linha Gol 1.0 Flex, fabricado pela marca alemã Volkswagen. O veículo tem o valor aproximado de R$ 75 mil. Fontes: Abag; ANAC; Wealth-X/Altrata; Fly Flapper; Avianca Brasil; Embraer; Volkswagen